quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

O Caminho da Beleza 02 - II Domingo do Advento

A Palavra se fez carne e armou sua tenda entre nós (Jo 1, 14).

II Domingo do Advento                      

Is 40, 1-5.9-11                    2 Pd 3, 8-14                                    Mc 1, 1-8

 

ESCUTAR

Falai ao coração de Jerusalém e dizei em alta voz que sua servidão acabou e a expiação de suas culpas foi cumprida; ela recebeu das mãos do Senhor o dobro por todos os seus pecados (Is 40, 2).

O que nós esperamos, de acordo com a sua promessa, são novos céus e uma nova terra, onde habitará a justiça (2 Pd 3, 13).

Esta é a voz daquele que grita no deserto: “Preparai o caminho do Senhor, endireitais as suas veredas” (Mc 1, 3).

 

MEDITAR

Eu não quero orar para estar protegido dos perigos, mas para poder enfrentá-los.

(Rabindranath Tagore)

 

ORAR

João, o Batista não é certamente um tipo fascinante para angariar simpatias e alcançar popularidade. No deserto, a palavra provoca o silêncio e não os aplausos. João, para proclamar o único necessário, despoja-se de todas as vaidades e usa a linguagem da simplicidade e não a do espalhafatoso. João não precisa falar de si mesmo, pois sua austeridade de vida e a seriedade de sua existência o tornam digno de confiança. João fala no deserto porque o deserto é a sua grande e incrível possibilidade: no deserto se realiza o encontro decisivo e pelo deserto passa o caminho do Senhor. João semeia a interrogação e as inquietudes, acende um desejo, suscita uma espera e solicita uma busca. Não tem a pretensão de entregar o Cristo, pois não O possui. É Judas quem O entregará. João dirá simplesmente que é o “amigo do Esposo” (Jo 3, 29). Temos que fazer alguma coisa para não perder o encontro. Os vales, abismos de insignificância, deverão ser preenchidos; montes e colinas de presunção devem ser rebaixados; terrenos acidentados deverão ser aplainados. Tudo isto nos prepara para o encontro e para que possamos antecipar os “novos céus e uma nova terra onde habitará a justiça”. O Senhor, diz Pedro, está “usando de paciência para convosco, pois não deseja que ninguém se perca”. Para nós, sempre apressados, a paciência tem limites. No entanto, a paciência de Deus não os conhece e se esgota unicamente no exato instante em que aceitamos ser perdoados. O apelo de João para o batismo de conversão é o apelo para rejeitar uma vida de aparência, a fim de se colocar em busca do que é essencial e verdadeiro; de ousar pensar aquilo que jamais ousamos pensar. Somos muito mais ricos do que pensamos ser. Nossa alma é infinitamente mais bela do que imaginamos e nossa vida é plena de possibilidades. No meio do deserto, numa sede insaciável de Deus, João nos chama a sermos artesãos de nossas existências e nos oferece a sensatez do provérbio: “Bebe a água de tua cisterna, bebe abundantemente de teu poço” (Pr 5, 15). E assim, convertidos à verdadeira essência que nos habita e consome, preparamos o caminho no deserto para o Menino que será um mistério entre os que O conhecerão, pois “Nele existia uma vontade mais profunda de estar à disposição dos homens com toda a sua humanidade divina” (Urs von Balthasar).

(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas e Pe. Eduardo Spiller, mts)

 

CONTEMPLAR

Virgem, o menino Jesus e São João, o Batista, William-Adolphe Bouguereau, 1875, óleo sobre tela, 122 x 200,5 cm, Coleção Particular, França.




Nenhum comentário:

Postar um comentário