segunda-feira, 27 de abril de 2015

O Caminho da Beleza 23 - V Domingo da Páscoa

O Caminho da Beleza 23
Leituras para a travessia da vida


“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).


V Domingo da Páscoa              03.05.2015
At 9,26-31               1 Jo 3, 18-24                      Jo 15, 1-8


ESCUTAR

A Igreja, porém, vivia em paz em toda a Judeia, Galileia e Samaria. Ela consolidava-se e progredia no temor do Senhor e crescia em número com a ajuda do Espírito Santo (At 9, 31).

Filhinhos, não amemos só com palavras e de boca, mas com ações e de verdade! Aí está o critério para saber que somos da verdade e para sossegar diante dele o nosso coração, pois, se o nosso nos acusa, Deus é maior que o nosso coração e conhece todas as coisas (1 Jo 3, 18-20).

“Quem não permanecer em mim será lançado fora como um ramo e secará. Tais ramos são recolhidos, lançados no fogo e queimados” (Jo 15, 6).


MEDITAR

Não se deve considerar nem encarar Deus como estando exterior a nós mesmos, mas como aquilo que nos é próprio, como aquilo que nos é mais íntimo... Muitas pessoas imaginam, ingenuamente, que elas devem “ver” Deus: ele permaneceria lá e elas aqui. Mas não é assim. Deus e eu somos um (Mestre Eckhart).

A maior de todas as virtudes é o amor. Num mundo que repousa sobre a força, a tirania e a violência, vocês têm por missão seguir a via do amor; assim, vocês descobrirão que o amor desarmado é a força mais poderosa do mundo (Martin Luther King).


ORAR

Estamos no campo da vida e não de uma empresa qualquer. Não se trata de produtividade, pois os números não podem dar conta da vida. Esta vinha não assegura lucros e vantagens aos que dela fazem parte. Seus frutos são para os outros. É uma vinha de “utilidade pública” e qualquer um pode reclamar os seus frutos. Ninguém, para produzir, pode adotar métodos e meios que mais o agradem. É o Senhor que estabelece as condições de fecundidade: permanecer Nele e aceitar ser podado para crescer mais forte e dar mais frutos. “Permanecer em Mim” significa uma convivência profunda, uma comunhão íntima e um intercâmbio vital. Se as igrejas tentarem substituir esta conexão existencial e essencial, aliando-se politicamente aos mecanismos de poder com os grandes da terra, elas se condenarão a si mesmas à esterilidade. Para João, os frutos são o amor e por esta razão a vinha do Senhor deve ser plantada, cultivada e cuidada para que produza essencialmente um amor reconhecido por gestos concretos de misericórdia. Nenhuma igreja pode praticar o amor exclusivamente intra muros. O papa Francisco apela para que ela saia para fora onde sopra o vento gelado da injustiça, da solidão, da violência, da indiferença e da exclusão. Devemos dilatar os nossos corações até as dimensões do coração de Deus, pois seu amor é maior do que os nossos olhares mesquinhos, do que a nossa lei e do que as estruturas de discriminação e condenação. Não podemos reduzir a Igreja de Jesus a um folclore anacrônico sem a vitalidade da Boa Nova. A fé não é uma emoção do coração, uma efusão de sentimentos. Não é uma opinião pessoal, nem uma tradição familiar com rígidos costumes religiosos. A fé não é uma receita moral tranquilizante. A fé começa a se desfigurar quando esquecemos que ela é, antes de mais nada, um encontro pessoal com Alguém. A falta deste contato interior com Cristo, fonte de Vida, pode nos conduzir a um ateísmo prático: confessamos fórmulas vazias de sentido para os nossos desafios e testemunhos. Ser cristão exige uma experiência vital com o Cristo e uma paixão pelos seus desígnios. Mais do que nunca somos ramos desta vinha.


CONTEMPLAR


Cristo, a Vinha, 2005, Tanja Butler (1955-), instalação de ícone para o Domingo da Rogação, técnica mista, Igreja do Cristo, Hamilton/Wenham, Massachussets, Estados Unidos.




segunda-feira, 20 de abril de 2015

O Caminho da Beleza 22 - IV Domingo da Páscoa

O Caminho da Beleza 22
Leituras para a travessia da vida


“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).


IV Domingo da Páscoa                        26.04.2015
At 4, 8-12                1 Jo 3, 1-2                Jo 10, 11-18


ESCUTAR

“Jesus é a pedra que vós, os construtores, desprezastes e que se tornou a pedra angular” (At 4, 11).

Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é (1 Jo 3, 2).

“Eu sou o bom pastor” (Jo 10, 14).


MEDITAR

Eu sou o Amor sem limites. Não conheço nenhum limite no tempo. Não conheço nenhum limite no espaço. Não há nenhum lugar em que eu não me encontre. Não há nenhum momento em que eu não exprima o que sou, quem eu sou. Eu sou a origem e a raiz mais profunda, e o impulso do que vós sois. Eu sou a vossa verdadeira vida (um monge da igreja oriental).

Eu te proclamo grande, admirável,/Não porque fizeste o sol para presidir o dia/E as estrelas para presidirem a noite;/Não porque fizeste a terra e tudo que se contém nela,/Frutos do campo, flores, cinemas e locomotivas;/Não porque fizeste o mar e tudo que se contém nele,/Seus animais, suas plantas, seus submarinos, suas sereias:/Eu te proclamo grande e admirável eternamente/Porque te fazes minúsculo na eucaristia,/Tanto assim que qualquer um, mesmo frágil, te contém (Murilo Mendes).


ORAR

O evangelho do Bom Pastor nos deve conduzir a um profundo exame de consciência. O Cristo estabelece uma linha divisória nítida entre o pastor e o mercenário, mas muitas vezes o pastor obedece à lógica do mercenário ao ceder ao prestígio pessoal, ao êxito, à popularidade. Ao se fazer temido pelo poder disfarçado de paternalismo para dominar e oprimir os outros. O equilíbrio é difícil. A empatia pode se tornar debilidade e sentimentalismo; a firmeza pode se converter em dureza do coração e a solidão em isolamento e asfixia. O pastor confia em suas ovelhas e na sua capacidade de se defenderem a si próprias. O bom pastor facilita o amadurecimento das ovelhas ao estabelecer com elas uma relação pessoal de amor paciente. O bom pastor não repete fórmulas decoradas de manuais, pois seu rebanho se nutre da sua disponibilidade de dar a vida. Somente os plenos do Espírito do Bom Pastor podem criar um clima de proximidade, de escuta recíproca e de diálogo acolhedor. Se as ovelhas não valem a nossa vida então nos equivocamos clamorosamente de que somos ou fomos bons pastores. Seremos, desgraçadamente, falsos profetas disfarçados de ovelhas e por dentro lobos vorazes (Mt 7, 15).


CONTEMPLAR


O bom pastor (2014-5?), placa em bronze, 30 cm x 30 cm, Armento Liturgical Arts, Buffalo, New York, Estados Unidos.



terça-feira, 14 de abril de 2015

O Caminho da Beleza 21 - III Domingo da Páscoa

O Caminho da Beleza 21
Leituras para a travessia da vida


“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).


III Domingo da Páscoa                                    19.04.2015
At 3, 13-15.17-19               1 Jo 2, 1-5                Lc 24, 35-48


ESCUTAR

“Vós rejeitastes o santo e o justo e pedistes a libertação para um assassino. Vós matastes o autor da vida, mas Deus o ressuscitou dos mortos, e disso nós somos testemunhas” (At 3, 14-15).

Meus amados, escrevo isto para que não pequeis. No entanto, se alguém pecar, temos junto do Pai um defensor: Jesus Cristo, o justo (1 Jo 2, 1).

Jesus disse: “Tendes aqui alguma coisa para comer?”. Deram-lhe um pedaço de peixe assado. Ele o tomou e comeu diante deles (Lc 24, 41-42).


MEDITAR

Ressurreição não se trata de ressuscitação física. Trata-se de ingressar e participar em um “novo ser”. Trata-se de um poder transformador que se encontra em Jesus e que se distribui em novas dimensões do que significa ser humano (John Shelby Spong).

Jesus nos ensinou ou, ao menos, quis nos ensinar a situar Deus num universo interpessoal, isto é, um universo onde não só o conhecemos como o amamos. Este universo é o universo de nossa humanidade, é o universo de nossas ternuras e de nossos amores, o único universo respirável, o único no qual nós podemos nos situar, se nós não quisermos renunciar à nossa dignidade (Maurice Zundel).


