O Caminho da Beleza 49
Leituras para a travessia da vida
“A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
XXX Domingo do Tempo Comum 23.10.2011
Ex 22, 20-26 1 Ts 1,5-10 Mt 22, 34-40
ESCUTAR
“Não oprimas nem maltrates o estrangeiro, pois vós fostes estrangeiros na terra do Egito. Não façais mal algum à viúva nem ao órfão. Se o maltratardes, gritarão por mim e eu ouvirei o seu clamor” (Ex 22, 20-21).
“Irmãos, sabeis de que maneira procedemos entre vós, para vosso bem. E vós nos tornastes imitadores nossos e do Senhor, acolhendo a palavra com alegria do Espírito Santo, apesar de tantas tribulações” (1 Ts 1, 5-6).
“Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?” (Mt 22, 36).
MEDITAR
“A fé é a luz interior que nos mostra nosso fim último e ilumina o caminho e nele nos conduz. A esperança alimenta na alma o desejo de atingir este fim, pois Deus nos garante o seu eficaz socorro. A caridade é o impulso irresistível da alma para se entregar em Seus braços e para possuí-Lo como seu próprio para todo tempo e a eternidade. Toda a perfeição cristã repousa sobre este triplo fundamento” (Cardeal Schüster).
“Amar é amar” (Guimarães Rosa).
ORAR
Jesus era estranho ao fazer suas operações matemáticas. Quando tinha que multiplicar, dividia; para obter maiores resultados dizia: “Deixa, corta, perde, etc”. No judaísmo, existiam 613 preceitos dos quais 365 começavam com “Não” e os demais 248 com “Deves”. Jesus, ao ser provocado pelo doutor da Lei, soma todos os preceitos e os reduz a dois, ou melhor, a um, pois o amor de Deus e ao próximo são a mesma coisa e formam um único bloco.
Jesus nos aponta o essencial ainda que continuemos, compulsivamente, a discutir os inúmeros preceitos que criamos. Enveredamo-nos em tormentos, remorsos, acusações detalhadas e afirmações absolutas do que é lícito ou não. Acabamos por colocar no centro da nossa vida o que não está no Evangelho e nos perdemos em minúcias ao perder o sentido da vida.
Esta soma simplificada de Jesus, muitas vezes, é indigesta e, recusando o essencial, não aprendemos que o rosto do irmão torna-se um só e um mesmo rosto com o Pai. Jesus não oferece números, nem preceitos, mas rostos, presenças e duas relações vitais. Ele está impaciente para que saibamos, de uma vez por todas, que é preciso descobrir alguém para amar e somente conseguiremos isto se deixarmos de nos entreter com os números, sobretudo, os mais altos.
O mandamento é o primeiro porque dá sentido aos outros e sem ele todas as práticas, observâncias e tributos religiosos estão privados de significado e de valor. O mandamento é o primeiro não por encabeçar a lista, mas porque está no centro e no coração da vida e “onde está nosso tesouro aí está o nosso coração” (Mt 6, 21).
A novidade do Cristo é a de haver somado dois mandamentos, unindo-os estreitamente e de tê-los tornado inseparáveis. Somos nós que procuramos separá-los e pensamos que somos mais “religiosos” quando oramos, frequentamos os sacramentos e entramos pelas portas das igrejas. No entanto, o essencial para Jesus é que descubramos sempre um rosto para amar e não que decoremos as páginas de um texto.
Amar não é necessariamente sentir e menos ainda estremecer e se agitar. Amar é querer o que Deus quer e fazer o que Ele nos manda. É unir na prática cotidiana a nossa vontade com a Sua ainda que possa ser dificultoso e contraditório.
Como nos escreve Bento XVI: “As afirmações da Sagrada Escritura indicam que tudo o que existe não é fruto de um acaso irracional, mas é querido por Deus, está dentro do seu desígnio, em cujo centro se encontra a oferta de participar na vida divina de Cristo” (Verbum Domini, 8).
CONTEMPLAR
Le Bon Samaritain, Macha Chmakoff, s.d., 73 x 56 cm, Diocese de Valence, França.
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