quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

O Caminho da Beleza 04 - IV Domingo do Advento

Peguei da mão do anjo o livrinho e comi-o. Na boca era doce como mel, mas, quando o engoli, meu estômago tornou-se amargo (Ap 10, 10).

IV Domingo de Advento         

Is 7, 10-14               Rm 1, 1-7                 Mt 1, 18-24

 

ESCUTAR

“Será que achais pouco incomodar os homens e passais a incomodar até o meu Deus?” (Is 7, 13).

“É por ele que recebemos a graça da vocação para o apostolado, a fim de podermos trazer à obediência da fé todos os povos pagãos, para a glória do seu nome” (Rm 1, 5).

“José, filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo” (Mt 1, 20).

 

MEDITAR

“Havendo Deus de ter Mãe, não podia ser senão virgem, e havendo uma virgem de ter um Filho, não podia ser senão Deus” (São Bernardo de Claraval).

“Até que ponto São José penetrou na intimidade de Deus? Não o sabemos. São José, que tanto tem a dizer, não fala: guarda dentro de si as grandezas que contempla: dentro dele erguem-se montanhas sobre montanhas, e as montanhas são silenciosas” (Ernest Hello).

 

ORAR

     Maria e José nos ensinam que uma fé se cumpre na obediência e sem nenhuma pressa, pois para Deus o tempo não existe: tudo acontece na eternidade. Sem pressa, Abraão e Sara são agraciados na velhice com Isaac, a gargalhada de Deus; sem pressa, Zacarias e Isabel se tornaram fecundos ao gerar João; sem pressa, Maria aceitou acolher, em seu ventre, o silencioso mistério que se revelava fecundo entre ela e a sombra do Espírito que pousara sobre seu corpo de mulher. Sem pressa, José assumiu a paternidade de uma criança que não era de sua semente e o fez antes mesmo que o Anjo lhe confirmasse que a criança no ventre de Maria era o da divina Promessa, o rebento de Davi esperado em Israel. Paulo nos exorta: “Ninguém vive nem morre só para si... mas, quer por nossa vida quer por nossa morte, pertencemos a Cristo” (Rm 14, 7-8). O Evangelho revela que o desígnio de Deus se realiza além da linhagem carnal. É por meio de Jesus, de Nazaré, que Deus se faz Emmanuel, mas para que isto se realizasse foi necessário que tanto José quanto Maria abrissem mão do seu projeto pessoal, do seu futuro familiar, para acolher, sem reservas, as promessas de Deus. Este Menino, que nos foi dado, tem a envergadura infinita de cada homem e cada mulher que vive sem pressa ao permitir que Deus seja uma manifestação luminosa em suas vidas por veredas que só Ele conhece. Esta manifestação se realiza pelo poder de servir e nunca nos que se servem do poder para cercear a liberdade e comprar as consciências. Assim devemos viver para a vida eterna na qual serão abolidas todas as urgências e as pressas. Como nos garante o teólogo do sertão, João Guimarães Rosa: “Deus é urgente sem pressa!”.

(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)

 

 CONTEMPLAR

 Adoração dos Pastores (detalhe), 1612-1614, El Greco (1541-1614), óleo sobre tela, 319 x 180 cm, Museu do Prado, Madri, Espanha.







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