segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O Caminho da Beleza 51 - Festa de Todos os Santos e Santas

O Caminho da Beleza 51
Leituras para a travessia da vida


A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).



Festa de Todos os Santos e Santas              06.11.2011
Ap 7, 2-4.9-14                    1 Jo 3, 1-3                Mt 5, 1-12


ESCUTAR

“Esses são os que vieram da grande tribulação. Lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do Cordeiro” (Ap 7, 14).

“Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos!” (1 Jo 3, 1).

“Bem-aventurados... Alegrai e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus” (Mt 5, 3.12).


MEDITAR

“Em Deus Pai nós contemplamos um amor proveniente, sem limites de espaço nem de tempo. O universo e a história estão repletos dos seus dons. Todas as realidades e todos os acontecimentos estão envolvidos pelo seu amor” (Diálogo e Missão, 22).

“Jesus oferece uma visão surpreendentemente nova de Deus: apresenta-nos um Deus que não pede sacrifícios, Ele se sacrifica por nós; não pede oferendas, Ele oferece a própria vida; não tira o pão da boca dos pobres, Ele se torna pão para saciar multidões” (Alberto Maggi).

“A ortodoxia cristã se reveste não de eficácia, nem de obras quantificáveis, mas de sinais de pobreza do próprio Deus: encarnação, cruz e eucaristia. A pobreza é a verdadeira aparição divina da verdade” (J. Ratzinger).


ORAR
A festa de Todos os Santos e Santas é uma festa na qual não cabem nem números e nem nomes. É uma festa da santidade anônima, pois todos participam, de maneira distinta, da mesma santidade de Deus: uma santidade verdadeira que é, ao mesmo tempo, extraordinária e normal; excepcional e cotidiana. Nenhum santo falou de si mesmo nem se ofereceu como espetáculo e muito menos se exibiu à luz dos refletores. A santidade não é outra coisa do que o sinal inequívoco das pegadas de Deus na vida de uma pessoa. Todos os santos continuam a atravessar o nosso caminho, a circular nas ruas e becos por onde passamos ou nos escondemos e cabe a nós buscar neles o rosto de Deus ou, ao menos, o seu reflexo. Os santos e santas não pertencem a outro mundo, mas são cidadãos do mundo; são homens e mulheres comuns que não levam auréolas em suas cabeças, mas carregam nelas seus problemas, suas dúvidas e suas angústias, como todos nós. Habitualmente não flutuam no ar, mas têm pernas e pés doloridos como os nossos. São os que foram tocados pelo amor de Deus e o respondem pela entrega total de suas vidas a este amor, pois a santidade é inserir-se numa travessia de amor sem dela jamais sair. O teólogo von Balthasar afirma que “ser santo é suportar o olhar de Deus”.  A pobreza e a humildade são elementos vitais na vida dos santos, pois não pode haver nada mais sublime do que a humildade e nada mais rico do que a pobreza consentida. No livro de Atos, Pedro restaura no paralítico a imagem de Deus e se não pode dar a pequena moeda que lhe fora pedida, deu, generosamente, a graça divina para em seguida curar o coração de milhares, “concedendo-lhes a fé (At 4, 4). O Papa Bento XVI exorta: “O amor de Deus não quer estar isolado em si mesmo, mas difundir-se” (Encontro com os Católicos comprometidos na Igreja e na Sociedade, no Konzerthaus, Friburg, 25.09.2011). A santidade não é um luxo, mas a condição vital do ser cristão que espera impacientemente para nascer. A santidade, mais que um dom, é uma possibilidade oferecida a todos. O Papa Bento XVI reitera: “A Igreja abre-se ao mundo, não para obter a adesão dos homens a uma instituição com suas próprias pretensões de poder, mas sim para os fazer reentrar em si mesmos e, deste modo, conduzi-los a Deus, Àquele de Quem cada pessoa pode afirmar como Agostinho: ‘Ele é mais interior do que aquilo que eu tenho de mais íntimo’(Confissões III 6, 11)”. Os santos e santas, de todas as religiões, pertencem a Deus, são conduzidos pela liberdade do seu Espírito e sabem que a habitação do Senhor está onde a comunidade fraterna se constituir. Mestre Eckhart proclamava: “Para a pessoa que sabe, Deus está em todos os caminhos”. Nesta Festa de Todos os Santos, os bem-aventurados, meditemos as palavras do místico Rumi: “Para os que amam, mulçumano, judeu ou cristão não existem. Para os que amam, fé e incredulidade não existem. Para os que amam, corpo, mente, coração e alma não existem. Para que escutar aqueles que não veem assim a situação? Se eles não amam, seus olhos não existem”.


CONTEMPLAR

Todos os Santos I, Wassily Kandinski, 1911, óleo sobre tela, 50 x 64,5 cm, Städtische Galerie in Lenbach, Munique, Alemanha.







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