terça-feira, 13 de março de 2012

O Caminho da Beleza 17 - IV Domingo da Quaresma

O Caminho da Beleza 17

Leituras para a travessia da vida





A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).




Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).







IV Domingo da Quaresma                  18.03.2012

2 Cr 36, 14-16.19-23                    Ef 2, 4-10                Jo 3, 14-21



ESCUTAR

“Mas eles zombavam dos enviados de Deus, desprezavam as suas palavras, até que o furor do Senhor se levantou contra o seu povo e não houve mais remédio” (2 Cr 36, 16).

“Irmãos, Deus é rico em misericórdia. Por causa do grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos por causa das nossas faltas, ele nos deu a vida com Cristo. É por graça que vós sois salvos!” (Ef 2, 4-5).

“O julgamento é este: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas ações eram más. Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, para que suas ações não sejam denunciadas” (Jo 3, 19-20).



MEDITAR

“Ó Deus, cedo de manhã, clamo a ti. Auxilie-me a orar e a pensar somente em ti. Sozinho não posso fazê-lo. Em mim há escuridão, mas em ti há luz. Eu estou só, mas tu não me abandonas. Eu estou inquieto, mas em ti há paz. Em mim há amargura, mas em ti há paciência. Teus caminhos são incompreensíveis, mas tu conheces o caminho para mim” (Dietrich Bonhoeffer, Oração de Natal, prisão de Tegel, 1943).

“Só existem dois instantes de nudez e de pureza perfeitas na vida humana: o nascimento e a morte. Só se pode adorar a Deus sob a forma humana, sem macular a divindade, como recém-nascido e como agonizante” (Simone Weil, A gravidade e a graça).



ORAR

Nicodemos é um judeu notável que vai de noite ao encontro de Jesus por medo de se comprometer e sofrer pressões. Nicodemos faz o caminho da noite à luz e sai das suas próprias trevas quando Jesus declara que ele precisava nascer de novo, ainda que fosse avançado em idade. Na trajetória cristã se dá a mesma coisa: há um momento em que devemos nos calar para que, ao ouvir a Palavra, paremos com as discussões, com as perguntas petulantes e nos aproximemos do que devemos acreditar e que nos conduz a uma decisão comprometedora. O ponto alto da nossa fé está no versículo dezesseis deste evangelho joanino: “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho Único!”. Tantas vezes quando falamos de crer nos vêm à mente uma lista de dogmas aos quais devemos aderir, mas o cristão de fato acredita, sobretudo, de que o amor de Deus foi manifestado no dom do Filho. Quem acredita tem fé, principalmente, no amor: Deus ama o mundo, ama todos os homens e mulheres e ama cada um de nós. E este amor divino manifestado por Cristo é testemunhado por Ele na Cruz. A cruz de Jesus fala de um amor derrotado e, ao mesmo tempo, vitorioso; de um amor humilhado, mas circundado de glória; de um amor traído, mas fiel. Não podemos esquecer que foi um justo a quem crucificaram. A exaltação do Cristo se dá num solo infame e, apesar disto, é a manifestação de um único poder, o do amor. Este dom carrega sempre em seu bojo uma crise: pode ser aceito ou rejeitado. O julgamento acontece no aqui e agora da terra e somos nós que nos julgamos e nos colocamos numa situação de salvação ou de condenação diante da decisão que assumimos frente ao amor manifestado por Jesus. Os homens odeiam a luz e preferem as trevas, mas Deus, na sua liberdade de amar, faz despontar a salvação de onde menos se espera. Sempre existe alguém que chega de longe e que reconstrói o que foi profanado pelos “infiéis” da própria casa. Sempre um pagão pode ser eleito por Deus para ser sinal e instrumento de seu amor que não falha. Os homens constroem por suas próprias mãos as ruínas, mas são incapazes de reconstruir o que destruíram. A salvação é um dom gratuito e exclusivo de Deus e cabe a nós distribuir ao menos alguma migalha de bondade tirada do tesouro inesgotável deste Deus “rico em misericórdia”. Devemos proclamar, como cristãos, que sobre o pecado e o mal do mundo resplandece sempre a luz da misericórdia de Deus. É da luz que nasce a nova humanidade que ama a luz e age conforme a verdade. Celebrar a Páscoa é celebrar a esperança na misericórdia divina: “Afastai de vós toda amargura, paixão, cólera, gritos, insultos e qualquer tipo de maldade. Sede amáveis e compassivos uns para com os outros. Perdoai-vos, como Deus vos perdoou em atenção a Cristo” (Ef 4, 31-32). Como Igreja devemos testemunhar que Jesus, o Cristo, não é apenas um Messias reformador das instituições religiosas, mas o doador da vida e da liberdade que acredita em todas as possibilidades humanas e é solidário com elas. Jesus espera que sejamos capazes de sujar de Vida todos os olhos claros de Morte.



CONTEMPLAR

A Sombra da Crucifixão, Daniel Bonnell, s.d., óleo crayon, 11” x 14”, Georgia, Estados Unidos.









Um comentário:

  1. Muito lindo o sermão. Sair das trevas para encontrar a luz é mesmo o único caminho, sempre!

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