quarta-feira, 11 de junho de 2025

O Caminho da Beleza 30 - Santíssima Trindade

Como se visse o Invisível, mantinha-se firme (Hb 11, 27).

Santíssima Trindade               

Pv 8, 22-31              Rm 5, 1-5                Jo 16, 12-15

 

ESCUTAR

“Assim fala a sabedoria de Deus: O Senhor me possuiu como primícias de seus caminhos, antes de suas obras mais antigas; desde a eternidade fui constituída, desde o princípio, antes das origens da terra” (Pv 8, 22-23).

A tribulação gera a constância, a constância leva a uma virtude provada, a virtude provada desabrocha em esperança (Rm 5, 3-4).

“Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender agora. Quando, porém, vier o Espírito da verdade, ele vos conduzirá à plena verdade” (Jo 16, 12-13).

 

MEDITAR

Alguns de nós acreditam que Deus é Todo-Poderoso e que pode fazer tudo, e que Deus é Todo-Sabedoria e sabe como fazer tudo. Mas que Deus é Todo-Amoroso e quer amar tudo, aqui nós nos contemos. E essa ignorância atrapalha a maioria dos amantes de Deus, como eu vejo (...) Deus quer ser pensado como nosso Amante.

(Julian de Norwich)

O amor é o único ímpeto que é suficientemente avassalador para nos forçar a deixar o confortável abrigo da nossa individualidade bem protegida, a pôr de lado a concha inexpugnável da autossuficiência e rastejar nus para a zona do perigo, lá para a frente, para o cadinho em que a individualidade se purifica para aparecer a personalidade.

(Mark Patrick Hederman, OSB)

 

ORAR

       Neste domingo é preciso nos deixar envolver pelo ritmo terno deste dinamismo de amor no qual se concretiza o mistério: 1+1= 3. A reciprocidade entre o Eu do Pai e o Tu do Filho gera o Espírito de liberdade e de amor que nos faz comungar da intimidade entre o Pai e o Filho: “Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse que o que ele receberá e vos anunciará é meu”. A Trindade nos desvela e comunica o ilimitado deste amor gerado, pois “o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”. A plena revelação da sabedoria de Deus é estar junto aos homens e mulhares no sofrimento e na doação até o fim para que possamos conhecer e enfrentar “as tramas do mundo”, pois a sabedoria penetra tudo como “um reflexo da luz eterna, espelho nítido da atividade de Deus e imagem de sua bondade” (Sb 7, 26). O mundo é a morada da Trindade, pois Deus no mundo e o mundo em Deus são a transfiguração do mundo pelo Espírito. “Tudo o que acontece, acontece em Deus”, como afirmava Mère Belém. Basta a nós sermos dóceis a esta dança trinitária – a pericorese – que nos envolve e nos conduz. Basta deixar que ela abra nossos olhos e coloque nossos corpos em movimento, apontando-nos o caminho a seguir. Abramos o nosso existir aos seus conselhos para que não aconteça de endurecermos a cabeça e o coração, insistindo em caminhar em sentido contrário ao que nos mostra a Trindade (cf. Sl 32). Somos chamados à explosão de Vida que emerge desta comunhão pessoal, trinitária e nupcial, sem gêneros, pois “Deus é Amor”, não é homem nem mulher, e por isso mesmo temos que viver essa dimensão amorosa que é a única que nos salva da loucura e do desalento. Ironia ou não do Transcendente, a Santíssima Trindade, feminina, contém o Pai, o Filho e o Espírito Santo, masculinos. Paulo nos garante que o Espírito intercede em nosso favor, a todo tempo e a todo instante, pois circulando visceralmente nas nossas veias ama e se entrega à sua comunidade eclesial, como os amados clamam em êxtase: “Beija-me com os beijos da sua boca” (Ct 1, 1). Jamais poderemos esquecer que é no silêncio de sua plenitude amorosa e do seu gozo infinito que o Pai, revelado pelo Filho, escuta o Espírito Santo “interceder em nosso favor com gemidos inefáveis” (Rm 8, 26). A dança da Trindade é como o êxtase dos noivos ao se entregarem, em mútua oferenda, para a realização plena de suas núpcias. Neste exato momento, único e intransferível, a vida ordinária se esgota, transformando-se no mistério extraordinário de ser e existir.

(Manos da Terna Solidão/ Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)

 

CONTEMPLAR

Os Três Dançarinos, 2015, coreografia de Didy Veldmann (1967-), Rambert Dance Company, foto de Stephen Wright (1960-), Wallingford, Inglaterra.




 

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