O Caminho da Beleza 01
Leituras para a travessia da vida
“O
conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente diversos aspectos:
conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo tempo, uma
‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma beleza que
atrai e apaixona’” (Francisco).
“Quando
recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha
íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não
deixe cair a profecia” (D.
Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
I Domingo de Advento 01.12.2013
Is 2, 1-5 Rm 13, 11-14 Mt 24, 37-44
ESCUTAR
“Ele há de julgar as nações e arguir numerosos povos; estes
transformarão suas espadas em arados e suas lanças em foices: não pegarão em
armas uns contra os outros e não mais travarão combate” (Is 2, 4).
“A noite já vai adiantada, o dia vem chegando: despojemo-nos das ações
das trevas e vistamos as armas da luz” (Rm 13, 12).
“Por isso, também vós ficai preparados! Porque, na hora em que menos
pensais, o Filho do homem virá” (Mt 24, 44).
MEDITAR
“Quando quer manifestar a sua vontade, Deus evita cuidadosamente as
pessoas que pertencem ao mundo religioso, refratárias e hostis a qualquer
novidade que venha perturbar as seguranças delas, e escolhe simplesmente ‘um
homem’, sem qualquer outro título a não ser o de pertencer à humanidade”
(Alberto Maggi).
“A esperança não é a convicção de que alguma coisa acabará bem, mas a
certeza de que alguma coisa tem sentido, independentemente do modo como acabar”
(Vaclav Havel).
ORAR
Nestes tempos
de Advento, somos chamados a despertar do sonambulismo, da indiferença e da
insensibilidade. O papa Francisco nos questiona: “Onde estamos nós ancorados,
cada um de nós? Estamos ancorados precisamente na margem daquele oceano tão
distante ou estamos ancorados num lago artificial que nós construímos com as
nossas regras, os nossos comportamentos, os nossos horários, os nossos
clericalismos, as nossas atitudes eclesiásticas e não eclesiais? Estamos
ancorados ali? Tudo cômodo, tudo seguro? Aquilo não é a esperança.” A
enfermidade do sonambulismo, como uma epidemia, tem afetado as igrejas em todos
os lugares e tempos. O Cristo está no meio de nós e, sem temor, devemos
permanecer perto da sua vinda: “Não é necessário atravessar mares, penetrar
nuvens ou transpor montanhas; não é um caminho muito longo que nos é proposto:
basta entrarmos em nós mesmos para correr ao encontro do nosso Deus” (Bernardo
de Claraval). As igrejas devem se desinstalar, pois a espera do Senhor não é um
plácido repouso, mas uma transformação. A espera do Senhor é um desenraizamento
que nos faz ver mais longe e o horizonte para o qual avançamos é atual. O tempo
do Advento se abre com a urgência de um despertar e de um colocar-se a caminho.
Como no dilúvio, somos impotentes para ler os sinais dos tempos e nos aferramos
ao ramerrão do cotidiano: “Pois, nos dias antes do dilúvio, todos comiam e
bebiam, casavam-se e se davam em casamento, até o dia em que Noé entrou na
arca”. Temos nos condenado a um frenético ativismo e concentramos nossas forças
para conquistar uma eficiência administrativa em que se entrelaçam negócios e
apostolados, poder e religião, num escapismo que nos leva a não dar conta de
nada. Tudo isto aponta para um estado de não vigilância que desemboca numa
agitação mundana sinalizada pelo arrivismo, pelas disputas internas, pelas
invejas e pelas mesquinharias. É o momento de nos darmos conta de que o tempo
de Deus penetrou no tempo dos homens e que este instante é um instante eterno.
E o que importa é o agora e a grande
ocasião que não podemos perder é a de hoje.
Meditemos o canto do salmista: “Pois ele é o nosso Deus e nós o seu povo, o
rebanho do seu aprisco. Oxalá lhes deis atenção hoje” (Sl 95, 7).
CONTEMPLAR
O sol no ventre,
Arcabas (Jean-Marie Pirot), 1984, óleo sobre arcadas 660 g., 112 x 56 cm,
coleção particular, França.