terça-feira, 11 de outubro de 2011

O Caminho da Beleza 48 - XXIX Domingo do Tempo Comum

O Caminho da Beleza 48
Leituras para a travessia da vida


A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).



XXIX Domingo do Tempo Comum             16.10.2011
Is 45, 1.4-6              1 Ts 1, 1-5                Mt 22, 15-21



ESCUTAR

“Isto diz o Senhor sobre Ciro, seu ungido: Armei-te guerreiro, sem me reconheceres, para que todos saibam, do oriente ao ocidente, que fora de mim outro não existe” (Is 45, 1.5).

“Damos graças a Deus por todos vós, lembrando-vos sempre em nossas orações. Diante de Deus, nosso Pai, recordamos sem cessar a atuação da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Ts 1,2-3).

“Os fariseus fizeram um plano para apanhar Jesus em alguma palavra. ‘Dize-nos, pois, o que pensas: é lícito ou não pagar imposto a César?’ Jesus percebeu a maldade deles e disse: ‘Hipócritas! Por que me preparais uma armadilha?’” (Mt 22, 15.17-18).



MEDITAR

“O Reino de Cristo é anunciado quando o ser humano é liberado do que o oprime: o dinheiro e o desprezo. O ser humano torna-se livre quando o poder se faz serviço; quando a partilha e a solidariedade tornam-se os novos modos de viver em sociedade e na Igreja” (D. Bernard Hubert).

“A Igreja, conscientemente, deve renunciar aos privilégios, que em lugar de favorecer a sua tarefa, se constituem um empecilho. O silêncio e a acomodação seriam, em muitos casos, o modo mais fácil de angariar simpatias e proteção” (CNBB, 1972).



ORAR

            O profeta revela o paradoxo representado por Ciro, o rei da Pérsia. Deus confere o título de cristo/ungido a alguém que nem O conhecia. Deus surpreende quando um não-crente, sem etiquetas religiosas, é chamado para realizar as Suas obras. Os judeus haviam buscado a segurança ao estreitar as alianças, ao fazer pactos com os poderosos de plantão e acabaram por esquecer que a segurança estava garantida, unicamente, pela fidelidade ao Senhor. Os pactos espúrios não impedem a ruína, ao contrário, causam-na mais cedo ou mais tarde.
            A salvação chega, inesperada, pelo novo e incrédulo rei da Pérsia e graças a ele, os judeus podem voltar a sua terra e, deste modo, o rei se converte, sem saber, em servo do Senhor. Na lógica de Deus, os inimigos podem se tornar nossos verdadeiros benfeitores: o édito de Ciro convence mais do que o de Constantino que, com suas concessões privilegiadas para a Igreja, subtraiu-nos, até hoje, o essencial da autenticidade evangélica.
            A armadilha dos fariseus contra Jesus parecia perfeita. Caso respondesse negativamente poderia causar uma rebelião contra Roma; caso aceitasse o tributo seria desacreditado pelos que viviam na miséria por causa dos impostos.
            Jesus pede para ver a moeda do tributo e expõe os seus interlocutores a um flagrante delito: dentro do Templo tiveram que mostrar a moeda de prata com a inscrição: “Tibério César, filho do divino Augusto, augusto”. Os judeus piedosos, tidos como escrupulosos, ao portarem nos lugares santos estas moedas, reconheciam a dominação romana e pagavam com elas suas taxas e impostos. A questão colocada por eles para Jesus se revelava, portanto, sem valor e uma pura hipocrisia.
            Ao lhe perguntarem sobre os direitos de César, Jesus responde reafirmando os direitos de Deus. A moeda continha a imagem do imperador, mas o ser humano é a “imagem de Deus” e por esta razão nunca poderá ser submetido a nenhum poder imperial. Os pobres são os diletos de Deus, o Reino lhes pertence, e, por isso, não se pode abusar deles. A face da moeda de Deus é o rosto do pobre.
            Jesus não afirma que uma metade da vida, a material, pertence à esfera de César e que a outra metade, a espiritual, à esfera de Deus. Jesus diz que se entramos no Reino não devemos consentir que nenhum César submeta aqueles que só a Deus pertencem: os famintos do mundo, os abandonados e os proscritos das cidades.
 Jesus exige uma afirmação de princípios que pode nos conduzir a uma permanente perda de poder institucional político e religioso. Não devemos esquecer que aquele que não perseverou nos princípios de Jesus foi o mais revolucionário dos apóstolos e o mais comprometido com o movimento de libertação do Império Romano: o zelota Judas Iscariotes. Ele é quem trai ganhando trinta moedas dos que sempre se locupletaram com o poder romano.
Guardemos em nossos corações o que escreveu Emmanuel Mounier: “O homem só se torna homem quando é capaz de defender e viver com princípios que valem mais do que uma vida”.



CONTEMPLAR

Cristo della moneta (detalhe), Tiziano Vecellio, 1516 c., óleo sobre tábua, 75 x 56 cm, Gemäldegalerie Alter Meister, Dresden, Alemanha.







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