A Palavra se fez carne e armou sua tenda
entre nós (Jo 1, 14).
V Domingo do Tempo Comum
Jó 7, 1-4.6-7 1
Cor 9, 16-19.22-23 Mc
1, 29-39
ESCUTAR
“Meus dias correm mais rápido do que a lançadeira do tear e se consomem sem esperança” (Jó 7, 6).
Com todos, eu me fiz tudo, para certamente salvar alguns. Por causa do evangelho eu faço tudo, para ter parte nele (1 Cor 9, 22-23).
De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto (Mc 1, 35).
MEDITAR
A fé é um fio de cabelo seguro com os dentes, no abismo!
(Madre Belém)
Coragem! Quis servir-me de ti para o advento do meu reino. Não desanimes. Não afrouxes. Não te esquives. Mergulha na aventura desconhecida da minha noite. Então te salvarei de ti mesmo, e te ensinarei a imensidão do amor fraternal.
(J. L. Lebret)
ORAR
Jó tem a coragem de fazer uma pergunta escandalosa: “Viver é uma vida? Pode-se chamar vida se depois devemos morrer?”. O Senhor responde com um sim a este dramático protesto de Jó. Ele é convidado, como nós, a aceitar e amar um Deus incompreensível que vai além das explicações possíveis. O teólogo Maurice Zundel enfatiza: “Ao olhar de Deus, a vida do homem vale tanto quanto a Sua própria vida”. A imagem da vida que corre rápida como a lançadeira do tear traz um detalhe sutil: a palavra tikva, em hebraico, significa fio, mas também quer dizer esperança. A vida cessa quando se rompe o fio e se interrompe quando desaparece a esperança. Jó se agarra neste fio/esperança e suplica: “Lembra-te de que a minha vida é apenas um sopro”. Jesus testemunha o que deve ser a vida do discipulado: uma vida que encontra sua própria força na oração e no diálogo com Deus e que se desdobra numa vida-para-os-outros. Uma vida que se encarrega dos sofrimentos do irmão, uma compaixão diante das enfermidades físicas e espirituais. Uma vida feita para aliviar a dor dos outros. A filósofa judia Simone Weil escrevia: “A plenitude do amor ao próximo consiste, simplesmente, em ser capaz de perguntar-lhe: ‘Qual é o teu tormento?’” (Espera de Deus). O cristão deve ter um coração que vê e escuta para assumir as necessidades dos outros no mais profundo do seu ser e fazê-las suas. Madre Belém, no seu testamento espiritual, relembrava: “Outra coisa é sabermos manter esse amor ao Cristo por uma doação completa aos pobres e necessitados. Mesmo que seja pouco o que eles não ousam pedir, nós temos que adivinhar e é essa resposta que Deus pede de nós”. No evangelho, Jesus revela que seu seguidor não é um burocrata, nem um empregado, mas alguém que se coloca na linha de frente com a mais absoluta gratuidade: “Dai de graça o que de graça recebestes” (Mt 10, 8). Algumas vezes, o Cristo diz não quando todos O buscam. Foge, toma distância e ora. Quando se assenta é para estar presente, de outra maneira e em outro lugar. Jesus afirma que a comunhão se produz saindo fora da popularidade falsa, dos ritos da banalidade e das regras do conformismo. O homem de oração é o que se deixa encontrar e a solidão é sempre uma possibilidade oferecida a todos.
(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)
CONTEMPLAR
Jó n. 1, 2003, Oldrich Kulhánek (1940-2013), litografia, República Checa, in http://oldrichkulhanek.cz/index.php?section=galerie&lang=cz.
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