sexta-feira, 15 de novembro de 2024

O Caminho da Beleza 52 - XXXIII Domingo do Tempo Comum

A Palavra se fez carne e armou sua tenda entre nós (Jo 1, 14).


XXXIII Domingo do Tempo Comum                                 

Dn 12, 1-3               Hb 10, 11-14.18                 Mc 13, 24-32

 

 

ESCUTAR

 

“Naquele tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, defensor dos filhos de teu povo” (Dn 12, 1).

 

“Não lhe resta mais senão esperar até que seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés” (Hb 10, 13).

 

“O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão” (Mc 13, 31).

 

 

MEDITAR

 

Hoje não existem deuses que possam ser explicitamente definidos como tais. Porém, existem forças diante das quais o homem se dobra. O capital, a propriedade em geral, bem como a ambição, são algumas delas. O bezerro de ouro é, sob diversos aspectos, de grande atualidade no mundo ocidental. O risco existe de nos reduzirmos a uma tecnocracia cujo único critério seria o aumento do consumo.

(Papa Bento XVI)

O Evangelho pode permanecer letra morta, sem vida, se ele não se incarna em nossa existência pessoal. Nós podemos ter a impressão de compreendê-lo, nós podemos dissecar cada palavra, mas se ele não se torna palavra vivente isso não serve para nada.

(D. Guillaume Jedrzejczak)

 

ORAR

 

Os textos “apocalípticos” podem nos conduzir a dois tipos de leitura: à dos anunciadores de desventuras e experts em catástrofes ou à dos semeadores da esperança e construtores do futuro. O papa João XXIII discursava na abertura solene do Concílio Ecumênico Vaticano II, em 11 de outubro de 1962: “As pessoas só veem desastres e calamidades nas condições em que atualmente vive a humanidade. Temos o dever de discordar desses profetas da miséria, que só anunciam infortúnios, como se estivéssemos no fim do mundo”. Há sempre sinais de alegria nestes tempos “apocalípticos”. No profeta, os que dormem no pó da terra despertarão e os sábios brilharão como o firmamento. No evangelho, entre os escombros e as cinzas brotará uma figueira com seus ramos verdes como um presságio de primavera e dos frutos de verão. Deus tem a última palavra e é uma palavra que não passa e julgará a História. Estamos sempre diante da alternativa de escolher entre perspectivas contrastantes: boas ou más notícias; o fruto seco ou folhas verdes; o relâmpago que cega ou a luz delicada de algo que começa. O mais importante é saber que o Senhor está “próximo, às portas”; que o mundo novo já está presente dentro de nós e que na fragilidade do coração está o futuro e o eterno. A “palavra que não passa” nos garante que Deus nos chama à vida e que a chamada se coloca nem no início e nem na chegada, ela se dispõe para a gente é no meio da travessia. Devemos alimentar a certeza de que um dia chegará a Vida definitiva, sem espaço nem tempo, e viveremos no Mistério de Deus. O sol, a lua e os astros se apagarão, mas o mundo não restará sem luz. Será o Cristo quem o iluminará para sempre pondo a verdade, a justiça e a paz na história humana tão escrava dos abusos, das injustiças e das mentiras. Jesus adverte que o fruto de uma doutrina petrificada, de uma ideologia sustentada pelo terror, de uma religião fundamentalista sempre nos conduz à guerra e que diante da ruína só dispomos de um lugar de esperança: o coração. Para os cristãos, a Cruz que devem abraçar todos os dias não é derrota nem malogro, mas o advento do Humano que nos conduzirá à Vida Eterna ao destruir os poderes da Morte: “No mundo passareis por sofrimento e tribulações, mas tende ânimo e coragem, pois Eu venci o mundo!” (Jo 16, 33). E o Filho do Homem transformará “o deserto num Éden, o ermo em paraíso do Senhor; aí haverá prazer e alegria, com ação de graças ao som de instrumentos” (Is 51, 3) e, para sempre, a profecia se cumprirá: “O lobo e o cordeiro andarão juntos, a pantera se deitará com o cabrito, o bezerro e o leão engordarão juntos; um menino os pastoreia” (Is 11, 6). 

 

(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)

 

 

CONTEMPLAR

 

Reino de Paz, 1834, Edward Hicks (1780-1839), óleo sobre tela, National Gallery of Art, Washington, Estados-Unidos.





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