A Palavra se fez carne e armou sua tenda entre nós (Jo 1, 14).
XXVI Domingo do Tempo Comum
Nm 11, 25-29 Tg 5, 1-6 Mc 9, 38-43.45.47-48
ESCUTAR
“Quem dera todo povo do Senhor fosse profeta e que o Senhor lhe concedesse o seu espírito!” (Nm 11, 29).
E agora, ricos, chorai e gemei, por causa das desgraças que estão para cair sobre vós (Tg 5, 1).
“Quem não é contra nós é a nosso favor” (Mc 9, 40).
MEDITAR
Quanto a mim é na oração o meu encontro com você. Perdida no Cristo eu vislumbro melhor toda a sua história e compreendo tanta coisa! Compreendo porque muita gente não lhe entende. Como é que poderiam entender se só aceitam as pessoas e as coisas segundo padrão próprio e estático? No fundo o que eu aprecio em você é a sua autenticidade. É a coragem que você tem de continuar a ser você mesmo. Acho que com o decorrer dos anos você irá se descobrindo cada vez mais profundamente, quer dizer, você irá se tornando santo, não por artifício, mas por despojamentos que lhe mostrarão o verdadeiro rosto de Cristo em você.
(Madre Belém)
É mais fácil desintegrar um átomo do que acabar com um preconceito.
(Albert Einstein)
ORAR
O maior risco para a vivência cristã é o da mentalidade sectária. A mentalidade sectária é um pecado contra o Espírito e é fruto do joio. O evangelista aponta o contraste entre a mesquinhez dos apóstolos, seu egoísmo de grupo e a amplitude, a tolerância e o espírito aberto de Jesus. A comunidade dos apóstolos está mais preocupada com a expansão e o êxito do grupo do que pela realidade em questão. O Senhor com largueza atua, pelo Espírito, imprevisivelmente, em territórios sem fronteiras. Somos nós que somos incapazes de ver um palmo à frente do nosso nariz e além do nosso umbigo. Neste momento, por defesa, recorremos à desqualificação: “Não é dos nossos!”. Tentamos aprisionar a ação do Espírito ao invés de nos abrirmos e fluirmos no seu dinamismo. Forçamo-nos em prendê-Lo nos limites das nossas tendas e transformá-Lo “num dos nossos”. A cura radical da mentalidade sectária é a acolhida. Não o acolher o outro como “um dos nossos”, mas valorizá-lo na sua diversidade de escolhas e seguimentos. Os setenta que receberam o Espírito não continuaram a profetizar. Talvez tenham estado demasiadamente empenhados em disciplinar o dom, fixar regras, segregar e excomungar. É mais fácil murmurar que profetizar; estabelecer sinais do que traçar caminhos. A profecia continuou nos dois que foram à tenda e que são os únicos dos quais conhecemos os nomes: Eldad e Medad. Quando nos ocupamos excessivamente de nós mesmos, o Espírito suscita carismas não autorizados que, ao abalar as pretensões e arrogâncias, movem o mundo e conduzem a vida para a Eternidade.
(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)
CONTEMPLAR
Quietude, 2023, John Seager, Monochrome Photography Awards, Reino Unido.