Muitos pensam de modo
diferente, sentem de modo diferente. Procuram Deus ou encontram Deus de muitos
modos. Nesta multidão, nesta variedade de religiões, só há uma certeza que
temos para todos: somos todos filhos de Deus. Que o diálogo sincero entre homens
e mulheres de diferentes religiões produza frutos de paz e de justiça.
(Papa Francisco, 2016)
Não temos um só Pai? Não nos
criou um mesmo Deus? Por que trabalhamos tão perfidamente uns contra os outros?
(Ml 2, 10)
II Domingo do Tempo Comum 15.01.2017
Is 49, 3.5-6 1 Cor 1, 1-3 Jo 1, 29-34
ESCUTAR
“Eu te farei luz das nações, para que minha salvação
chegue até os confins da terra” (Is 49, 6).
Para vós graça e paz da parte de Deus, nosso Pai e do
Senhor Jesus Cristo (1 Cor 1, 2).
“Eu vi o Espírito descer, como uma pomba, do céu e
permanecer sobre ele” (Jo 1, 32).
MEDITAR
Uma vez um ermitão perguntou ao demônio: “Quando
tentas a um ermitão, o que fazes em primeiro lugar?”. O demônio lhe respondeu:
“Deixo que organize a sua vida”. Vivemos na ilusão, se pensamos que organizando
perfeitamente nossa vida mediante a cuidadosa observância de uma ordem do dia,
hora de levantar-se, de rezar, etc., estamos servindo a Deus. Este não pode ser
um critério autêntico de vida espiritual. Na paz superficial e na segurança,
não há lugar para a confiança (Shigeto Oshida, mestre Zen).
ORAR
As leituras de hoje nos
falam do acesso ao desconhecido. O Cristo anunciado pelo profeta transcende a
dimensão de servo: “Eu te farei luz das nações, para que minha salvação chegue
até os confins da terra”. A palavra de Deus diz sempre mais do que quem a diz.
Temos que passar do conhecido de ontem ao desconhecido de hoje. Não podemos nos
reduzir às homenagens aos profetas do passado, mas tornar atuais as suas
profecias ao ler os sinais dos tempos. Aceitar a palavra de Deus significa
romper a crosta dos nossos hábitos e costumes e ir mais além do nosso horizonte
doméstico. Somos fiéis à Palavra de Deus na medida em que valorizamos o seu
alcance profético e não a prendemos com grilhões e nem a mumificamos com o
bálsamo das nossas experiências passadas. Devemos nos deixar provocar pelo que
ainda não conhecemos e irmos até o limite do que nunca terminaremos de
explorar. O batismo de Jesus, por uma figura marginal em um lugar marginal,
cumpre toda a justiça ao revelar que o Senhor escolhera Jesus, o Filho Amado,
para realizar um reino justo e libertador, diante da oposição dos que estão
apenas preocupados em manter tudo como está. O evangelista proclama: “Eu não o
conhecia” e nos faz conhecê-Lo como Desconhecido. O Cristo permanece
desconhecido, pois revestido do Espírito de Liberdade, não se deixa aprisionar
pela miopia das igrejas e nem se reduzir a conceitos que servem mais para
dividir o Povo de Deus do que uni-lo num só corpo e num só Espírito. A
comunidade eclesial deve alimentar o gosto pelo desconhecido e por tudo que
ainda devemos e poderemos descobrir. É necessário nos converter do Jesus
conhecido das nossas devoções, das práticas costumeiras e consumido pelas
nossas estruturas, para um Cristo Desconhecido que somente se encontra quando
rompemos a prisão confortável das nossas certezas e falsas seguranças, das
nossas idolatrias fossilizadas que nos trazem a tranquilidade enganosa dos
pântanos e nos sepultam na paz dissimulada dos cemitérios. Meditemos as
palavras de Bento XVI: “Se, em definitivo, o meu bem estar, e a minha
incolumidade é mais importante do que a verdade e a justiça, então vigora o
domínio do mais forte; então reinam a violência e a mentira. Sofrer com o
outro, pelos outros; sofrer por amor da verdade e da justiça; sofrer por causa
do amor e para se tornar uma pessoa que ama verdadeiramente: estes são
elementos fundamentais de humanidade e o seu abandono destruiria o mesmo homem”
(Spe Salvi, 39).
CONTEMPLAR
Chuva, 2013, Vlad
Chorniy, Kiev, Ucrânia.
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