O Caminho da Beleza 02
Leituras para a travessia da vida
“A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
Segundo Domingo de Advento 04.12.2011
Is 40, 1-5.9-11 2 Pd 3, 8-14 Mc 1, 1-8
ESCUTAR
“‘Consolai o meu povo, consolai-o’ – diz o vosso Deus... Grita uma voz: ‘Preparai no deserto o caminho do Senhor, aplainai na solidão a estrada de nosso Deus’” (Is 40, 1.3).
“O Senhor não tarda a cumprir sua promessa, como pensam alguns, achando que demora. Ele está usando de paciência para convosco, pois não deseja que alguém se perca” (2 Pd 3, 9).
“Esta é a voz daquele que grita no deserto: ‘Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas estradas’” (Mc 1, 3).
MEDITAR
“Tomar consciência dos nossos medos nos permite superá-los e nos abrir a um mundo de possibilidades. Ao cessar de duvidar de nós mesmos encontramos ao mesmo tempo a coragem de assumir nossos erros” (François Gervais).
“Pelo amor de Deus, eu vos suplico: não tenhais medo de Deus, pois Ele não vos deseja nenhum mal. Ao contrário, amai-O com todas as vossas forças, porque Ele vos ama infinitamente” (Padre Pio).
ORAR
João, o Batista não é certamente um tipo fascinante para angariar simpatias e popularidade, pois se vestia com uma pele de carneiro, comendo gafanhotos e mel do campo. Nos dias de hoje, com certeza, não seria o porta-voz de nenhum personagem importante, nem relações públicas de uma multinacional e muito menos promotor vocacional de alguma ordem religiosa. Além de tudo, criaria situações incômodas nos ambientes eclesiásticos. João foi o escolhido para pregar a conversão e o perdão e elegeu o deserto para a sua missão. João não escolheu nem os templos e nem as praças porque é no deserto que a palavra provoca o silêncio e não os aplausos. É pelo deserto que passa o caminho do Senhor e nele o profeta semeia inquietudes, questionamentos; acende os desejos, suscita uma espera e exige uma busca. João, o Batista, espera a chegada do Senhor no despojamento de si e numa ética de vida, dando o exemplo para que a Igreja, da mesma maneira, espere a segunda vinda do Cristo. Ele nos apela a preencher os vales que se tornaram abismos de insignificâncias; a aplainar os montes e as colinas da presunção e da autossuficiência e a endireitar os terrenos acidentados das dissimulações e incoerências. João é chamado de lâmpada conforme a palavra do Senhor: “Ele era uma lâmpada que ardia e iluminava” (Jo 5, 35). O Cristo é precedido por uma lâmpada como canta o salmista: “Preparo uma lâmpada para o meu Ungido” (Sl 132, 17) e João prediz que a claridade da sua lâmpada se tornará inútil e desaparecerá com a vinda do Sol: “É preciso que Ele cresça e eu diminua” (Jo 3, 30). A Boa Nova faz saber que somos mais ricos do que acreditamos; nossas almas são mais belas do que nos fizeram pensar e somos homens e mulheres com infinitas possibilidades. João, o Batista, anuncia que o milagre é possível: as nossas vidas banhadas pela luz do Sol Nascente abandonarão a mesquinhez para se vestirem com a pródiga esperança que alimenta todos os desejos de expansão da força vital. Seremos transformados pelo Espírito de Deus e realizaremos a profecia de Joel: “Nos últimos dias, eu farei que vossos jovens tenham visões e vossos velhos, sonhos” (Jl 2, 28). João, no deserto, anuncia e cumpre a promessa de que “água fresca para a alma sedenta é o mensageiro de uma boa nova que vem de uma terra distante”(Pv 25, 25).
CONTEMPLAR
Nascimento em Belém (detalhe), Jean-Marie Pirot (Arcabas), 2002, óleo e ouro 24 q. sobre tela, Políptico da Infância do Cristo, Palácio Arquiepiscopal de Malines, Bruxelas, Bélgica.