A palavra de Deus é viva e eficaz e mais
cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).
São Pedro e São Paulo 01.07.2018
At 12, 1-11 2
Tm 4, 6-8.17-18 Mt 16, 13-19
ESCUTAR
O rei Herodes prendeu alguns membros
da Igreja para torturá-l0s. Mandou matar à espada Tiago, irmão de João (At 12,
2).
Quanto a mim, eu já estou para ser
derramado em sacrifício; aproxima-se o momento de minha partida (2 Tm 4, 6).
“E vós, quem dizeis que eu sou?” (Mt
16, 15).
MEDITAR
O fato de ser justamente Pedro, a
Rocha da Igreja, a tornar-se culpado, logo após sua confissão de Jesus como o
Cristo e de sua instalação, revela que, logo de início, a Igreja se
escandalizou com o Cristo sofredor. Ela não quer semelhante Senhor e, como
Igreja de Cristo, não quer permitir que ele lhe imponha a lei do sofrimento. O
protesto de Pedro exprime sua relutância em se dispor a sofrer. Deste modo é
que Satanás entrou na Igreja, pretendendo arrancá-la à cruz de seu Senhor.
(Dietrich Bonhoeffer, 1906-1945, pastor
luterano, morto pelos nazistas, Alemanha)
ORAR
Não
é fácil tentar responder com sinceridade a pergunta de Jesus: “E vós, quem
dizeis que Eu sou?” Na verdade, quem é Jesus para nós? Sua pessoa nos chega
através de vinte séculos de imagens, fórmulas, devoções, experiências,
interpretações culturais... que vão desvelando e velando ao mesmo tempo sua
riqueza insondável. Mas, além disso, vamos revestindo Jesus do que somos cada
um de nós. E projetamos nele nossos desejos, aspirações, interesses e
limitações. E, quase sem dar-nos conta, o diminuímos e desfiguramos, inclusive
quando tratamos de exaltá-lo. Mas Jesus continua vivo. Nós cristãos não pudemos
dissecá-lo com nossa mediocridade. Ele não permite que o disfarcemos. Não se
deixa etiquetar nem se reduzir a uns ritos, fórmulas ou costumes. Jesus sempre
desconcerta quem se aproxima dele com postura aberta e sincera. Sempre é
diferente do que esperávamos. Sempre abre novas brechas em nossa vida, rompe
nossos esquemas e nos atrai para uma vida nova. Quanto mais o conhecemos, mais
sabemos que ainda estamos começando a descobri-lo. Jesus é perigoso. Percebemos
nele uma entrega aos seres humanos que desmascara nosso egoísmo. Uma paixão
pela justiça que sacode nossas seguranças, privilégios e egoísmos. Uma ternura
que deixa a descoberto nossa mesquinhez. Uma liberdade que rompe nossas mil escravidões
e sujeições. E, sobretudo, intuímos nele um mistério de abertura e de
proximidade a Deus que nos atrai e convida a também abrir nossa existência ao
Pai. Vamos conhecendo a Jesus, na medida em que nos entregamos a Ele. Só há um
caminho para aprofundar-nos em seu mistério: segui-lo.
(José Antonio Pagola, 1937, Espanha).
CONTEMPLAR
Esperando para registrar, 2015, campo de refugiados de Presevo, Sérvia, Matic Zorman
(1986-), World Press Photo, Eslovênia.