O Caminho da Beleza 53
Leituras para a travessia da vida
“A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo 20.11.2011
Ez 34, 11-12.15-17 1 Cor 15, 20-26.28 Mt 25, 31-46
ESCUTAR
“Assim diz o Senhor Deus: Vede! Eu mesmo vou procurar minhas ovelhas e tomar conta delas” (Ez 34, 11).
“Na realidade, Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram. Pois é preciso que ele reine até que todos os seus inimigos estejam debaixo de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte” (1 Cor 15, 20.25-26).
“Em verdade eu vos digo, todas as vezes que não fizestes isso a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizestes” (Mt 25, 45).
MEDITAR
“Porventura não está o mundo a ser devastado pela corrupção dos grandes, mas também dos pequenos, que pensam apenas na sua própria vantagem? Porventura não é ele devastado por causa do poder da droga, que vive, por um lado, da ambição de vida e de dinheiro e, por outro, da avidez de prazer das pessoas que a elas se abandonam?” (Bento XVI, Discurso na Konzerthaus, Freiburg, 25.09.2011).
“Cristo fala às multidões, mas dirige o seu olhar aos homens, um por um. Não opera conversões em massa, não conhece triunfalismos; é um Messias que não arrebata gentes. Pode mover-se de compaixão pelas multidões justamente porque não as considera aglomerados anônimos, mas sabe distinguir por entre elas cada rosto, cada drama” (Ettore Masina, O Evangelho segundo os anônimos, 1972).
ORAR
A parábola do Juízo Final é uma descrição grandiosa do veredicto derradeiro sobre a história humana. Nela estão presentes povos de todas as raças, religiões, culturas e lugares da terra habitada. Dois grupos emergem desta multidão: o dos que receberão a benção de Deus porque exerceram a sua compaixão com os mais necessitados e por eles fizeram o máximo que podiam. O outro grupo será convidado a se afastar de Deus porque foi indiferente ao sofrimento dos homens e mulheres que encontraram em seus caminhos. A parábola é explícita ao afirmar que o que vai decidir a sorte final de todos não é a religião sob a qual cada um viveu nem a fé que cada um professou. O que vai decidir a sorte de todos é uma vida de compaixão e solidariedade para com os que sofrem. A religião mais agradável a Deus é a que ajuda os que sofrem. Nesta parábola, não são pronunciadas as grandes palavras como “justiça”, “solidariedade”, “democracia”, pois nenhuma delas significa nada diante da situação real dos que sofrem. Jesus fala de comida, de roupa, de algo para beber e de um teto para se abrigar. Nesta parábola, não se fala tampouco de “amor”. Jesus nunca usou uma linguagem abstrata, mas disse palavras concretas como comer, vestir, hospedar, acudir e visitar. Jesus, no entardecer das nossas vidas, não nos perguntará sobre o amor, mas nos questionará sobre os gestos concretos que fizemos diante das pessoas que necessitavam da nossa compaixão. Nenhuma religião, que não gerasse compaixão, foi abençoada pelo Pai de Jesus Cristo. O Juízo Final não será um dia espetacular e pirotécnico. Não devemos nos iludir, cada dia é o dia do nosso juízo final porque todo o dia, em cada momento, colocamo-nos em julgamento e quando cerrarmos os olhos será tarde demais para o juízo. O rosto do Cristo Rei não é o dos soberanos da Terra, mas o de um homem pobre, de uma mulher violentada, de uma criança desprezada e abandonada à sua própria sorte, de um velho mergulhado na sua angustiada solidão. O rosto do Cristo é o rosto acolhido e rejeitado sempre que acolhemos ou rejeitamos tantos rostos concretos que passam ao nosso lado pela vida. Jesus recebe o título de Rei na sua encarnação: “Onde está o rei dos judeus recém nascido?” (Mt 2,2). E atinge a maioridade deste título na hora mesma da sua Paixão ao ser indagado por Pilatos: “És tu o rei dos judeus?” ( Mt 27, 11). O Cristo se apresenta como pastor, pois o pastor dá a sua vida pelo rebanho, ao passo que o rei é defendido pelos súditos que devem morrer por ele. O templo do nosso Rei e o seu palácio são a miséria dos homens e mulheres e Ele está sempre à espera de que, na compaixão a eles, nos produzamos mais humanos e dignos do seu Reino. Cada pessoa é um ícone vivo no qual podemos reconhecer o Ressuscitado que se apresenta ao mundo como Alguém a quem alimentamos, damos de beber, acolhemos, vestimos, visitamos na prisão, nos hospícios e nos hospitais. Ele é como um mendigo que bate à porta do nosso coração e nos pede sempre, com a mão estendida, alguma coisa, pois no seu próprio despojamento quer ser nosso devedor. É preciso sempre ruminar o salmo “É teu rosto, Senhor, que eu procuro” (Sl 26, 8), para que encontremos a face de Deus nos que são considerados supérfluos e descartáveis e que apenas nos pediram e pedem um pouco de pão, um teto e algumas palavras de consolo e pequenos gestos de compaixão.
CONTEMPLAR
Cristo Rei do Universo, Letícia Cotrim, 2011, tecido sobre cartão, 21 x 32 cm, Rio de Janeiro, Brasil.
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