O Caminho da Beleza 43
Leituras para a travessia da vida
“A beleza é a
grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os
frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como
Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo”
(Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando recebia
tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima
alegria” (Jr 15, 16).
“Não deixe
cair a profecia” (D. Hélder Câmara,
1999, dias antes de sua passagem).
XXIV Domingo do Tempo Comum 15.09.2013
Ex 32, 7-11. 13-14 1
Tm 1, 12-17 Lc 15,
1-32
ESCUTAR
“Vejo que este é um
povo de cabeça dura” (Ex 32, 9).
“Por isso encontrei
misericórdia, para que em mim, como primeiro, Cristo Jesus demonstrasse toda a
grandeza de seu coração” (1 Tm 1, 16).
“Haverá no céu mais
alegria por um só pecador que se converte do que por noventa e nove justos que
não precisam de conversão” (Lc 15, 7).
MEDITAR
“Porque Deus não é
assim como vocês o vêem, tomados de medo. Deus é totalmente diferente. Deus não
quer a morte de vocês. Deus não quer ser o caçador de vocês. Deus não quer
vingar as suas culpas. Todas as culpas, afinal, provêm de seu medo, do seu
desamparo e desespero. Deus sabe disso” (Eugen Drewermann).
“Compaixão significa
justiça (...). Compaixão é onde a paz e a justiça se beijam” (Mestre Eckhart).
ORAR
A
palavra misericórdia significa ter o
próprio coração (cor) próximo aos
pobres (miseri). Nestes nossos tempos
de egolatria, as palavras misericórdia e
compaixão passaram da moda e soam aos
ouvidos de muitos como palavras sentimentais. “A misericórdia é a revelação da
transcendência de Deus além de todo o humano e além de tudo o que é humanamente
calculável”, diz o Cardeal Walter Kaspers. Na sua misericórdia, Deus se revela
como o totalmente Outro e, ao mesmo tempo, paradoxalmente, como o totalmente próximo
a nós. O evangelho desvela o verdadeiro rosto do Pai – um rosto materno – e sua
incurável debilidade diante do filho “pecador” arrependido. O filho mais velho,
ainda que não tivesse deixado a casa paterna, está distante da ternura do pai.
Sua fidelidade é puramente formal; sua obediência está privada de alegria e de
amor; seu coração é mesquinho e ele se recusa a abandonar seus esquemas
rígidos. A verdadeira traição é a daquele que permanece sem dar o passo
decisivo: ultrapassar a soleira da porta e penetrar no centro da casa onde está
o coração do pai. Este coração, que recupera o filho por meio da nostalgia, do
desejo, da espera vigilante e trepidante: “Correu-lhe ao encontro, abraçou-o e
o cobriu de beijos”. Somos convidados a participar da festa final, caso
contrário, faremos como o filho mais velho que com o seu coração ressequido
interrompe a festa, os bailes, a música e o banquete. Como um diligente
executor de ordens, não suporta a alegria e azeda a vida de todos os que estão
disponíveis para a alegria e a ternura. Ele desafina a partitura paterna da
sinfonia da misericórdia com uma nota que tem o poder de estragar a sua harmonia
e suspender a sua execução. A música só voltará a tocar se ele, o distante,
passar pela soleira da porta e entrar na festa. Será que terá esta
magnanimidade?
CONTEMPLAR
Retorno do Filho
Pródigo, Pompeo
Batoni, 1773, óleo sobre tela, 138 x 100,5 cm, Kunsthistorisches Museum, Viena,
Áustria.
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