segunda-feira, 28 de julho de 2014

O Caminho da Beleza 37 - XVIII Domingo do Tempo Comum

O Caminho da Beleza 37
Leituras para a travessia da vida


“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).



XVIII Domingo do Tempo Comum                        03.08.2014
Is 55, 1-3                 Rm 8, 35.37-39                Mt 14, 13-21



ESCUTAR

“Ó vós todos que estais com sede, vinde às águas; vós que não tendes dinheiro, apressai-vos, vinde e comei, vinde comprar sem dinheiro, tomar vinho e leite sem nenhuma paga” (Is 55, 1).

“Quem nos separará do amor de Cristo? Tribulação? Angústia? Perseguição? Fome? Nudez? Perigo? Espada? Em tudo isso, somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou!”(Rm 8, 35.37).

“Todos comeram e ficaram satisfeitos, e, dos pedaços que sobraram, recolheram ainda dozes cestos cheios” (Mt 14, 20).



MEDITAR

“Essencialmente, o que caracteriza a partilha é o dom, que pressupõe um ato livre. A partilha não é calculada: há uma gratuidade total no gesto. Não só o autor do gesto o faz livremente como também o beneficiário permanece livre, livre em relação ao benfeitor” (Daniel Duigou).

“Amigo? Aí foi isso que eu entendi? Ah, não; amigo, para mim, é diferente. Não é um ajuste de um dar serviço ao outro, e receber, e saírem por este mundo, barganhando ajudas, ainda que sendo com o fazer a injustiça aos demais. Amigo, para mim, é só isto: é a pessoa com quem a gente gosta de conversar, do igual o igual, desarmado. O de que tira prazer de estar próximo. Só isto; quase; e todos sacrifícios. Ou – amigo – é que a gente seja, mas sem precisar de saber o por quê é que é” (Guimarães Rosa).



ORAR

O Senhor assegura o que é essencial para a vida e oferece seus dons sob o signo da gratuidade: “Vinde comprar sem dinheiro e tomar vinho e leite sem nenhuma paga”. O Senhor é gratuito, mas não supérfluo. Somos nós que o consideramos supérfluo, uma coisa a mais em nossa existência e que muito nos custa. Um Deus gratuito é sempre embaraçoso e até insuportável. Preferimos regatear, negociar com promessas, velas, tostões que comercializam as graças gratuitas do Pai. O Senhor nos indaga sempre o que queremos receber e não o que podemos dar. O único preço a pagar é o nosso desejo. Para Deus o dinheiro não interessa para nada, pois é ele que não nos permite viver na esperança. Dois eram os problemas mais angustiantes para os que viviam na Galileia: a fome e as dívidas que faziam que perdessem as suas terras. Jesus sofria por isso e quando ensinou seus discípulos a rezar incluiu o pedido do pão de cada dia e o perdão das dívidas. Para Jesus, o mundo novo nasceria do partilhar, mesmo que fosse pouco, e do perdão mútuo das dívidas. Jesus apela aos seus discípulos a serem responsáveis e não demissionários. Jesus antes de multiplicar os pães quer multiplicar os corações para que sintam a compaixão que Ele sente. A ternura do Cristo é um estímulo para vencer a aridez das relações numa sociedade cada vez mais mesquinha e egoísta. O cuidado com o outro e a delicadeza são profundamente cristãos. Milagre é se deixar comprometer com a situação do outro, comover-se com a dor alheia, sentir-se interpelado por suas necessidades e ser sensível com sua situação desesperadora. Jesus não se limita a pregar, pois para Ele a multidão não é um componente que mede a sua popularidade ou triunfo. Jesus assume a sua responsabilidade diante de todos e nos ensina que cada um de nós é responsável e encarregado da fome do outro: fome de pão, de amor, de amizade, de escuta e de justiça. O cristão é alguém que tem a ver com tudo o que afeta a todos. Para o cristão, nunca é chegada a hora de despedir, de mandar embora o mais próximo de nós, pois é sempre a hora de acolher, de prestar atenção e de se colocar à disposição. Terminada a pregação é chegado o momento da acolhida com as mãos estendidas. O cristão nunca tem as mãos fechadas porque sabe que ele jamais será alguém que despede. Para o cristão nunca existirá a hora da separação e da divisão, pois nada deve ou pode separá-lo do amor do próximo que é o próprio Cristo.



CONTEMPLAR

Pol-e Khomri, Steve McCurry, 1992, foto, Afaganistão, Phaidon Press Limited, 2001.






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