A Palavra se fez carne e armou sua tenda entre nós (Jo 1, 14).
Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo
Dn 7, 13-14 Ap 1, 5-8 Jo 18, 33b-37
ESCUTAR
“Foram-lhe dados poder, glória e realeza, e todos os povos, nações e línguas o serviam: seu poder é um poder eterno que não lhe será tirado, e seu reino, um reino que não se dissolverá” (Dn 7, 14).
“Eu sou o alfa e o ômega” (Ap 1, 8).
“Jesus respondeu: ‘Mas o meu reino não é daqui’” (Jo 18, 36).
MEDITAR
Olhai-o!
Não olhai sua divindade,
mas olhai antes sua liberdade!
Não olhai as histórias exageradas de seu poder,
mas olhai antes sua capacidade infinita de se doar ao outro.
Não olhai a mitologia do primeiro século que o cercou,
mas olhai antes sua coragem de ser,
sua capacidade de viver e
a qualidade contagiosa de seu amor.
Parai vossa busca frenética!
Parai e conhecei que Deus é isto:
este amor,
esta liberdade,
esta vida,
este ser...
Beijai esse sopro do Cristo
e ousai ser
você mesmo!
Creio que é este o caminho para Deus, o Deus que encontrei
nesse Jesus tão profundamente humano.
Shalom!
(John Shelby Spong)
ORAR
Jesus contrapõe aos reinos deste mundo um reino de amor, de solidariedade e de justiça. À má-força dos poderes que subjugam temos que construir nos poros do nosso cotidiano uma anti-força: a do amor e da verdade. A comunidade de Jesus se encontra no meio do mundo e ela não é um refúgio que nos permite evadir da nossa responsabilidade histórica. Jesus afronta os poderes políticos e religiosos ao revelar a sua descendência: “Vós sois do diabo, vosso pai, e quereis realizar os desejos do vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade, porque nele não há verdade: quando ele mente, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8, 44). Jesus se apresenta como um semeador, como um pastor e um pescador, figuras emblemáticas da simplicidade e do despojamento. Semeia as sementes de várias espécies, pastoreia todos os tipos de ovelha e lança a rede para colher uma grande variedade de peixes. A acolhida e abertura à diversidade é a marca do Evangelho, confirmada por Francisco quando afirma que o “Senhor derramou o seu sangue não para alguns, nem por poucos, nem por muitos, mas por todos” (Discurso de Florença, 10.11.2015). Jesus é Rei de um reino longe de qualquer realeza ou triunfalismo. O élan vital da construção permanente deste reino é o amar que nos conduz à paz e à justiça para todos. Um amor como convicção, que denominamos fé; um amor como agir transformador que nomeamos esperança. Com o Crucificado entrou no mundo, para sempre, a força revolucionária do amor que declarou fora da lei e do Espírito todos as formas de poder, quaisquer que sejam. O poder que serve a si mesmo corrompe o Espírito. O amor que liberta é o anti-poder que revoluciona porque “qualquer maneira de amor vale a pena, qualquer maneira de amor valerá!”. Cristo nos revela que todos os que entregam a sua vida por amor e pela verdade são e serão os reis e rainhas neste reinado de Deus. No reino, aqui e agora, e para sempre, todos seremos um só no Sopro de Amor que nos une!
(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)
CONTEMPLAR
Coroação de Espinhos, c. 1622-3, Dirck van Baburen (1595-1624), óleo sobre tela, 106 x 136 cm, Museum Catharijneconvent, Utrecht, Países Baixos.