II Domingo da Páscoa 08.04.2018
At 4, 32-35 1 Jo 5, 1-6 Jo 20,
19-31
ESCUTAR
Os apóstolos davam testemunho da
ressurreição do Senhor Jesus (At 4, 33).
Este é o que veio pela água e pelo
sangue: Jesus Cristo (1 Jo 5, 6).
“A paz esteja convosco. Como o Pai me
enviou, também eu vos envio”. E depois de ter dito isto, soprou sobre eles e
disse: “Recebei o Espírito Santo (Jo 20, 21-22).
MEDITAR
A fé na ressurreição de Jesus não é
crer em um prodígio insólito ou no mito de um outro mundo: é inserir-se em uma
visão de história, é uma orientação de vida, uma decisão de todo instante, é um
compromisso de viver uma vida sempre nova por ser incessantemente arrancada da
complacência de si, da inércia, da autossuficiência. Aí está a verdadeira
dificuldade de crer na ressurreição e a seriedade da fé que nela depositam.
(Joseph Moingt, 1915-, França)
ORAR
O
relato de João não pode ser mais sugestivo e instigante. Somente quando Jesus
ressuscitado vem no meio deles, os discípulos se transformam, recuperam a paz,
desaparecem seus medos, enchem-se de uma alegria desconhecida, notam o alento
de Jesus sobre eles e abrem as portas porque se sentem enviados a viver a mesma
missão que ele havia recebido do Pai. A crise atual da Igreja, seus medos e sua
falta de vigor espiritual tem sua origem num nível mais profundo: com
frequência, a ideia da ressurreição de Jesus e de sua presença no meio de nós é
mais uma doutrina pensada e pregada do que uma experiência vivida. Cristo
ressuscitado está no centro da Igreja, mas sua presença viva não está enraizada
em nós, não está incorporada à substância de nossas comunidades, não nutre cotidianamente
nossos projetos. Depois de vinte séculos de cristianismo, Jesus não é conhecido
e nem compreendido em sua originalidade, não é amado nem seguido como foi por
seus discípulos e discípulas. Nota-se imediatamente quando um grupo ou uma
comunidade cristã se sente como que habitado por essa presença invisível, mas
real e ativa do Cristo ressuscitado. Não se contenta em seguir rotineiramente
as diretrizes que regulam a vida eclesial; possui uma sensibilidade especial
para escutar, buscar, recordar e aplicar o Evangelho de Jesus. São os espaços
mais saudáveis e vivos da Igreja. Nada nem ninguém nos pode trazer hoje a
força, a alegria e a criatividade que necessitamos para enfrentarmos uma crise
sem precedentes, a não ser a presença viva do Cristo ressuscitado. Privados de
seu vigor espiritual, não sairemos de nossa passividade quase inata,
continuaremos com as portas fechadas ao mundo moderno, seguiremos fazendo “o
mandado”, sem alegria nem convicção...Temos que reagir. Necessitamos de Jesus
mais do que nunca. Urge viver de sua presença viva, recordar em toda ocasião
seus critérios e seu Espírito, repensar constantemente sua vida, deixá-lo ser o
inspirador de nossa ação. Ele nos pode transmitir mais luz e mais força como
ninguém. Ele está no meio de nós, comunicando-nos sua paz, sua alegria e seu
Espírito.
(José Antonio Pagola, 1937-, Espanha)
CONTEMPLAR
Daniil Simkin,
2015, Staatsballett Berlim & American Ballet Theatre,
foto da New York City Dance Project.
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