quarta-feira, 2 de julho de 2025

O Caminho da Beleza 33 - XIV Domingo do Tempo Comum

Como se visse o Invisível, mantinha-se firme (Hb 11, 27).


XIV Domingo do Tempo Comum               

Is 66, 10-14                        Gl 6, 14-18                          Lc 10, 1-12

 

ESCUTAR

“Sereis amamentados, carregados ao colo e acariciados sobre os joelhos. Como uma mãe que acaricia o filho, assim eu vos consolarei (Is 66, 12-13).

“Pois nem a circuncisão nem a incircuncisão têm valor; o que conta é a criação nova” (Gl 6, 15).

“O Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos e os enviou dois a dois na sua frente, a toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir” (Lc 10, 1).

 

MEDITAR

Vocatus atque non vocatus, Deus aderit [Chamado ou não chamado, Deus estará presente].

(Frase na porta de entrada da casa de Carl Jung)

Há espaço para tudo numa única vida. Para acreditar em Deus e para um fim miserável... é uma questão de se viver a vida de minuto a minuto, acolhendo, além disso, o sofrimento.

(Etty Hillesum)

 

ORAR

Não há vocação sem missão, pois a vocação está em razão da missão: aquele que é chamado é sempre enviado. A missão diz respeito a todos e não somente a alguns especialistas: toda a comunidade eclesial é missionária e todos os batizados são responsáveis pelo anúncio da Boa Nova. Neste anúncio existe uma palavra de alegria e de paz e no outro extremo está a Cruz de Cristo. Os que sofrem recebem as consolações maternais de Deus. A participação no mistério pascal evita que o cristão ceda ao triunfalismo ou ao desânimo diante dos fracassos. A fecundidade da Palavra não se verifica nem pelo êxito nem pelo fracasso, mas por germinar e crescer no terreno árido do Calvário. Em sua primeira homilia como papa, criticando as benesses e o carreirismo na Igreja, Francisco nos adverte: “Quando caminhamos sem a Cruz, quando edificamos sem a Cruz e quando confessamos um Cristo sem Cruz, não somos discípulos do Senhor: somos mundanos, somos Bispos, Padres, Cardeais, Papas, mas não discípulos do Senhor” (14.03.2013). A fonte da missão está na oração e não num projeto humano, pois a missão é graça e dom e nenhum apóstolo é forjado em laboratórios especializados. O vínculo pessoal com o Cristo é vital, pois sem a oração a missão se converte em profissão. O teólogo Urs von Balthasar escrevia: “Uma coisa é certa: ninguém pode se entregar ao amor de Deus por decepção de um amor humano. Não se pode, por não se amar ninguém e nem a nada, acreditar que se ama a Deus”. A missão está sob o signo da fraqueza, da mansidão e de uma entrega sem reservas e sem pretensões. A única força do cristão é uma palavra que pode ser recusada, burlada e hostilizada e se ela não estiver penetrada pelo amor de Cristo, a missão se transforma em conquista e proselitismo. A missão é marcada pela pobreza e pela gentileza: “Paz a esta casa”. O apóstolo sabe que o evangelho não passa por meio das reverências sociais, sorrisos formais e discursos de circunstâncias. É preciso sacudir o pó dos aplausos, dos entusiasmos emotivos, das adesões de conveniência para que surja a essência do Evangelho. Se a missão não assume este estilo de pobreza se transforma em empresa, propaganda e espetáculo. Nestes tempos ardilosos de sucesso e eficácia, não devemos nos preocupar com o êxito da nossa missão, pois Jesus nos preveniu que o sucesso não está incluído nela: “Sereis expulsos da sinagoga. Chegará um tempo quando quem vos matar pensará oferecer um culto a Deus” (Jo 16, 2).

(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)

 

CONTEMPLAR

Os frutos, Patrice Delaby, 2012, óleo sobre tela, Pas-de-Calais, patricedelaby.artblog.fr, França.

 

 


 

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