O Caminho da Beleza 36
Leituras para a
travessia da vida
“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente
diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo
tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma
beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).
“Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu
prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara,
1999, dias antes de sua passagem).
XVII Domingo do Tempo Comum 27.07.2014
1 Rs 3, 5.7-12 Rm 8, 28-30 Mt 13, 44-52
ESCUTAR
“O
Senhor apareceu a Salomão em sonho, durante a noite, e lhe disse: “Pede o que
desejas e eu te darei” (1 Rs 3, 5).
“Sabemos
que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8, 28).
“O
Reino de Deus é como um tesouro escondido no campo” (Mt 13, 44).
MEDITAR
“É do fundo da minha miséria
que toco Deus” (Simone Weil).
“Qual é o critério que permite
saber que você está com cristãos profundos e de coração? É quando eles choram
no momento em que você procura partilhar pela sua dimensão interior esta
alegria que é o divino” (Palavras do Alcorão).
ORAR
O Senhor mostra a sua delicadeza ao aparecer a
Salomão em sonhos. Quando dormimos não nos envergonhamos de nada e por esta
razão Salomão poderia ter pedido riquezas, êxitos, honras, amores múltiplos,
muitos anos de vida e o extermínio dos inimigos. Salomão, porém, se reconhece
frágil como um adolescente e pede um coração compreensivo. Não pede súditos
dóceis e submissos e o Senhor acaba por lhe conceder um coração sábio e
inteligente. Jesus nos previne que antes de sermos “doutores” em generalidades
é necessário nos fazermos discípulos para aprendermos os segredos do Reino. O
cristão é um homem de uma descoberta que traz alegria; da lucidez do valor que
é Cristo que nos liberta de tudo o que nos satisfaz muito facilmente e que o
discipulado do Cristo não é o da renuncia, mas o da escolha por Alguém que é o
rosto amado de Deus. Não somos pessoas que perdemos qualquer coisa, mas que
encontramos algo que vale mais do que uma vida. A experiência cristã há de ser
gozosa e não mortificante. Há um tesouro escondido no campo do nosso coração e
se nos tornarmos preguiçosos nos contentaremos em procurar fora dele e nos
saciarmos de espinhos e sarças. Para reconhecer a presença do Cristo no mais
íntimo de nós é necessário despojar a nossa inteligência da cólera e do
ressentimento. Jesus semeia em nós uma pergunta: será que não haverá na vida um
segredo que ainda não descobrimos? Este segredo é a alegria do encontro que nos
assombra com a ternura de Deus. Não podemos ficar encerrados numa prática
religiosa repetitiva e enfadonha que nos cega o coração e a mente e não nos
permite encontrar nenhum tesouro. É imprescindível vivermos abertos às
surpresas de Deus. Deus nos livre dos desafortunados, dos frustrados e
insatisfeitos que se comprazem em fazer os outros pagarem caro a esterilidade
da vida que não conseguiram. Deus nos livre dos que fingem tudo vender, como se
tivessem encontrado o tesouro, mas continuam com seus corações vazios de amor.
Deus nos livre dos que encontraram peixes bons na puxada da rede, deles se
apropriaram e insistiram em convencer os outros da não-podridão dos que
restaram. Finalmente, como reza São João da Cruz: “Deus nos livre de nós
mesmos!”.
CONTEMPLAR
Jesus na margem de Tiberíades, século
12, mosaico da Catedral de Monreale, Sicilia, Itália.
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