A palavra de Deus é viva e eficaz e mais
cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).
XXIX Domingo do Tempo Comum 21.10.2018
Is 53, 10-11 Hb 4, 14-16 Mc
10, 35-45
ESCUTAR
Por esta vida de sofrimento, alcançará luz e uma ciência
perfeita (Is 53, 11).
Irmãos, temos um sumo sacerdote eminente, que entrou no céu,
Jesus, o Filho de Deus (Hb 4, 14).
Tiago e João, filhos de Zebedeu, foram a Jesus e lhe
disseram: “...Deixa-nos sentar um à tua direita e outro à tua esquerda quando
estiveres na tua glória!” (Mc 10, 35.37).
MEDITAR
Abbá Agathon dizia: “Se pudesse encontrar um leproso a quem
doar meu corpo para tomar o dele, ficaria contente, pois tal é a caridade
perfeita”.
(Sentenças dos Padres
do deserto, séculos 3-4)
ORAR
A resposta que Jesus fez ao nossos
dois impetrantes é mais desconcertante ainda, porque, longe de estigmatizar
severamente, como se esperaria, seu topete e sua ingenuidade, ela, por sua vez,
coloca rapidamente a questão nos seus termos; uma vez que, longe de explicar uma
suposta nomenclatura, ela lança as palavras – e o homem por inteiro – à beira
de um abismo: Podeis beber? Eles
falavam seriamente em certeza, instituição, hierarquia (eclesiástica já,
sobretudo) e eis que ele lhes canta um banquete; eles aspiravam a um conforto (deixa-nos sentar) e ele lhes faz
incorrer num risco; eles esperavam uma segurança e ele lhes propõe uma
vertigem; eles se contentavam com uma simples justaposição e eis que,
desprezando toda a higiene, ele lhes oferece uma promiscuidade, pela bebida e
pelo banho; eles careciam da respeitabilidade de vidas paralelas e ele lhes
fala, ele, de uma causa comum, de uma vida comum e de uma morte comum, a
acontecer. Eles se afetavam por títulos e ele preparava, antes deles, suas
capacidades fora do comum e, não obstante, destinadas a todo o mundo. Podeis beber o cálice que eu vou beber?
Jesus é um bebedor, um grande
bebedor: é de conhecimento público, ao menos entre seus inimigos que não se
cansavam de dizer (Mt 11, 19). Ele bebe água, sem dúvida, mas barganha por ela
próximo a uma mulher perigosa: Dá-me de
beber! (Jo 4, 7). Ele bebe vinho, mas grand
cru, pois ele o mistura pessoalmente. Ele bebe vinagre, por fim. Ele bebe o
sofrimento, a humilhação, ele sorve, ele deglute
a morte mesma, se bem que a morte é
absorvida em sua vitória (1 Cor 15, 54). Ardente bebedor, ele absorve as
grandes águas da morte... E não contente em beber, ele convida generosamente a
beber com ele, melhor ainda, ele se apresenta a ele mesmo, ele exorta a ele
mesmo como a única bebida capaz de saciar: Se
alguém tem sede, que venha a mim e beba! (Jo 7, 37).
(François Cassingena-Trévedy, 1959-, França)
CONTEMPLAR
Meu irmão é mesquinho, 2010, Lula Lola (1970-), Estados
Unidos.
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