quarta-feira, 29 de novembro de 2023

O Caminho da Beleza 01 - I Domingo do Advento

A Palavra se fez carne e armou sua tenda entre nós (Jo 1, 14).

I Domingo do Advento                        

Is 63, 16b-17.19b;64, 2b-7        1 Cor 1, 3-9             Mc 13, 33-37

 

ESCUTAR

“Ah! Se rompesses os céus e descesses! As montanhas se desmanchariam diante de ti... Vens ao encontro de quem pratica a justiça com alegria, de quem se lembra de ti em teus caminhos” (Is 63, 19; 64, 4).

Nele fostes enriquecidos em tudo, em toda palavra e em todo conhecimento, à medida que o testemunho sobre Cristo se confirmou entre vós (1 Cor 1, 5-6).

Para que não suceda que, vindo de repente, ele vos encontre dormindo. O que vos digo, digo a todos: Vigiai! (Mc 13, 36-37).

 

MEDITAR

Aquele que ensina o bem aos outros sem o praticar é como um cego que segura uma lanterna.

(Provérbio Argelino)

 

ORAR

Somos chamados a acertar os nossos relógios e calendários e a liturgia de hoje nos oferece para isto dois acontecimentos. O primeiro, é que o Senhor não esconde mais o seu Rosto e o segundo é a vinda do Cristo para o Juízo Final. Estes dois acontecimentos não se referem um ao passado e outro ao futuro, mas dizem respeito ao hoje, ao aqui e agora. Cristo já veio, mas é também acolhido hoje. Cristo, contudo, deve vir, mas há de ser esperado aqui e agora e, por esta razão, vigiamos. Devemos despertar do torpor que temos vivido, pois nunca seremos leais a um Deus em movimento se não assumirmos uma postura dinâmica que implica uma permanente conscientização e um compromisso responsável. O Deus da Encarnação e do Juízo é surpreendente, pois não vem exigir, mas dar: “Nunca se ouviu dizer nem chegar aos ouvidos de ninguém, jamais olhos viram que um Deus, exceto TU, tenha feito tanto pelos que Nele esperam” (Is 64, 3). Acolher este Deus não é preparar um espetáculo colossal, mas nos apresentarmos com nossa pobreza que é, essencialmente, a disponibilidade para receber. Não cabe delegar a ninguém a tarefa de vigiar para nos despertar no momento oportuno, pois, aos olhos de Deus, somos os únicos responsáveis por nossos atos. Todo o dia pode ser o dia e toda a hora poderá ser a hora e o momento do Advento do Senhor. No coração de cada um desdobra o infinito dos céus, a beleza da alma e o apelo generoso para a liberdade. Bernardo de Claraval exortava no seu sermão de Advento: “Não é necessário atravessar os mares, penetrar as nuvens ou transpor montanhas. Não é um caminho muito longo que te é proposto: basta entrar em ti mesmo para correr ao encontro de teu Deus”. Esperamos Alguém e por isto vigiamos e vigiar quer dizer orar! E orar é ser invadido pelo Espírito do Senhor para que possamos olhar o mundo, que é a matéria prima do Reino, com os olhos de Deus. O amor de Deus e a esperança do Homem se entrelaçam no coração do Advento para vingar a tenda nupcial: “Eu estava dormindo, meu coração vigiando, quando ouço meu amado que me chama: - Abre-me, amada minha, minha amiga, minha irmã, minha pomba sem mancha, pois tenho a cabeça orvalhada, meus cabelos, do sereno da noite” (Ct 5, 2). O Esposo e seu amor sempre nos surpreenderão: “vem à tarde, à meia-noite, de madrugada ou ao amanhecer”. Nestes tempos de espera vigilante, devemos fazer acontecer uma terceira vinda: a do cristão. A de homens e mulheres surpreendentes que rompem com um cristianismo irrelevante, banal, repetitivo e queixoso. Um cristianismo sonolento e impotente para despertar os que dormem e que repartem entre si os despojos do tédio e da desesperança. Precisaremos sempre, em todos os lugares e horas, de cristãos que testemunhem que os céus foram rompidos pelo seu compromisso de fazer vingar a justiça na terra. Cristãos que não temam o momento a vir e que, vigilantes e despertos, enfrentem a noite dos desesperados, fazendo-os irromper à soleira da vida com suas faces banhadas pelo Sol Invencível.

(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)

 

CONTEMPLAR

Menino de rua, 2006, São Luiz, Maranhão, Brasil, Araquém Alcântara (1951-), Brasil.




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