quinta-feira, 11 de maio de 2023

O Caminho da Beleza 25 - VI Domingo da Páscoa

Peguei da mão do anjo o livrinho e comi-o. Na boca era doce como mel, mas, quando o engoli, meu estômago tornou-se amargo (Ap 10, 10).

VI Domingo da Páscoa

At 8, 5-8.14-17                  1 Pd 3, 15-18                      Jo 14, 15-21

 

ESCUTAR

“Era grande a alegria naquela cidade” (At 8, 8).

“Amados, santificai em vossos corações o Senhor Jesus Cristo e estai sempre prontos a dar razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la pedir” (1 Pd 3, 15).

“Quem acolheu os meus mandamentos e os observa, esse me ama. Ora, quem me ama será amado por meu Pai e eu o amarei e me manifestarei a ele” (Jo 14, 21).

 

MEDITAR

Um único olhar, um único pensamento, um único batimento do coração, têm uma dimensão infinita. O Amor transfigura todos os cálculos e estatísticas. Não somos mais uma gota impessoal no oceano, mas uma vida insubstituível e um destino que tem o seu próprio valor.

(André Dupleix)

 

 ORAR

     Jesus nos deixa uma possibilidade: “Se me amais, guardareis meus mandamentos”; e não uma ordem: “se sois obedientes não seguirão para o inferno”. Ele diz: “Quem me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei”. O amor é a única maneira de viver o Cristo e qualquer outro comportamento, ainda que seja irrepreensível, se não for amoroso, não é cristão. A Igreja é a igreja de Jesus não quando é o lugar da obediência, da disciplina, da perfeita organização funcional, do dogmatismo, mas quando é a Igreja do amor e da misericórdia. Jesus, antes de partir, não distribui nenhum diploma e muito menos um certificado de autenticidade cristã. Nossos atos são autenticados por Jesus se estão escritos na língua do amor. Pelo dom do Espírito da Verdade, o Cristo e o Pai estarão presentes no meio de nós: “Não vos deixarei órfãos”. O homem é o lugar onde irrompe o universo celeste, o lugar onde habita o Outro. Devemos nos abandonar, nas entranhas, a esse dom, convencidos, como diz o teólogo Yves Congar, de que “Deus Pai, pelo seu Espírito, faz com que Cristo habite em nossos corações, isto é, nessa profundeza de nós mesmos onde se forma a orientação de nossa vida”. Essa Igreja da interioridade não é intimista, isolada, fechada sobre si mesma, mas uma comunidade de amor e de liberdade expressas na ternura de Deus em cada um e na lealdade entre todos de dar razão da sua esperança e generosidade. A esperança existe quando é convincente o amor que manifestamos em atos concretos. Somos o que praticamos, pois a prática do amor aniquila a ambiguidade das palavras. Jesus vai ao fundo de nós mesmos. Não fica na superfície das aparências. Olha as pessoas como o Pai as olha. Sabe seus sonhos, seus medos, seus sofrimentos e aspirações. Sabe o que cada um é e que é imperativo romper o medo de chegar ao centro de nós mesmos. Sabe aquilo que o poeta Leminski, cheio do Espírito, dizia: “isso de querer ser /exatamente aquilo/que a gente é/ainda vai/nos levar além”. É vital superarmos o comportamento religioso baseado no medo, no pecado e nos limites traumatizantes. O Cristo nos oferece continuamente algo maior e mais além. Oferece-nos a liberdade e a coragem da nossa capacidade mesma de sermos ternos e de amar. Meditemos as palavras de Francisco: “Excluímos da Igreja a categoria da ternura. Vizinhança e ternura são as duas maneiras do amor do Senhor. Elas nos fazem ver a força do amor de Deus.  Não se salva por decreto ou com uma lei: salva-se com ternura”.

(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)


CONTEMPLAR

Rita Lee, 1997, Bob Wolfenson, São Paulo, Brasil.




 

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