A Palavra se fez carne e armou sua tenda entre nós (Jo 1, 14).
II Domingo da Quaresma
Gn 22, 1-2.9-13.15-18 Rm 8, 31-34 Mc 9, 2-10
ESCUTAR
“Abraão ergueu um altar, colocou a lenha em cima, amarrou o filho e o pôs sobre a lenha em cima do altar. Depois, estendeu a mão, empunhando a faca para sacrificar o filho (Gn 22, 9-10).
“Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8, 32).
“E da nuvem saiu uma voz: ‘Este é o meu Filho Amado. Escutai o que ele diz!’” (Mc 9, 7).
MEDITAR
Quando as coisas estão difíceis, é sinal de que Deus nos leva a sério.
(J. L. Lebret)
ORAR
A agonia de Abrão, de Isaac, do Cristo e de todos os homens e mulheres é a experiência primeira e mais comum da dinâmica da fé. É também a experiência da noite. Alimentamos o justo desejo de saltar por cima das trevas para que a luz nos penetre. Foi assim a noite de Abraão, quando lhe foi pedido o sacrifício do próprio filho, e para os discípulos, quando ouviram Jesus falar sobre o caminho da Cruz. Nesta atônita entrega, só nos resta a certeza da promessa de que “se Deus é por nós, quem será contra nós?”. Toda noite traz em seu âmago raios de luz. Vivemos um processo acelerado de desumanização que é, desgraçadamente, privilégio dos homens e não de Deus. Nosso Deus tranquiliza inquietando e sempre existirá o início e nunca uma conclusão. Deus nos pede o impossível para que descubramos a nossa força interior. Os deuses que nos são apresentados, para agregar valor espiritual e religioso, são um arremedo do Pai de Jesus Cristo. O evangelista Marcos nos antecipa a visão pascal que dura o instante de um corisco, mas o eco da voz do Senhor permanece para sempre: “Este é o meu Filho Amado. Escutai o que ele diz”. O caminho dos que resistem só pode ser iluminado pela Palavra: “Tua palavra é lâmpada para meus passos, luz em meu caminho” (Sl 119, 105). A lâmpada não ilumina a noite, mas permite caminhar e avançar. Meditemos as derradeiras palavras do teólogo Bonhöeffer, instantes antes de ser assassinado pelos nazistas: “Este é o final, para mim é o começo da vida”.
(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)
CONTEMPLAR
A Transfiguração de Jesus, 1967, Salvador Dalí, Coleção Bíblia Sacra, litografia colorida, Espanha.