O Caminho da Beleza 33
Leituras para a travessia da vida
“A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
São Pedro e São Paulo 03.07.2011
At 12, 1-11 2 Tm 4, 6-8.17-18 Mt 16, 13-19
ESCUTAR
“O anjo tocou o ombro de Pedro, acordou-o e disse: ‘Levanta-te depressa!’ As correntes caíram-lhe das mãos. O anjo continuou: ‘Coloca o cinto e calça tuas sandálias!’ Pedro obedeceu” (At 12, 7-8).
“Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé” (2 Tm 4, 7).
“Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” (Mt 16,16).
MEDITAR
“O rico avarento é semelhante a um asno carregado de ouro, que só come palha” (Provérbio argelino).
“Pense em Deus com fé, pense no próximo com amor, pense em ti mesmo com humildade” (S. João Bosco).
“Nós devemos nos dar e só nos possuímos à medida do dom que fazemos de nós mesmos. Nós só nos expandimos na gratuidade. Nossa liberdade consiste precisamente viver desta gratuidade, a existir em ação de graças e a passar da servidão ao serviço” (Jean-Guy Saint Arnaud).
ORAR
A Igreja de Jesus, pobre e hospitaleira, nunca poderá estar aprisionada aos grilhões do poder, sejam os da perseguição ou os dos privilégios. Os mistérios foram e são revelados pelo Pai aos pequenos e não aos eruditos ou astutos. Pedro pertence à categoria dos simples seguidores que vivem com o coração aberto. É Jesus quem constrói a Igreja. Ela é sua e Jesus não a constrói sobre a areia. Pedro, como nós, será uma pedra nesta Igreja não por ter a solidez e a firmeza de temperamento. Pedro, honesto e apaixonado, é também inconstante e inconsistente. Seu poder repousa, simplesmente, sobre a sua fé em Cristo.
Pedro é libertado da boca do leão, os dois sustentáculos do poder utilizados, em todo tempo, para a submissão de todos: o Estado e a Religião. Pedro exclama: “Agora eu sei, de fato, que o Senhor enviou o seu anjo para me libertar do poder de Herodes e de tudo o que o povo judeu esperava”.
A Igreja de Jesus vive da sua dimensão peregrina diversa e plural. Uma Igreja que durante a sua existência enfrentará situações de dilaceramentos e que nelas forjar-se-á como uma Igreja solidária e portadora da paz para todos os que sofrem perseguição por amor à justiça.
Paulo, o que vive na liberdade do Espírito, revela que a travessia é duelo: combater, completar a corrida e guardar a fé. É a de sermos testemunhas vivas de que, apesar de tudo, somos capazes de manter a lealdade à comunidade fraterna de Jesus na qual aquele que se perde é o que se encontra.
O Concílio Vaticano II vai consagrar a Igreja do Serviço: “Nenhuma ambição terrestre move a Igreja. Com efeito, guiada pelo Espírito Santo, ela pretende somente uma coisa: continuar a obra do próprio Cristo, que veio ao mundo para dar testemunho da verdade, para salvar e não para condenar, para servir e não para ser servido” (Gaudium et Spes, 3).
Devemos ter cuidado ao usarmos metáforas para a Igreja de Jesus, sobretudo a da barca. No final do livro de Atos, todos são salvos não por estarem protegidos na barca, mas pela partilha do pão abençoado na presença de todos, por todos comidos e, por isso, animados, alimentados e saciados. A barca encalhou nas correntes de suas próprias âncoras e, ironia do destino, ficou presa em si e por si mesma (At 27, 41).
A comunidade eclesial deve ser a comunidade concreta de homens e mulheres, a Igreja de Jesus, que vai ao encontro e ao diálogo com todos os outros homens e mulheres do mundo. Uma Igreja pobre, mas rica de compaixão que não faz nas barcas do poder a sua travessia para a vida eterna, pois o Senhor prevenira que destas barcas sobrarão apenas os pedaços espalhados pelo mar da história.
O Papa Bento XVI é enfático: “A escola da fé não é uma marcha triunfal, mas um caminho salpicado de sofrimento e de amor, de provas e de uma fidelidade que deve se renovar todos os dias” (Audiência 24.05.2006), pois “O Deus misterioso não constitui uma solidão infinita, Ele é um acontecimento de Amor... Agora é nos dado saber: O Espírito Criador tem um Coração” (Homilia de Pentecostes, 2006).
CONTEMPLAR
São Pedro e São Paulo, Ícone Anônimo.