A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de
dois gumes (Hb 4, 12).
IV Domingo do Tempo Comum
Jr
1, 4-5.17-19 1 Cor 12,
31-13, 13 Lc 4,
21-30
ESCUTAR
“Eles farão guerra contra ti, mas não prevalecerão, porque eu estou contigo para defender-te”, diz o Senhor (Jr 1, 19).
O amor não acabará nunca. As profecias desaparecerão, as línguas cessarão, a ciência desaparecerá (1 Cor 13, 8).
“Não é este o filho de José?” (Lc 4, 22).
MEDITAR
Papa Francisco ao guarda suíço que permaneceu toda a noite de pé do lado de fora, cuidando de seu quarto:
- Papa: Ficou acordado toda a noite de pé?
Não ficou cansado?
- Guarda: É meu dever sua Santidade, para
sua segurança...
O Papa retornou a seu quarto. Depois de
alguns minutos, trouxe para o guarda uma cadeira em suas mãos...
- Papa: Sente-se e descanse.
- Guarda: Desculpe sua Santidade, mas não
posso, as regras não permitem.
- Papa: As regras?
- Guarda: É uma ordem de meu Capitão, sua
Santidade.
- Papa: Bem, mas eu sou o Papa e te peço
que te sentes.
Um pouco mais tarde o Papa retornou, com
café, um pouco de pão e presunto e os entregou ao guarda...
- Papa: Bom apetite meu irmão...
(Papa Francisco, abril de 2013).
ORAR
Os textos de hoje nos levam a refletir sobre o amor sem fronteiras do Senhor. Cafarnaum, símbolo dos pagãos, passa adiante de Nazaré, cidade da infância de Jesus. O profeta Elias estava no meio do povo judeu, mas, no momento de realizar um prodígio, abandonou as muitas viúvas de Israel e foi ao encontro da pobre viúva pagã de Sarepta, no país de Sidon. E Eliseu não curou nenhum leproso em Israel, mas curou Naamã, o sírio. Para Jesus não é relevante que um profeta não seja bem recebido em sua pátria. A pátria, lugar onde se está enraizado pelo sangue, e o Reino de Deus não são compatíveis. O Reino de Deus ignora a pátria porque, sendo a negação de todos os limites, implica numa total abertura a todos os povos. Somos chamados a fazer avançar este Reino que será vingado por um amor sem fronteiras. O papa Francisco nos alerta: “Os problemas, as preocupações de todos os dias nos impulsionam a nos curvarmos sobre nós mesmos, na tristeza e na amargura...e isto é a morte, pois não procuramos mais Aquele que está Vivo”. O amar cristão não conhece regras, barreiras ou imposições, mas, como uma luz, irradia a solidariedade e a compaixão. Nós estamos longe do amor cristão quando, por vaidade e falsa segurança, nos tornamos sombras esmaecidas de nós mesmos. Um cristianismo adulto é a generosa doação de si próprio, feita de gestos de amor sem medidas que comprometem todo nosso ser. Paulo nos mostra que o amor é a virtude maior do que todos os dons. E virtude significa a força vital que nos foi entregue por Deus e que para Deus voltará. O dom da fé serve para alimentar a confiança; o da esperança para nos fazer perseverar num destino comum. Todos os dons são transitórios porque respondem pelo tempo presente; e imperfeitos, porque, como humanos, ainda vemos o que nos cerca de maneira confusa como num espelho. A virtude do amor – cáritas e ágape – é eterna porque nos conduz à profunda comunhão com o êxtase de Deus. Nela, O veremos face a face, conheceremos como somos conhecidos e estaremos no centro de gravitação da Vida: “Pondus meum amor meus”: o amor é o meu peso! (Santo Agostinho). Deus é um amor sem fronteiras que arde também como fogo e quer amar sempre mais: “Quando eu resplandeço, tu deves arder; quando fluo, tu deves fluir; quando tu amas, nós dois nos tornarmos um e quando somos um, nada mais poderá nos separar” (Mechthild von Magdeburg, séc. XIII).
(Manos da Terna Solidão)
CONTEMPLAR
“Sem título”, mês de fevereiro, 2001, Richard Kalvar (1944-), Calendário Lavazza, 2001, “Friends & More”, fotos de Richard Kalvar e Martine Franck nos cafés de Paris, França. O fotógrafo nasceu em Nova York, Estados Unidos.