A Palavra se fez carne e armou sua tenda entre nós (Jo 1, 14).
IX Domingo do Tempo Comum
Dt 5, 12-15 2 Cor 4, 6-11 Mc 2, 23-28
ESCUTAR
“Guarda o dia de sábado, para o santificares, como o Senhor teu Deus te mandou” (Dt 5, 12).
Somos afligidos de todos os lados, mas não vencidos pela angústia; postos entre os maiores apuros, mas sem perder a esperança; perseguidos, mas não desamparados, derrubados, mas não aniquilados (2 Cor 4, 8-9).
Jesus, então, olhou ao seu redor, cheio de ira e tristeza, porque eram duros de coração; e disse ao homem: “Estende a mão”. Ele a estendeu e a mão ficou curada (Mc 2, 5).
MEDITAR
“Somente na ação é que se encontra a liberdade. Abandona o vacilar medroso e enfrenta a tempestade dos acontecimentos, sustentado somente pelo mandamento de Deus e por tua fé, e a liberdade envolverá jubilosa o teu espírito”.
(Dietrich Bonhoeffer)
“Os nossos sonhos são demasiado pequenos e, se Deus os desfaz, é para que nos possamos aventurar no espaço mais vasto da sua Vida. Deus liberta-nos de pequenas ambições para que possamos aprender a ter uma esperança mais extravagante”.
(Timothy Radcliffe)
ORAR
Os textos da liturgia de hoje nos afirmam que o único critério possível para se romper qualquer norma, regra ou lei sagrada é o da compaixão e do amor que brotam do coração. Em nome dele, em inúmeras situações, Jesus rompe os preceitos, sem vacilar, pois acima da lei está Deus que é Amor! No Evangelho, os mestres da lei e os fariseus são a encarnação da aparência satisfeita consigo mesma. Eles se colocam diante da Lei e nela se espelham. A Lei pensa por eles e é preciso que os outros façam como eles, pois só eles sabem a forma certa de cumprir a Lei e de interpretá-la: fora da sua interpretação não existe salvação. Para os mestres da Lei, os outros são os “outros”. Jesus nos ensina a vibrar com a justiça e com o amor e a não vivermos preocupados com uma lista de obrigações e deveres, nem com o nosso coração grudado num catálogo querendo impor ao outro a parcela de verdade ou de crença que seriam as nossas. Os valores evangélicos não são valores para serem vividos solitária e isoladamente, pois são valores de encontros vitais entre as pessoas, encontros de sonhos e desejos. Não podemos viver nos alimentando de códigos e nem gravitando numa ordem abstrata e asséptica de regulamentos e regras. Leis, códigos, regulamentos e regras, foram feitos para serem, permanentemente, re-inventados: “O sábado foi feito para o homem, não o homem para o sábado”. O Evangelho revela que Jesus veio abolir todos os sentimentos de culpa que paralisam e obstruem os nossos desejos e sonhos. Jesus nos testemunha e exige de nós que amemos e aceitemos todos os riscos sem jamais protelarmos os nossos sonhos e desejos, baseados nesse amor, em nome de qualquer regra ou preceito por mais sagrado que seja. Pois se a lei é sagrada, é o amor que nos santifica. Santo Agostinho assustou e ainda assusta gerações de piedosos cumpridores das leis ao afirmar: “Ama e faze o que quiseres!”.
(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)
CONTEMPLAR
O Papa visita uma igreja local, 1982, Roma, Itália, Richard Kalvar (1944-), Magnum Photos, Estados Unidos.