quinta-feira, 12 de outubro de 2023

O Caminho da Beleza 47 - XXVIII Domingo do Tempo Comum

Peguei da mão do anjo o livrinho e comi-o. Na boca era doce como mel, mas, quando o engoli, meu estômago tornou-se amargo (Ap 10, 10).

XXVIII Domingo do Tempo Comum                    

Is 25, 6-10               Fl 4, 12-14.19-20              Mt 22, 1-14

 

ESCUTAR

“O Senhor Deus eliminará para sempre a morte, e enxugará as lágrimas de todas as faces, e acabará com a desonra do seu povo em toda terra” (Is 25, 6.8).

“Sei viver na miséria e sei viver na abundância. Eu aprendi o segredo de viver em toda e qualquer situação, estando farto ou passando fome, tendo de sobra ou sofrendo necessidade. Tudo posso naquele que me dá força” (Fl 2, 12-13).

“Então os empregados saíram pelos caminhos e reuniram todos os que encontraram, maus e bons. E a sala da festa ficou cheia de convidados” (Mt 22, 10).

 

MEDITAR

“Cada concessão só enfraquece aquele que a faz e ofende mais ainda aquele que a obtém” (Gustave Thibon).

 

ORAR

            O profeta Isaías nos convida a sonhar o inimaginável, os projetos mais incríveis e os propósitos mais impossíveis de um Deus cuja realidade está infinitamente mais longe do que os nossos desejos mais audazes e loucos. Temos sido rasos e medíocres para imaginar as coisas maravilhosas que o Senhor realiza em nós e o futuro que Ele nos prepara.  O profeta nos faz saber que o que nos conduz ao Paraíso é sermos capazes de sonhar o impossível. A parábola do banquete foi muito popular entre as primeiras gerações cristãs. Deus está preparando uma festa final para os seus filhos e filhas, pois deseja ver a todos sentados com Ele ao redor da mesma mesa e desfrutando, para sempre, de uma vida plena e em abundância. Esta foi uma das imagens mais queridas por Jesus para sugerir a plenitude dos tempos. Ele compreendeu e viveu a sua vida como um grande convite em nome de Deus. Não impunha nada e nem pressionava ninguém. Anunciava a Boa Nova, despertava a confiança, arrancava os medos, aniquilava as angústias e devolvia a alegria. O Evangelho fala sobre o banquete e esta parábola é conduzida por uma série ininterrupta de surpresas. A primeira, a apresentação do Reino de Deus como um banquete de bodas, símbolo por excelência da alegria do encontro, da comunhão e da intimidade. A segunda, a recusa absurda dos convidados pela sua indiferença, distância e fastio. A terceira surpresa, é que o desígnio de Deus não se interrompe apesar da falta de adesão dos convidados privilegiados. Deus não suspende a festa, pois o Evangelho rechaçado por uns encontra uma inesperada acolhida em outros corações. A quarta surpresa, como uma reviravolta dramática, é protagonizada pelo homem surpreendido sem a veste de festa. O evangelista quer que saibamos que não é possível ser cristão sem mudar a própria conduta, uma vez que as exigências éticas contam no reino de Deus. A seriedade do compromisso é a condição para que a festa seja verdadeira. Aquele que, por descuido ou desleixo, não veste o traje da festa inverte a gratuidade do convite e no seu orgulho está convencido de que é o Senhor que deve lhe agradecer por ele estar presente. Ele exclui a si mesmo da mesa por ter se contentado com a tênue luz que iluminava a si próprio. Paulo nos fala sobre o segredo de viver. No mundo, todos somos pressionados, sem pudor, pela força do dinheiro, mas ele nos revela que encontrou em outra parte o que o alimentou para o anúncio do Evangelho: “Tudo posso naquele que me dá força”. Paulo revela que tudo poderemos sem o dinheiro e que tudo podemos, precisamente, por não termos dinheiro. Saberemos viver na pobreza e na abundância, pois aprendemos o gosto da liberdade dos que não fazem das suas posses os seus grilhões. Aos que planejam usufruir de tudo e de todos, sem nunca oferecer e entregar nada a ninguém, estes serão a comida e a bebida do banquete profetizado por Ezequiel: “Dize aos pássaros, a tudo o que voa, a todos os animais selvagens: Reuni-vos e vinde! Podereis comer carne e beber sangue. Podereis comer carne de heróis e beber sangue dos governantes da terra. Comereis gordura até saciar-vos e beberei sangue até embriagar-vos: é o banquete que vos preparei” (Ez 39, 17).

(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)

 

CONTEMPLAR

Sem Título, s.d., Barcelona, Martin Molinero (1975-), Buenos Aires, Argentina. 



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