Peguei da mão do anjo o livrinho e comi-o. Na boca era doce como
mel, mas, quando o engoli, meu estômago tornou-se amargo (Ap 10, 10).
XXVIII Domingo do Tempo Comum
Is 25, 6-10 Fl 4, 12-14.19-20 Mt 22, 1-14
ESCUTAR
“O Senhor Deus eliminará para
sempre a morte, e enxugará as lágrimas de todas as faces, e acabará com a
desonra do seu povo em toda terra” (Is 25, 6.8).
“Sei viver na miséria e sei viver
na abundância. Eu aprendi o segredo de viver em toda e qualquer situação,
estando farto ou passando fome, tendo de sobra ou sofrendo necessidade. Tudo
posso naquele que me dá força” (Fl 2, 12-13).
“Então os empregados saíram pelos
caminhos e reuniram todos os que encontraram, maus e bons. E a sala da festa
ficou cheia de convidados” (Mt 22, 10).
MEDITAR
“Cada concessão só enfraquece
aquele que a faz e ofende mais ainda aquele que a obtém” (Gustave Thibon).
ORAR
O
profeta Isaías nos convida a sonhar o inimaginável, os projetos mais incríveis
e os propósitos mais impossíveis de um Deus cuja realidade está infinitamente mais longe
do que os nossos desejos mais audazes e loucos. Temos sido rasos e medíocres
para imaginar as coisas maravilhosas que o Senhor realiza em nós e o futuro que
Ele nos prepara. O profeta nos faz saber
que o que nos conduz ao Paraíso é sermos capazes de sonhar o impossível. A
parábola do banquete foi muito popular entre as primeiras gerações cristãs.
Deus está preparando uma festa final para os seus filhos e filhas, pois deseja
ver a todos sentados com Ele ao redor da mesma mesa e desfrutando, para sempre,
de uma vida plena e em abundância. Esta foi uma das imagens mais queridas por
Jesus para sugerir a plenitude dos tempos. Ele compreendeu e viveu a sua vida
como um grande convite em nome de Deus. Não impunha nada e nem pressionava
ninguém. Anunciava a Boa Nova, despertava a confiança, arrancava os medos,
aniquilava as angústias e devolvia a alegria. O Evangelho fala sobre o banquete
e esta parábola é conduzida por uma série ininterrupta de surpresas. A
primeira, a apresentação do Reino de Deus como um banquete de bodas, símbolo
por excelência da alegria do encontro, da comunhão e da intimidade. A segunda,
a recusa absurda dos convidados pela sua indiferença, distância e fastio. A
terceira surpresa, é que o desígnio de Deus não se interrompe apesar da falta
de adesão dos convidados privilegiados. Deus não suspende a festa, pois o
Evangelho rechaçado por uns encontra uma inesperada acolhida em outros
corações. A quarta surpresa, como uma reviravolta dramática, é protagonizada
pelo homem surpreendido sem a veste de festa. O evangelista quer que saibamos
que não é possível ser cristão sem mudar a própria conduta, uma vez que as exigências
éticas contam no reino de Deus. A seriedade do compromisso é a condição para
que a festa seja verdadeira. Aquele que, por descuido ou desleixo, não veste o
traje da festa inverte a gratuidade do convite e no seu orgulho está convencido
de que é o Senhor que deve lhe agradecer por ele estar presente. Ele exclui a
si mesmo da mesa por ter se contentado com a tênue luz que iluminava a si
próprio. Paulo nos fala sobre o segredo de viver. No mundo, todos somos
pressionados, sem pudor, pela força do dinheiro, mas ele nos revela que
encontrou em outra parte o que o alimentou para o anúncio do Evangelho: “Tudo
posso naquele que me dá força”. Paulo revela que tudo poderemos sem o dinheiro
e que tudo podemos, precisamente, por não termos dinheiro. Saberemos viver na
pobreza e na abundância, pois aprendemos o gosto da liberdade dos que não fazem
das suas posses os seus grilhões. Aos que planejam usufruir de tudo e de todos,
sem nunca oferecer e entregar nada a ninguém, estes serão a comida e a bebida
do banquete profetizado por Ezequiel: “Dize aos pássaros, a tudo o que voa, a
todos os animais selvagens: Reuni-vos e vinde! Podereis comer carne e beber
sangue. Podereis comer carne de heróis e beber sangue dos governantes da terra.
Comereis gordura até saciar-vos e beberei sangue até embriagar-vos: é o
banquete que vos preparei” (Ez 39, 17).
(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)
CONTEMPLAR
Sem Título, s.d., Barcelona,
Martin Molinero (1975-), Buenos Aires, Argentina.
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