segunda-feira, 20 de junho de 2011

O Caminho da Beleza 32 - XIII Domingo do Tempo Comum

O Caminho da Beleza 32
Leituras para a travessia da vida



A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).


Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).



XIII Domingo do Tempo Comum               26.06.2011
2Rs 4, 8-11.14-16             Rm 6, 3-4.8-11                  Mt 10, 37-42



ESCUTAR

“Façamos para ele, no terraço, um pequeno quarto de alvenaria, onde colocaremos uma cama, uma mesa, uma cadeira e um candeeiro. Assim, quando vier à nossa casa, poderá acomodar-se aí” (2 Rs 4, 10).

“Assim também nós levemos uma vida nova” (Rm 6, 4).

“Quem vos recebe a mim recebe; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou” (Mt 10, 40).


MEDITAR

“Jesus quer nos iniciar na verdadeira vida, na arte de viver verdadeiramente. A vida floresce se nós lhe damos tempo e se somos, suficientemente, livres para viver num instante” (Anselm Grün).

“O homem não sabe jamais o que lhe acontecerá amanhã, senão, ele não seria mais livre; sem cessar ele é colocado diante de escolhas a fazer e é ele quem constrói ou destrói a sua existência” (Jean Lafrance).


ORAR

            A primeira leitura deste domingo nos revela que a hospitalidade era uma prática corrente e usual nos povos antigos, pois eram e continuam sendo de vital importância aos olhos de Deus todos os gestos desinteressados de acolhida e caridade feitos pelos que são capazes das virtudes da abertura e do dom.
            O evangelho apresenta a exigência de uma renúncia total, de um seguimento sem reticências, sem volta, e de um amor sem restrições. A comunidade cristã há de ser acolhedora com os que renunciaram a seus privilégios e nestes ver o próprio Cristo e “Aquele que O enviou”. Seguir a Cristo e “tomar a Cruz” implica desprendimentos, renúncias, contrastes e lutas. Nesta travessia, as escolhas são decisivas e o próprio Jesus, na sua prática, fez emergir as contradições e provocou dilaceramentos profundos entre pessoas e grupos: “Esse discurso é bem duro: quem poderá escutá-lo? (Jo 6, 60). As frases deste discurso não são simbólicas, mas revelam a realidade que assistimos ainda hoje em tantos lugares do planeta: o testemunho valente da fé paga-se com perseguição; a denúncia da injustiça pode custar um assassinato; levantar a voz contra os poderosos, em defesa dos pobres, como fizeram tantos cristãos e cristãs, pode ter como prêmio uma rajada de metralhadora e na cabeça, não a auréola do martírio, mas uma etiqueta de subversivo.
Apesar de tudo, muitos cristãos testemunham o seguimento, ao mesmo tempo em que para tantos outros tudo isto parece uma possibilidade remota. Estes, pertencendo a qualquer movimento religioso oficial, têm a sua carreira facilitada por cargos, promoções e carreiras hierárquicas nas igrejas, num estilo de cristianismo de baixo custo que, ao assegurar privilégios e favores, tem pouco a ver com o Cristo.
Jesus nos chama a perder a vida e não a medi-la com cálculos oportunistas. Jesus nos apela a arriscar tudo, a nos entregarmos sem reservas, a nos doarmos apaixonadamente, a nos dispormos a tudo perder por valores que valem mais do que uma vida. Viver o Cristo é viver a vida sem blefar.
O evangelho se encerra com um benéfico “copo de água fresca dado a um desses pequeninos”, desvelando a chave da hospitalidade, sinal indelével do cristão. A hospitalidade oferecida aos profetas, aos poetas, aos considerados marginais é, sem dúvida, a mais difícil porque estas pessoas, como o Cristo, nunca aparecem demasiado recomendáveis segundo as mentalidades dirigentes, sociais e religiosas: “Seus familiares saíram para dominar Jesus, pois diziam que estava fora de si” (Mc 3, 21).
Estar a caminho é condição do seguimento, pois o Evangelho nos impulsiona para outros lugares e os que acolhem e oferecem generosa hospitalidade, sem se importar com outros títulos, fora o de servo, participam do mesmo prêmio que é o do serviço prestado ao próprio Jesus.
Neste domingo, sem maiores especulações e pirotecnias, devemos saber que, certamente, a salvação passa pela Cruz, mas também passa por um copo d’água fresca oferecido com fraternidade e por compaixão.

CONTEMPLAR

Cruz, Arcabas (Jean-Marie Pirot), Igreja do Espírito Santo e de S. Alessandro Mártir, Arquidiocese de Portoviejo, Equador.

















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