O Caminho da Beleza 12
Leituras para a travessia da vida
“A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
VI Domingo do Tempo Comum 12.02.2012
Lv 13, 1-2, 44-46 1 Cor 10, 31-11, 1 Mc 1, 40-45
ESCUTAR
“Durante todo o tempo em que estiver leproso será impuro; e, sendo impuro, deve ficar isolado e morar fora do acampamento” (Lv 13, 46).
“Quer comais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1 Cor 10, 31).
“Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele, e disse: ‘Eu quero: fica curado!’. No mesmo instante a lepra desapareceu e ele ficou curado” (Mc 1, 40-42).
MEDITAR
“O que importa é a nossa resposta ao que devemos ser, ao apelo interior à perfeição. Não se trata de qualquer perfeição, de uma perfeição no plano do conhecimento, do poder, das aparências, da realização, mas nesta perfeição que nos torna verdadeiramente homens, verdadeiramente cristãos” (Paulo VI).
“Sorrir para alguém que está triste; visitar, nem que seja por alguns minutos, uma pessoa isolada; cobrir com nosso guarda-chuva alguém que caminha sob a chuva; ler alguma coisa para um cego: tudo isto pode não passar de pequenas atenções, mas bastam para dar aos pobres uma expressão concreta do nosso amor de Deus” (Madre Teresa de Calcutá).
ORAR
Jó define a lepra como a “primogênita da morte” (Jó 18, 13). De fato, os leprosos eram considerados como mortos e a sua cura eventual suscitaria o mesmo efeito de uma ressurreição da morte. O corpo do leproso é intocável não só por questão de higiene, mas pela simples razão de que ele é um cadáver e tocá-lo desencadearia uma impureza que impediria a participação nos atos religiosos da comunidade. Neste evangelho, o leproso desafia todas as normas, transgride a lei, aproximando-se de Jesus, mas coloca-se de joelhos a sua frente. Jesus é movido pela compaixão até as entranhas e transborda de ternura. Jesus toca o leproso e reafirma a transgressão iniciada por ele. Ele quer limpar o mundo dos estigmas e das exclusões que atentam contra a compaixão do seu Pai. E paga caro por esta atitude: não pode entrar mais abertamente nas cidades, é forçado a ficar nos lugares desertos. Jesus viverá a situação que antes era a do leproso para cumprir a profecia: “E nós, nós o considerávamos como um leproso, ferido de Deus e afligido” (Is 53, 4b). Jesus se revela como a própria presença de Deus que destrói toda a falsa barreira legalista. É Aquele que rompe as fronteiras, derruba os muros seculares da separação, ultrapassa os preconceitos e aniquila as discriminações sociais e religiosas. A dor é o campo dramático em que se arrisca a fé: ou ela se cumpre ou se nega. Jesus está sempre presente nesta linha de fronteira da existência humana, nesta situação-limite em que a compaixão deve falar mais alto. Ele não conhece a hesitação dos puritanos nem o egoísmo dos bem situados e bem pensantes. Ele nos faz saber que onde está a dor devem estar presentes, sobretudo, os que O seguem. Nós, os cristãos, tantas vezes criamos “os leprosos”: os que não se comportam como as nossas idéias, os que nos incomodam e se tornam inoportunos. Quantos “leprosos” excluídos, escorraçados, ignorados, condenados ao isolamento no cenário teatral das nossas famílias, religiões e igrejas. A celebração litúrgica deve ser interrompida quando existir discriminações e exclusões nas nossas comunidades, caso contrário continuaremos a festa em honra ao Cristo enquanto Ele, mais uma vez, está condenado a morrer extra muros. Como o Jesus Leproso, devemos encarnar o Servo Sofredor e irradiarmos o Espírito de gratuidade e compaixão para sermos coparticipantes da Paixão e Ressurreição de Jesus “completando na nossa carne o que falta às tribulações de Cristo em favor do seu corpo que é a Igreja” (Cl 1, 24).
CONTEMPLAR
Cura do leproso, mosaico, século XIII, Catedral de Monreale, Palermo, Sicília, Itália.
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