VI Domingo de Páscoa 01.05.2016
At 15, 1-2.22-19 Ap
21, 10-14.22-23 Jo
14, 23-29
ESCUTAR
“Ficamos sabendo que alguns
dos nossos causaram perturbações com palavras que transtornaram vosso espírito”
(At 15, 24).
“A cidade não precisa de sol
nem de lua que a iluminem, pois a glória de Deus é a sua luz e a sua lâmpada é
o Cordeiro” (Ap 21, 23).
“Não se perturbe nem se
intimide o vosso coração” (Jo 14, 27).
MEDITAR
Seguir o Senhor, deixar seu Espírito transformar nossas zonas de sombra, nossos comportamentos que não vêm de Deus e lavar nossos pecados, este é um caminho que encontra numerosos obstáculos fora de nós, no mundo, e também dentro de nós, no coração. Não se acovardem! Nós temos a força do Espírito Santo para vencer essas provas (Francisco, Homilia, Roma, 23 de abril 2013).
ORAR
A desgraça
dos puristas de todos os tempos é a pretensão de impor cargas opressoras e
inúteis. De acrescentar ao jugo libertador do Cristo, um jugo suplementar e
opressor feito de bagatelas sufocantes, pois alguns indivíduos sentem um gosto
sádico ao exigir sacrifícios absurdos e são refratários às ações inovadoras do
Espírito. O livro do Apocalipse nos revela que Deus, por meio do Cordeiro, não
reside em edificações, pois Ele é o próprio templo numa Igreja transfigurada. O
novo santuário é o corpo ressuscitado de Jesus, o Cristo. Este mesmo Cristo
será, ao mesmo tempo, ponto de conjunção da humanidade com Deus e ponto de
união da humanidade inteira. A Igreja quando pretende exibir a própria luz e a
própria glória, termina, inevitavelmente, obscurecendo a Fonte da luz e vende
como esplendor celeste as luzes do êxito e do prestígio humano. A Igreja de
Jesus Cristo há de ser fiel à sua dinamicidade que a impede de ser nostálgica;
à sua fidelidade que a impede de desviar-se da sua razão de ser e à sua
profecia que a faz compreender os sinais dos tempos. A Igreja deve cultivar a
tolerância e o diálogo que a livram das enfermidades do poder e a esperança que
a faz superar dúvidas e incertezas. A Cidade de Deus não é uma cristandade
sociologicamente organizada, mas uma dinâmica do Espírito que age e transforma
o mundo por meio de nós. Antes de ser uma estrutura, a Igreja é uma comunidade,
fruto do acolhimento do Espírito no coração dos fiéis, pois “somente a recepção
acolhedora da Palavra, no Espírito, é formadora da comunidade cristã” (Francisco
Catão). Na Igreja, deve prevalecer a fé no Espírito, guia da Igreja, que deve
desaparecer para brilhar a luz do Cristo. A fé e o compromisso com Jesus Cristo
são um produto da ação do Espírito sobre nós, pois é este mesmo Espírito que
nos ensina a reconhecer sua ação no mundo atual, na sociedade conflitiva em que
vivemos e na realidade que nos rodeia.
CONTEMPLAR
Sem Título, Newcastle, 1999,
Peter Marlow (1952-2016), Londres, Reino Unido.