segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

O Caminho da Beleza 09 - III Domingo do Tempo Comum

Muitos pensam de modo diferente, sentem de modo diferente. Procuram Deus ou encontram Deus de muitos modos. Nesta multidão, nesta variedade de religiões, só há uma certeza que temos para todos: somos todos filhos de Deus. Que o diálogo sincero entre homens e mulheres de diferentes religiões produza frutos de paz e de justiça.
(Papa Francisco, 2016)

Não temos um só Pai? Não nos criou um mesmo Deus? Por que trabalhamos tão perfidamente uns contra os outros?
(Ml 2, 10)


III Domingo Tempo Comum             22.01.2017
Is 8, 23b-9, 3                     1 Cor 1, 10-13.17               Mt 4, 12-23


ESCUTAR

O povo que andava na escuridão, viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu (Is 8, 23b).

Sejais todos concordes uns com os outros e não admitais divisões entre vós. Pelo contrário, sede bem unidos e concordes no pensar e no falar (1 Cor 1, 10).

“O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz e para os que viviam na região escura da morte brilhou uma luz. Daí em diante Jesus começou a pregar dizendo: ‘Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo’. Jesus andava por toda a Galileia, ensinando em suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando todo tipo de doença e enfermidade do povo” (Mt 4, 16-17.23).


MEDITAR

Um vinho bebemos
em memória do amado,
antes que a vinha existisse
e embriagados ficamos.

A taça que o contém
é o disco brilhante da lua,
e o vinho é o sol...

Se da taça
escorre uma gota
e cai sobre a palma da mão
de quem a segura,
este nunca mais se perderá
ao caminhar nas trevas,
pois em sua mão resplandece
uma estrela.
(Omar, filho de Al-Farid, 1181-1234, Islã)


ORAR

A missão de Jesus não se inicia no deserto como a de João, o Batista; nem em Jerusalém, a capital religiosa e o centro do poder político e econômico. A missão de Jesus se inicia na Galileia onde residiam numerosos pagãos. A fase decisiva da história da salvação se inicia numa região que os judeus desprezavam e consideravam sombria. Sobre este país, uma luz se ergue e brilha para que seja comunicada a todos os homens e mulheres de todos os tempos e lugares do mundo. O Verbo não se esconde de ninguém e o paradoxo cristão se revela na desproporção infinita que existe entre o que somos e a missão que nos é confiada: uma missão cumulada com a misericórdia e o amor do Cristo. Na medida em que nos abandonamos à força de Deus somos cumulados de bênçãos para que cumpramos o seu desígnio e este desígnio é o próprio Deus presente no mundo. A sabedoria do Cristo é o abandono a Deus, pois quem nos envia nunca nos deixará sozinhos, uma vez que o seu Espírito habita em nossos corações. A nossa vida não é somente nossa, mas é a própria vida do Cristo presente hoje, como outrora, na sua condição terrena de humildade e pobreza. Paulo exclamava: “Não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gal 2, 20). Jesus nos testemunha que a humildade de sua vida não O impediu de realizar a salvação do mundo. Ao contrário, foi precisamente na sua fraqueza que pôde realizar a obra que lhe foi confiada, pois “a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens” (1 Cor 1, 25). Não devemos nos escandalizar: o Cristo está presente na nossa humildade e pobreza e são estas que se tornam os instrumentos escolhidos por Deus para continuar a missão de Jesus. Os verbos ver, chamar e seguir fazem parte da dinâmica do chamado de Jesus para que caminhemos com Ele segundo a originalidade de nossos talentos. Ninguém está privado do seu olhar e nem afastado do seu apelo. A liberdade do cristão é construída, cotidianamente, numa dinâmica permanente e conflitante do “abandono de... para alguma coisa”, que desemboca na plenitude do Amor e no amor que “tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1 Cor 13, 7). Um amor que jamais acabará. A Igreja de Jesus deve estar em casa quando fica indignada com a pobreza das massas e se alimentar da hospitalidade de uma esperança que nunca discrimina, pois qualquer discriminação, por menor que seja, é escuridão e sombra da morte. Devemos nos converter em “povo que andava na escuridão e viu uma grande luz” para que nos transformemos, de uma vez por todas, nestes inumeráveis grãos de trigo que, reunidos, fermentados e sovados, tornam-se um só pão que será, por todos os séculos, o Pão da Vida. 


CONTEMPLAR

S. Título, s.d.,  Margaret Durow (1989-), da série “Peso e Espera”, Wisconsin, Estados Unidos.




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