A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de
dois gumes (Hb 4, 12).
XVII Domingo do Tempo Comum
Gn 18, 20-32 Cl 2, 12-14 Lc
11, 1-13
ESCUTAR
“Estou sendo
atrevido em falar a meu Senhor, eu que sou pó e cinza” (Gn 18, 27).
“Com Cristo
fostes sepultados no batismo; com ele também fostes ressuscitados por meio da
fé no poder de Deus, que ressuscitou a Cristo dentre os mortos” (Cl 2, 12).
“Portanto, eu
vos digo, pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto.
Pois quem pede recebe; quem procura encontra; e, para quem bate, se abrirá” (Lc
11, 9-10).
MEDITAR
A oração é o secreto absoluto. É
totalmente oposta à publicidade. Quem ora já não conhece a si mesmo, mas
somente a Deus a quem invoca.
(Dietrich Bonhoeffer)
ORAR
Duas cenas ficam gravadas na memória: a estupenda negociação entre
Abraão e Deus e o colóquio noturno entre o indivíduo inoportuno e o amigo
despertado de sobressalto à meia noite. Uma oração de intercessão e a outra de
petição e ambas sob o signo da insistência, da coragem, da confiança e,
inclusive, do enfrentamento. Ambas são escutadas. Até então, as culpas de um ou
de poucos eram pagas por toda a coletividade e agora Abraão se bate com
humildade, mas com decisão, para que a inocência de uma minoria seja motivo de
perdão para todos os outros pecadores. Abraão descobre que no Senhor encontra-se
uma justiça disposta a dar espaço ao perdão e que, em Deus, a vontade de salvar
prevalece sobre a de castigar. No Evangelho, a oração é um apelo não ao juiz da
terra, mas a um Deus que é Pai. Cristo autoriza a nos dirigirmos a Deus como
Pai, esta palavra-chave que abre de par em par todas as portas, inclusive as
mais inacessíveis e legitima as aspirações as mais impossíveis. Não se trata de
colocar na balança o peso dos justos, mas a nossa condição de filhos e filhas.
Podemos pedir ousadamente e, ao mesmo tempo, neste pedido nos comprometemos. No
Pai Nosso escutamos o que Deus espera
de nós, ou seja, exatamente as mesmas coisas que pedimos a Ele. O Pai nos
escuta, mas não nos tempos e nos modos fixados por nós. Podemos estar seguros
que “o Pai do céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem” e o Espírito Santo é
o princípio da liberdade e da imprevisibilidade. O Pai nos escuta, certamente,
mas do seu modo que é o da generosidade infinita de um pai e não do nosso modo
que é sempre redutivo e restritivo. Nós, cristãos, devemos preferir sempre um
Deus que nos surpreenda a um Deus que nos satisfaça e nos contente, pois
devemos confiar mais em suas respostas do que em nossas perguntas, mais nos
seus dons do que em nossos pedidos. A oração ensinada por Jesus deve nos conduzir
a um silêncio de escuta do nosso ser que vibra em sintonia com a humildade da
entrega – “Seja feita a tua vontade”, e com a permanente insistência – “Não nos
deixeis sucumbir na provação, mas livrai-nos do mal”.
(Manos da Terna
Solidão, Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)
CONTEMPLAR
S. título, 1992-9, Romaria em Juazeiro do Norte, Ceará, Tiago Santana
(1966-), do livro “Benditos”, Crato, Ceará, Brasil.
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