Peguei da mão do anjo o livrinho e comi-o. Na boca era doce como
mel, mas, quando o engoli, meu estômago tornou-se amargo (Ap 10, 10).
VI Domingo da Páscoa
At 8, 5-8.14-17 1
Pd 3, 15-18 Jo 14,
15-21
ESCUTAR
“Era grande a
alegria naquela cidade” (At 8, 8).
“Amados,
santificai em vossos corações o Senhor Jesus Cristo e estai sempre prontos a dar
razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la pedir” (1 Pd 3, 15).
“Quem acolheu
os meus mandamentos e os observa, esse me ama. Ora, quem me ama será amado por
meu Pai e eu o amarei e me manifestarei a ele” (Jo 14, 21).
MEDITAR
Um único olhar, um único pensamento, um único
batimento do coração, têm uma dimensão infinita. O Amor transfigura todos os
cálculos e estatísticas. Não somos mais uma gota impessoal no oceano, mas uma
vida insubstituível e um destino que tem o seu próprio valor.
(André Dupleix)
ORAR
Jesus nos deixa uma
possibilidade: “Se me amais, guardareis meus mandamentos”; e não uma ordem: “se
sois obedientes não seguirão para o inferno”. Ele diz: “Quem me ama será amado
por meu Pai, e eu o amarei”. O amor é a única maneira de viver o Cristo e
qualquer outro comportamento, ainda que seja irrepreensível, se não for
amoroso, não é cristão. A Igreja é a igreja de Jesus não quando é o lugar da
obediência, da disciplina, da perfeita organização funcional, do dogmatismo,
mas quando é a Igreja do amor e da misericórdia. Jesus, antes de partir, não
distribui nenhum diploma e muito menos um certificado de autenticidade cristã.
Nossos atos são autenticados por Jesus se estão escritos na língua do amor. Pelo
dom do Espírito da Verdade, o Cristo e o Pai estarão presentes no meio de nós:
“Não vos deixarei órfãos”. O homem é o lugar onde irrompe o universo celeste, o
lugar onde habita o Outro. Devemos nos abandonar,
nas entranhas, a esse dom, convencidos,
como diz o teólogo Yves Congar, de que “Deus
Pai, pelo seu Espírito, faz com que Cristo habite em nossos corações,
isto é, nessa profundeza de nós mesmos onde se forma a orientação de nossa vida”.
Essa Igreja da interioridade não é intimista, isolada, fechada sobre si mesma,
mas uma comunidade de amor e de liberdade expressas na ternura de Deus em cada
um e na lealdade entre todos de dar razão da sua esperança e generosidade. A
esperança existe quando é convincente o amor que manifestamos em atos
concretos. Somos o que praticamos, pois a prática do amor aniquila a
ambiguidade das palavras. Jesus vai ao fundo de nós mesmos. Não fica na
superfície das aparências. Olha as pessoas como o Pai as olha. Sabe seus
sonhos, seus medos, seus sofrimentos e aspirações. Sabe o que cada um é e que é
imperativo romper o medo de chegar ao centro de nós mesmos. Sabe aquilo que o
poeta Leminski, cheio do Espírito, dizia: “isso de querer ser /exatamente
aquilo/que a gente é/ainda vai/nos levar além”. É vital superarmos o
comportamento religioso baseado no medo, no pecado e nos limites traumatizantes.
O Cristo nos oferece continuamente algo maior e mais além. Oferece-nos a
liberdade e a coragem da nossa capacidade mesma de sermos ternos e de amar. Meditemos
as palavras de Francisco: “Excluímos da Igreja a categoria da ternura.
Vizinhança e ternura são as duas maneiras do amor do Senhor. Elas nos fazem ver
a força do amor de Deus. Não se salva
por decreto ou com uma lei: salva-se com ternura”.
(Manos da Terna Solidão/Pe.
Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)
CONTEMPLAR
Rita Lee, 1997, Bob Wolfenson, São Paulo, Brasil.
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