terça-feira, 4 de dezembro de 2018

O Caminho da Beleza 02 - II Domingo do Advento

A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).

II Domingo do Advento           09.12.2018
Br 5, 1-9                   Fl 1, 4-6.8-11                      Lc 3, 1-6


ESCUTAR

Cobre-te com o manto da justiça que vem de Deus e põe na cabeça o diadema da glória do Eterno (Br 5, 2).

E isto peço a Deus: que o vosso amor cresça sempre mais, em todo conhecimento e experiência, para discernirdes o que é melhor (Fl 1, 9-10).

“Todo vale será aterrado, toda montanha e colina serão rebaixadas, as pastagens tortuosas ficarão retas, e os caminhos acidentados serão aplainados” (Lc 3, 5).


MEDITAR

No momento do ofertório damos um passo para fora de nós mesmos e este momento nos associa ao dom que o Cristo faz da sua vida, pois quando se descobre o poder da confiança e do amor, não se pode mais viver curvado sobre si mesmo: é o momento do despojamento e da pobreza... Nós nos colocamos à disposição de Deus, com as mãos abertas, prontos a dar [e] a nos entregar sem reservas para que Deus realize a sua obra por nós, em nós e por meio de nós.

(Pierre Claverie, 1938-1996, Argélia)


ORAR

            Tu és o Outro que nós esperamos... Esse tema proposto para todo este advento pode nos ajudar, parece-me, a interpretar utilmente as leituras deste domingo. Esse anseio pelo “Outro esperado” percorre toda a Escritura. Ele se inscreve em filigrana pela trama de cada uma de nossas vidas marcadas de encontros e de esperas sucessivas. O outro, inteiramente outro, se oferece a nós como um companheiro possível na aventura humana, como o amigo atraente, como o irmão do qual sentimos a ausência, capaz de partilhar conosco o pão e o sal no caminho da vida. O outro, inteiramente outro, se apresenta também como o estranho em que a afinidade se configura muitas vezes enganosa; um sedutor conduzido a nós encontra outro, tal como ele, e assim nos altera profundamente; por vezes mesmo como um adversário pronto a nos contestar em nossas últimas trincheiras. Assim, lá onde não há respeito mútuo do que cada um é, um conflito de identidade ameaça, com o risco de se desfigurar o outro ou de se deixar ser assimilado por ele, de destruir ou ser destruído. Faríamos rapidamente do cordeiro um lobo e possivelmente também o inverso! No entanto, na riqueza inaudita de sua criação, como na diversidade dos homens mesmos, Deus nos preparou bem para acolher a diferença. Isso se inscreve como um componente incontornável de todo o amor. Mais ainda quando este amor se exprime e se vive à mesma imagem Daquele do qual ele emana. Mistério insondável desse Deus Uno e Trino, onde o Espírito faz sem cessar a diferença, de início entre o Pai e o Filho, depois pouco a pouco, por entre nós de um a outro.

(Père Christian de Chergé, 1937-1996, Mosteiro de Tibhirine, Argélia)


CONTEMPLAR

Vislumbres de um passado urbano, Alin Ciortea (1979-), Croácia, in: http://alinciortea.ro/blog/



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