O Caminho da Beleza 50
Leituras para a travessia da vida
“A
beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de
nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus
porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca
do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando
recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha
íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não
deixe cair a profecia” (D.
Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
Festa de Todos os Santos 03.01.2013
Ap 7, 2-4.9-14 1 Jo 3, 1-3 Mt 5, 1-12
ESCUTAR
“Depois disso, vi uma multidão imensa de gente de todas as nações,
tribos, povos e línguas, e que ninguém podia contar” (Ap 7, 9).
“Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: de sermos chamados
filhos de Deus. E nós o somos” (1 Jo 3, 1).
“Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos
céus” (Mt 5, 12).
MEDITAR
"Há momentos em que até os Santos duvidam de
tudo, de seu amor e de Deus. Nenhuma luz é entregue sem que haja noite, Cristo
carregou em uma só noite de angústia e dúvida (‘Pai, por que me abandonaste?’)
todas as nossas noites escuras”(Emmanuel Mounier).
“Tristeza é aboio de chamar o demônio” (Guimarães Rosa).
ORAR
Hoje é a festa da santidade anônima, porque hoje
celebramos a imprevisibilidade do Espírito. Hoje somos chamados a, mais do que
contar, a imaginar, aquela multidão que causará as surpresas mais incríveis: “Quem
são estes... de onde vieram?”. Nunca é demais lembrar que o excesso até o
infinito é a única medida que o amor de Deus adota, pois Ele prefere, mais do
que a rígida aritmética dos números, a abundância da poesia dos rostos e a música
dos nomes. O evangelho revela o segredo último da santidade: a alegria. O santo
não é alguém sombrio, triste, com os olhos baixos, o ar severo, o sorriso
difícil. O santo, ao contrário, é um candidato à alegria, pois somente na
alegria se pode “suportar” o peso da glória. Se não formos capazes de nos
alegrar e exultar, em qualquer circunstância da vida, não somos talhados para a
santidade. Existe uma incompatibilidade absoluta entre a santidade e a
tristeza. Os santos não vivem nas nuvens, mas caminham ao largo das nossas
estradas, levam uma vida ordinária como a nossa, com as mesmas dificuldades,
esforços, cansaços, problemas. Hoje é a festa da santidade ordinária, da
santidade comum e da santidade que está ao nosso alcance. Nesta festa, a
presença e a participação na comunhão dos santos transfiguram a ausência e a
tristeza da lembrança dos mortos numa grande força espiritual: a do amor que
nos consagra à vida e que nos desvela a fecundidade sem limites da misericórdia
do Senhor, um Deus dos vivos e não dos mortos. Os cristãos proclamam que o
Corpo da Humanidade, feito de seus corpos mortais, sepultados, esmagados e
desfigurados, tornar-se-á o Corpo Glorioso de Jesus, o Filho em que habita a
plenitude e, por esta razão, a esperança que os habita e sustenta não é vã.
Viver na comunhão dos santos é conhecer a extensão de cada gesto de amor e de
solidariedade; é acreditar na dimensão cósmica da nossa menor atitude, que faz
vibrar no mesmo acorde toda a Criação. É saber que pelo amor conseguido participamos
na vida da Trindade e, em Jesus, na intimidade do Pai, deixando-nos conduzir
pelo Espírito da Liberdade. É saber que a nossa prática amorosa, como a de
Jesus, tem um alcance salvador para toda a humanidade, esta imensidão de gente
de todas as nações, tribos, povos e línguas que estará, para sempre, aninhada
no coração de Deus.
CONTEMPLAR
Bem Aventurados os pobres de espírito... Bem Aventurados os dóceis...
Bem Aventurados os perseguidos... Bem Aventurados os misericordiosos...,
Salvador Dali, Coleção “Biblia Sacra”, Canto III/43, Sociedade Rizzoli, Milão, Itália, 1967.