quinta-feira, 3 de março de 2022

O Caminho da Beleza 15 - I Domingo da Quaresma

A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).

I Domingo da Quaresma                    

Dt 26, 4-10              Rm 10, 8-13                       Lc 4, 1-13

 

ESCUTAR

“Agora trago os primeiros frutos da terra que tu me deste, Senhor” (Dt 26, 10).

“Essa é a palavra da fé que pregamos. Se, pois, com tua boca confessares que Jesus é Senhor e, no teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo” (Rm 10, 8-9).

“Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do rio Jordão e, no Espírito, era conduzido pelo deserto. Ali foi posto à prova pelo diabo, durante quarenta dias” (Lc 4, 1-2).

 

MEDITAR

“Ser cristão é se reconhecer salvo por Jesus, vivendo uma aventura de amizade pessoal com ele, acolhendo o amor com que nos ama, a ponto de dar sua vida por nós, e nos empenhando pessoalmente em amá-lo, vivendo entre nós no amor uns dos outros, o mesmo amor com que Jesus nos ama” (Francisco Catão).

Não nos transformamos de repente em corruptos; existe um longo caminho de declínio, para o qual se desliza... A corrupção não é um ato, mas uma condição, um estado pessoal e social, no qual a pessoa se habitua a viver (Francisco, O nome de Deus é misericórdia, 2016).

 

ORAR

As leituras desta liturgia oferecem as três bases necessárias para a quaresma: a ação de graças, a confissão de fé e a purificação por meio da Palavra. O sacerdote oferece o cesto com as primícias: uma pequena parte da colheita. Para o Senhor não importa a quantidade, mas o significado, pois a colheita dos campos, antes de ser fruto do trabalho do homem, é dom e bênção de Deus. Ao confessarmos que Jesus é o Senhor que morreu e ressuscitou, devemos fazê-lo com a boca e com o coração numa profunda adesão pessoal. O evangelista apresenta o relato das tentações a Jesus. Elas não são propriamente de ordem moral, mas propostas claras das maneiras falsas de se compreender e viver a missão: as tentações de um atalho, de um triunfo fácil e da popularidade pelos gestos espetaculares. Jesus rechaça todas as propostas do Divisor, citando as palavras da Escritura e ratificando a sua determinação de cumprir, unicamente, o desígnio do Pai. O tempo da quaresma deve ser um tempo propício para avaliarmos e constatarmos se as nossas vidas correspondem aos desígnios do Senhor. É o tempo de purificarmos, por meio da Palavra de Deus, as superstições, os desvarios, as ostentações com as quais vestimos a nossa pretensa prática cristã. É o tempo para rechaçar os comprometimentos que traem a mensagem evangélica. É o tempo para recusar uma religiosidade construída à nossa medida e nos convertemos aos caminhos propostos por Jesus. Isto será possível se tivermos a coragem de nos confrontarmos com a Palavra de Deus. Na quaresma, devemos ser capazes de um pouco de deserto, de um pouco de silêncio e de um mínimo de coragem para irmos às raízes mais profundas da fé e do amor. A conversão a que somos convidados não é outra coisa que dar as costas aos nossos medíocres projetos, às nossas míopes aspirações e voltarmos, de peito aberto e corpo inteiro, ao desígnio original do Senhor: amar! A penitência é a nostalgia da nossa autêntica grandeza. A quaresma nos chama a abandonarmos todos os ídolos que se apresentam sob a aparência de objetos de adoração. Os ídolos são sempre novos, mas as raízes que os produzem são as tentações da riqueza, do poder e do orgulho. E elas, como o diabo, sempre retornam no tempo oportuno.

(Manos da Terna Solidão)

 

CONTEMPLAR

Argentina, Peninsula Valdes, 2001, Elliott Erwitt (1928-), Magnum Photos, franco-americano.




 

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