Peguei da mão do anjo o livrinho e comi-o. Na boca era doce como
mel, mas, quando o engoli, meu estômago tornou-se amargo (Ap 10, 10).
XXX Domingo do Tempo Comum
Ex 22, 20-26 1
Ts 1, 5-10 Mt 22,
34-40
ESCUTAR
“Não oprimas nem maltrates o estrangeiro, pois vós
fostes estrangeiros na terra do Egito” (Ex 22, 20).
“E vós vos tornastes imitadores nossos e do Senhor,
acolhendo a Palavra com a alegria do Espírito Santo, apesar de tantas
tribulações” (1 Ts 1, 6).
“Mestre, qual é o maior mandamento da lei?” (Mt 22,
36).
MEDITAR
A coisa mais importante do mundo é a possibilidade de ser-com-o-outro, na calma, cálida e intensa mutualidade do amor. O Outro é o que importa, antes e acima de tudo. Por mediação dele, na medida em que recebo sua graça, conquisto para mim a graça de existir. É esta a fonte da verdadeira generosidade e do autêntico entusiasmo – Deus comigo. O amor ao Outro me leva à intuição do todo e me compele à luta pela justiça e pela transformação do mundo.
(Hélio Pellegrino)
ORAR
Jesus tinha um método estranho para fazer as operações: quando tinha que multiplicar, dividia (como fez com os pães); para obter maior resultado, propunha abandonar, cortar, perder. O judaísmo tinha 613 preceitos dos quais 365 começavam com “não” e 248 com um imperativo “deves”. Jesus não se perde neste emaranhado selvagem de prescrições e casuísmos. Ao ser provocado pelo doutor da Lei, resume tudo em dois mandamentos que têm um só fundamento: o Amor. Temos um descaso pelo que é essencial até porque preferimos a complexidade, as complicações e a quantidade de preceitos, pois nos ajudam a nos evadir do necessário. Temos medo deste recorte feito por Jesus que nos permite descobrir dois rostos: o do irmão e o do Pai. Jesus está impaciente porque deseja que sejamos capazes de ver alguma coisa e descobrir alguém. Jesus revela que todas as práticas, observâncias e tributos religiosos sem o mandamento principal do amor estão privados de sentido e valor. O mandamento do amor é o primeiro, não porque está no topo da lista, mas porque está no centro, no coração, pois é no coração que todos devem se referenciar e se medir. O amor é a medida da fé. Temos a pretensão de separar o amor de Deus do amor ao próximo. Reduzimos o nosso agir à frequência dos sacramentos e esquecemos de que ele deve ser calcado na luta pela justiça, contra a discriminação e a intolerância de todos os tipos. Jesus arranca os códigos morais religiosos de nossas mãos e nos obriga a descobrir um rosto, vários rostos. O essencial não está escrito nas páginas de um livro, pois o essencial sempre tem um rosto. Jesus nos faz saber que não existe nenhum espaço sagrado em que possamos nos encontrar somente com Deus e ficar de costas para os outros. Um amor a Deus que esquece seus filhos e filhas é uma grande mentira.
(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)
CONTEMPLAR
Dia da
Independência, 4 de julho de 1971, Aspen, Colorado, Estados Unidos, Henri Cartier-Bresson
(1908-2004), Magnum Photos, Paris, França.