ORAR

Existe uma história escrita pelo Altíssimo que inverte nossas opções equivocadas. Para Ele, sempre existirá um mas que vira do avesso os fatos e a história: “Vós matastes o autor da vida, mas Deus o ressuscitou dos mortos”. Somos convidados a escrever uma história distinta de uma vez por todas e não mais atrapalhar e impedir a nova trama da vida. Esta novidade é possível graças ao Ressuscitado que não aceita o medo dos seus amigos: “Eles ficaram assustados e cheios de medo, pensando que estavam vendo um fantasma”. Devemos sempre nos questionar quais os fantasmas que criamos para deformar as exigências do Evangelho e nos evadir dos passos do Cristo. O Ressuscitado representa a derrota do medo para que possamos chegar à plenitude do amor (1 Jo 4, 18). O Cristo Ressuscitado nos liberta do medo do passado aniquilado, definitivamente, sobre a Cruz. O futuro não deve nos atemorizar porque Dele recebemos o dom da paz e a certeza de sua presença: o Ressuscitado leva as chagas do Crucificado e a Ressurreição não anula a Paixão. A partir de então, esta nova história será escrita se deixarmos de copiar o passado, pois crer significa aprender a ler os acontecimentos da vida, da própria vida, como expressão dos passos de Deus.


CONTEMPLAR


“Que o Cristo está morto..., que ele foi enterrado, e que ele ressuscitou ao terceiro dia (1ª epístola aos Coríntios, 15)”, 1964, Salvador Dalí (1904-1989), aquarela, Coleção Biblia Sacra, Chant V/99, Editora Rizzoli, Milão, Itália.




segunda-feira, 6 de abril de 2015

O Caminho da Beleza 20 - II Domingo da Páscoa

O Caminho da Beleza 20
Leituras para a travessia da vida


“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).


II Domingo da Páscoa                          12.04.2015
At 4, 32-25              1 Jo 5, 1-6                Jo 20, 19-31


ESCUTAR

“A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava como próprias as coisas que possuía, mas tudo entre eles era posto em comum”(At 4, 32).

“E esta é a vitória que venceu o mundo: a nossa fé” (1 Jo 5, 1-6).

“A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio” (Jo 20, 21).


MEDITAR

Quando formos falar sobre a nossa fé, alguns podem ter incertezas, indagações e questões não resolvidas. E isto é bom! Porque então as pessoas verão que ser um Católico não significa que nós possuímos todas as respostas. O cardeal [Walter] Kasper do Vaticano disse que a Igreja teria muito mais autoridade se algumas vezes dissesse com mais frequência: “Eu não sei” (Timothy Radcliffe).

O caminho para a fé passa pela obediência ao chamado de Cristo. Exige-se um passo decisivo, senão o chamado de Jesus ecoa no vácuo, e todo suposto discipulado, sem esse passo ao qual Jesus nos chama, transforma-se em falsa onda entusiástica (Dietrich Bonhoeffer).


ORAR

João escolhe entre os muitos sinais que o Cristo realizou alguns para fortalecer a nossa fé. Escreve para que acreditemos, para que possamos dar a nossa adesão e confiança, e para que estabeleçamos uma relação profunda com Alguém. A fé, para João, é um itinerário e não uma conquista. Um itinerário de fadigas, dúvidas, surpresas, novidades, incertezas, luz e sombras. O cristão não tem fé porque concede a si mesmo, a cada dia, a graça de acreditar. Jesus adverte Tomé: “Não sejas incrédulo, mas fiel”. A obra de Deus, por excelência, é acreditar e o evangelista registra somente uma bem-aventurança: “Felizes os que creem sem ter visto”. O evangelho tem a ver com o crer e o crer tem a ver com o viver. E a fé e o viver têm a ver com o amor. A experiência de fé se traduz num compromisso concreto com os irmãos e irmãs da comunidade na qual o evangelho da fé deve se converter no evangelho do amor. Crer significa experimentar que Deus é Amor, que nos ama, nos quer bem e deseja, unicamente, a nossa felicidade ainda que muitos homens e mulheres tenham experimentado, nas igrejas, o gosto amargo da infelicidade. Deus não faz o que desejamos, mas certamente Ele faz o melhor para nós. E o melhor para nós é construído pela comunhão fraterna e não por uma espiritualidade de etiqueta. O amor aos outros é o prolongamento do amor de Deus para conosco. A comunidade do Ressuscitado é marcada pelo amor recíproco expresso na partilha dos bens que se convertem em sacramento de amizade e fraternidade.


CONTEMPLAR


Tomé, 2002, Wayne Forte (1950-), acrílico sobre papel cartonado, 50” x 53”, “Desenhos e Pinturas”, Northwest Nazarene University, Idaho, Estados Unidos.