terça-feira, 10 de abril de 2012

O Caminho da Beleza 21 - II Domingo da Páscoa

O Caminho da Beleza 21
Leituras para a travessia da vida


A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).



II Domingo da Páscoa              15.04.2012
At 4, 32-35              1 Jo 5, 1-6                Jo 20, 19-31


ESCUTAR

“Entre eles ninguém passava necessidade, pois aqueles que possuíam terras ou casas vendiam-nas, levavam o dinheiro e o colocavam aos pés dos apóstolos” (At 4, 34-35)

“Todo o que nasceu de Deus vence o mundo. E esta é a vitória que venceu o mundo: a nossa fé” (1 Jo 5, 4).

“Jesus realizou muitos outros sinais diante dos discípulos, que não estão escritos neste livro. Mas estes foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome” (Jo 20, 30-31).


MEDITAR

“Se você embarcar no trem errado, não adianta correr pelo corredor na direção oposta” (Dietrich Bonhoeffer).

“A Palavra está ao teu alcance, em teu coração e em tua boca para que a pratiques: mais que próxima, está em nós, entre nós e nasce de nós. É a forma suprema do amor de Deus por nós” (Cardeal Lustiger).


ORAR

O evangelista João escreve o necessário e o sumamente eficaz para o nosso crer. João traça um itinerário para a adesão a Alguém em que podemos confiar e estabelecer uma relação profunda. A fé, para João, é um itinerário a ser perseguido e não um objeto a ser apropriado.  Confiar (e não acreditar) é a melhor expressão para definir a fé. Neste itinerário teremos cansaços, dúvidas, incertezas, obscuridades, mas muitas novidades e surpresas que são como raios de luz. O cristão não “tem fé” como qualquer coisa que se compre em lojas ou butiques religiosas porque os cristãos são homens e mulheres que produzem e amadurecem relações pessoais entre si e porque acreditam em Jesus e com Ele também estabelecem relações pessoais. Deus é um segredo único que devemos descobrir de uma maneira única. A fé cristã implica uma relação pessoal com Deus e devemos estar conscientes de que quando oramos “Pai Nosso” este Deus de todos é, ao mesmo tempo, o “Meu Pai”, o Deus de cada um de nós, e a Ele estamos unidos no nosso mais íntimo mistério que só Ele conhece absolutamente. Jesus é incisivo com Tomé: “Não sejas incrédulo, mas crente!”. O evangelista responde a todas as indagações do “que fazer”: “Crer!” (Jo 6, 28-29). Neste itinerário do crer se resumem todas as bem-aventuranças: “Felizes os que creram” (Jo 20, 29). Para o cristão, crer tem tudo a ver com viver e a fé se une com o amor criando a liturgia da vida cotidiana como uma permanente ação de graças com o Pai, pelo Filho, no Espírito. Somos chamados à comunhão fraterna numa vida de filhos e de irmãos, pois o amor aos outros é o prolongamento do amor de Deus a nós e em nós. A fé pascal não é fruto de uma exaltação religiosa barata, mas uma vitória de Jesus Ressuscitado sobre as dúvidas que paralisaram seus discípulos e podem paralisar os que o seguem. O evangelho de hoje reitera que a assembleia litúrgica é a maior manifestação da comunidade cristã, uma vez que é nela que o Cristo vem, fica no meio de nós, oferece-nos a paz e nos dá o Espírito Santo. Tomé, isolado e ausente da comunidade, não recebeu o Espírito Santo e se colocou à margem da única e essencial missão: remir os pecados, perdoar em nome de Deus e reconciliar todos os homens, filhos de Deus e irmãos entre si. A comunidade fraterna nos faz “ver” o Ressuscitado e receber Dele, a cada novo domingo, a paz necessária para continuar a travessia. Como os apóstolos que tiveram as suas vidas reviradas pelo avesso, também nós, pelo ato de crer, tornamo-nos peregrinos e anunciadores do Reino de Deus e da Vida Eterna. O Ressuscitado irrompe na vida de cada um de nós e se torna mais radiante quando somos capazes de reconhecê-Lo em cada irmão e irmã que encontramos ao largo do caminho. Somente a vida em comunhão nos livra do medo da morte, do arrivismo e do oportunismo político e religioso. Somos convidados a nos libertar da obsessão pelas coisas, da propriedade dos objetos e exorcizar do nosso coração o verbo “ter”. A Páscoa gera a fé e a fé gera o amor. E assim vamos descobrindo este Espírito em nós que revela a dimensão única de “ser” na liberdade da doação de si, que nos traz a paz e nos cumula de ternura e de amor.


CONTEMPLAR

A incredulidade de São Tomé, Matthias Stomer, c. 1620, óleo sobre tela, 125 cm x 99 cm, Museu do Prado, Espanha.






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