Muitos pensam de modo
diferente, sentem de modo diferente. Procuram Deus ou encontram Deus de muitos
modos. Nesta multidão, nesta variedade de religiões, só há uma certeza que
temos para todos: somos todos filhos de Deus. Que o diálogo sincero entre homens
e mulheres de diferentes religiões produza frutos de paz e de justiça.
(Papa Francisco, 2016)
Não temos um só Pai? Não nos
criou um mesmo Deus? Por que trabalhamos tão perfidamente uns contra os outros?
(Ml 2, 10)
IV Domingo do Tempo Comum 29.01.2017
Sf 2, 3; 3, 12-13 1 Cor 1, 26-31 Mt 5, 1-12
ESCUTAR
Buscai o Senhor, humildes da terra,
que pondes em prática seus preceitos; praticai a justiça, procurai a humildade (Sf
2, 3).
Deus escolheu o que o mundo considera
como estúpido, para assim confundir os sábios (1 Cor 1, 27-29).
“Bem-aventurados sois vós, quando vos
injuriarem e perseguirem, e mentindo disserem todo tipo de mal contra vós, por
causa de mim. Alegrai-vos e exultai porque será grande a vossa recompensa nos
céus” (Mt 5, 1-12).
MEDITAR
Minha fé é que o Cristo ressuscita
hoje em todo homem que sofre, em toda a situação de opressão e que é vivendo o
amor com que o Cristo amou que podemos transformar nosso mundo. Dar minha vida,
deixá-la ser tomada, isto tem sido e é, dia após dia, por meio das tentativas
da oração e da ação, reconhecer que o Cristo é o centro de minha vida e eu não
posso mais viver fora de seu amor. (Roger Schutz)
ORAR
Não podemos continuar
considerando as bem-aventuranças como um ideal
da vida cristã, pois ideal está mais
próximo da filosofia grega do que das Escrituras que nos garantem: “Cristo
morreu por nossos pecados, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo
as Escrituras” (1 Cor 15, 3). Temos que ler nas histórias concretas que nos
precederam para melhor procurá-Lo e encontrá-Lo nas nossas vidas. Muito mais do
que um ideal, as bem-aventuranças nos
indicam a maneira de agir, em qualquer circunstância para agradar a Deus e não
confundi-Lo com falsos ídolos (Sl 118, 105). Devemos nos esforçar para amar,
para exercer a misericórdia e para ver o outro, seja quem for, como um irmão.
Jesus nos deu este exemplo e, com certeza, como Ele, conheceremos a calúnia, o
desprezo, a perseguição e a ardente sede de justiça. Seremos tratados como
loucos, mas seremos chamados, pelo Cristo, de felizes e bem-aventurados, as
palavras-chave das Beatitudes que são palavras inesgotáveis de ternura e de
vida. Em todos os lugares e tempos, desde que o Evangelho foi anunciado, os que
encontram apreço e valor aos olhos e coração de Deus são a pobreza, o sofrimento
e a fraqueza. O cristão, pela encarnação do Cristo, é um cidadão do mundo e
deve se inclinar para descobrir, no tempo em que vive, onde estão os pobres, os
que sofrem e os que são fracos para, com eles, indignar-se e clamar pela
justiça prometida por Deus. O cristão será confrontado, como o Cristo, com o
Palácio e o Templo, responsáveis pela violência destruidora, seja do poder, do
preconceito ou da discriminação. Para se construir a Paz fundada na justiça –
desígnio de Deus – será necessária uma revolução de valores em que a
solidariedade com a vida seja o alimento da esperança de um novo mundo e de uma
nova humanidade. As bem-aventuranças exigem um compromisso com a paz. Não só em
palavras, mas em atos que nada mais são do que palavras encarnadas. Cristãos
são os que rompem o conforto medíocre das suas igrejas e lares para entregar a
própria vida, uma vida que não lhes pertence porque lhes foi dada por Deus para
que honrem a vida, a morte e a ressurreição do seu Filho. Somos chamados a
perpetuar em nós a esperança nesta marcha dos bem-aventurados que sonham o
sonho impossível de dar uma chance a Paz. Eles sabem que a única coisa que
precisam é do Amor que conseguem por semear entre lágrimas os futuros cantos de
alegria e de ternura.
CONTEMPLAR
No mesmo barco, 2015, refugiados a bordo de um
barco de pesca superlotado no mar mediterrâneo, Francisco Zizola (1962-), Roma,
Itália.