quarta-feira, 17 de maio de 2023

O Caminho da Beleza 26 - Ascensão do Senhor

Peguei da mão do anjo o livrinho e comi-o. Na boca era doce como mel, mas, quando o engoli, meu estômago tornou-se amargo (Ap 10, 10).

Ascensão do Senhor                 

At 1, 1-11                  Ef 1, 17-23               Mt 28, 16-20

 

ESCUTAR

“Uma nuvem o encobriu, de forma que seus olhos não podiam mais vê-lo (...) ‘Homens da Galileia, porque ficais aqui, parados, olhando para o céu?’” (At 1, 9.11).

“Ele manifestou sua força em Cristo, quando o ressuscitou dos mortos e o fez sentar à sua direita nos céus” (Ef 1, 20).

“Ide ao mundo inteiro... Eis que estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 19-20).

 

MEDITAR

A pessoa humana é o valor absoluto para Deus porque ela O contém. Na verdade, é um grande mistério: Deus entre os homens, Deus com eles, Deus neles. Nossa dignidade é de Lhe pertencer. Desde o Natal, somos construídos com a mesma matéria do Reino.

(Françoise Burtz)

O que conta não é o que damos, mas o amor com que damos.

(Madre Teresa de Calcutá)

 

ORAR

Neste domingo não comemoramos a “partida” do Mestre, mas a nossa partida, pois somos nós que devemos garantir a sua presença no mundo. Há uma solene investidura: é urgente partir uma vez que o Evangelho deve começar a sua aventura no mundo. A promessa de que o Cristo estará conosco “todos os dias, até o fim do mundo”, desafia a sua Igreja a não banalizar esta presença eficaz e obscurecê-la. Somos chamados a nos encarnar, ou seja, ser uma carne real numa história real; a realizar a missão de anunciar a Boa Nova do Reino; a carregar os pecados do mundo sem ficar, de fora, olhando o que acontece aos seres humanos; e finalmente, ressuscitar dando a todos um quinhão de vida, esperança e gozo. A missão da Igreja de Jesus se inicia com uma partida. Não se trata de multiplicar viagens e atividades, mas dar intensidade e visibilidade evangélica à própria existência. O princípio estruturante da Igreja deve ser o mesmo da vida de Jesus: a misericórdia. É a misericórdia que deve atuar na Igreja de Jesus e configurá-la. Não somos chamados a construir uma comunidade como recordação e ficarmos parados olhando para o céu, pois esta atitude pode nos conduzir a buscar em lugares equivocados e nos emperrar o caminho: “Por que procurais entre os mortos aquele que está vivo?” (Lc 24, 5). Não se trata de congelar lugares especiais e criar peregrinações, mas descobrir juntos, num ponto qualquer do mundo, o lugar e o rosto em que Jesus está presente na terra. A ascensão é um apelo para seguir agindo e esperando apesar das decepções, desenganos e desalentos que nos ameaçam. Somos chamados a “remir os tempos porque os dias são maus” (Ef 5, 16), a ter paciência “até que venha o Senhor” (Tg 5, 7), a resistir como Jó para conhecer “o desfecho que Deus lhe proporcionou, pois o Senhor é compassivo e misericordioso” (Tg 5, 11) e testemunhar que “a paciência engendra a esperança” (Rm 5,4). Entre o dom do Espírito Santo e o acontecimento definitivo do Reino existe uma espera que é o tempo do testemunho e de proclamar a Boa Nova a toda Humanidade. O evangelho começa e termina em Jerusalém. Os Atos começam em Jerusalém e terminam em Roma, ponto de encontro de todos os caminhos do mundo conhecidos na época. O Novo Testamento ultrapassa as fronteiras de Israel e o céu de Jesus é a participação plena na vida do Amor e na construção de comunidades que amam e se colocam abertas ao mundo, servindo a todos sem discriminação. Uma Igreja samaritana marcada e animada pelo princípio da misericórdia é a que deve ser presença no mundo de hoje. Que neste domingo tenhamos a lucidez de proclamar que o Espírito de Jesus não é privilégio dos cristãos, mas de todos os homens e mulheres: “De fato, todos nós judeus ou gregos, escravos ou livres, fomos batizados num único Espírito, para formarmos um único corpo e todos nós bebemos de um único e mesmo Espírito” (1 Cor 12, 13).

Manos da Terna Solidão (Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts) 

 

CONTEMPLAR

Ascensão, Salvador Dalí, 1958, óleo sobre tela, 115 x 123 cm, Coleção Simon Perez, México.




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