Os transbordamentos de amor acontecem
sobretudo nas encruzilhadas da vida, em momentos de abertura, fragilidade e
humildade, quando o oceano do amor de Deus arrebenta os diques da nossa
autossuficiência e permite, assim, uma nova imaginação do possível (Papa
Francisco).
XXI Domingo do Tempo Comum 22.08.2021
Js
24, 1-2.15-18 Ef 5, 21-32 Jo 6, 60-69
ESCUTAR
“O Senhor, nosso Deus, ele mesmo é quem nos tirou, a nós e a nossos pais, da terra do Egito, da casa da escravidão” (Js 24, 17).
Vós que temeis a Cristo, sede solícitos uns para com os outros (Ef 5, 21).
“Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?” (Jo 6, 60)
MEDITAR
O desconfinamento vai exigir uma intensa atenção ao outro: cada um deverá renunciar à impaciência, à insolência, à gulodice, à incivilidade de seu ego para dar prioridade à proteção do outro, meio eminente de entrar em relação com ele.
(François Cassingena-Trévedy, 1959-, França)
ORAR
A opção fundamental, isto é, a decisão que define a
história autêntica de toda pessoa, está no centro da experiência atual. Uma
escolha frequentemente dramática, dilacerante, vivida repetidamente. A decisão
pelo escândalo da pobreza e da humildade contra a ilusão do orgulho e do poder,
a decisão por um Deus vivo e exigente contra os ídolos extintos, mas convenientes,
e, se quisermos incluir a segunda leitura, a decisão pelo amor total contra o
egoísmo na vida eclesial e matrimonial. A liberdade está no coração da
fé e da moral. Temos visto que o “servir” bíblico significa adesão pessoal e
espontânea. O “vós também vos quereis ir embora?” de Jesus é esclarecedor. Não
se constrói nunca uma verdadeira fé senão sobre uma educação plena para a
liberdade. Uma liberdade não só de qualquer coisa ou de qualquer
um, ou seja, dos condicionamentos externos e internos (aspecto negativo, todavia
fundamental, da liberdade), mas também liberdade para qualquer coisa e,
sobretudo, para qualquer um, na doação positiva a Deus e aos irmãos. A
liberdade de Jesus deve ser contagiosa até para o cristão, deve atravessar a
pessoa, deve percorrer as instituições e ser a alma da Igreja. A liberdade é risco.
Pode também desembocar na traição (Judas, os discípulos “que voltaram atrás”; o
Israel pecador). A medida da autêntica
liberdade está no amor (Ef 5). Da Ética de Bonhoeffer: “Responsabilidade
e liberdade são conceitos que se correspondem reciprocamente. A
responsabilidade pressupõe a liberdade e esta não pode se basear senão na
responsabilidade. A responsabilidade é a liberdade conferida aos homens
unicamente pela obrigação que os vincula a Deus e ao próximo”.
(Gianfranco Ravasi, 1942-, Itália).
CONTEMPLAR
Washington Square, 1960, Dave Heath (1931-2016), Estados Unidos.
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