quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

O Caminho da Beleza 12 - VI Domingo do Tempo Comum

Peguei da mão do anjo o livrinho e comi-o. Na boca era doce como mel, mas, quando o engoli, meu estômago tornou-se amargo (Ap 10, 10).

VI Domingo do Tempo Comum       

Eclo 15, 16-21                    1 Cor 2, 6-10                      Mt 5, 17-37

 

ESCUTAR

“Se quiseres observar os mandamentos, eles te guardarão; se confias em Deus, tu também viverás” (Eclo 15, 16).

“Nós falamos de uma sabedoria, não da sabedoria deste mundo nem da sabedoria dos poderosos deste mundo, que, afinal estão votados à destruição” (1 Cor 2, 6).

“Porque eu vos digo, se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da lei e dos fariseus, vós não entrareis no reino dos céus” (Mt 5, 20).

 

MEDITAR

Não ponhas tua fé na mágica eficácia que podem ter os rituais religiosos, por mais que sejam rituais de pureza imaculada; nem ponhas tua fé na presumida e suposta salvação que brota do puritanismo dos intocáveis; nem nos conselhos que te dão os que querem ver-te que andas pela vida como pessoa irrepreensível; ponha tua fé somente no amor, ali onde o gozo inefável do carinho compartido se apalpa e se faz visível, onde os amantes se fundem num mesmo projeto e com uma só ilusão, a ilusão apaixonada e apaixonante de dar a vida e receber a entrega livre daquele que te quer sem interesse, porque eras tu, como és, sem mais.

(Rudolf Bultmann)

 

ORAR

   Os textos litúrgicos de hoje nos apelam à liberdade. A nova lei do Evangelho não é uma imposição, “Deves”, mas um “Se quiseres”. A vida não é impune, devemos decidir entre o fogo e a água; a vida e a morte: “Conheço tuas obras: não és frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente; mas, visto que és morno, nem frio nem quente, vou te vomitar da minha boca” (Ap 3, 15). As palavras do Cristo são fogo e não podemos atenuá-las. Se quisermos seremos abrasados por um desejo intenso, mas também poderemos recusá-lo. Jesus veio para dar plenitude à Lei antiga, levando-a às últimas consequências. Jesus é exigente não no sentido da quantidade, mas da radicalidade e da capacidade que temos de ir às raízes das coisas, sem sectarismos. Jesus evita as deformações do legalismo e do casuísmo, pois o formalismo religioso se preocupa exclusiva e obcecadamente com a boa conduta aparente, fixando e multiplicando normas e regras. A ética de Cristo se dirige, antes de tudo, à interioridade, ao coração do homem. “O cristão não é um homem da minúcia, mas da totalidade” (Cardeal Gianfranco Ravasi). Devemos escolher, a cada dia, entre a moral corrente dos “príncipes deste mundo”, que conduz à morte, e a ética do Cristo que é a expressão de uma sabedoria escondida e que nos será desvelada por meio do Espírito que nos mergulha nas profundezas de Deus e nos conduz à plenitude da vida. Sabedoria escondida que esquadrinha os desígnios do Pai; que nos faz intuir que as coisas excessivas Deus reserva, exclusivamente, para os que O amam. Finalmente, é preciso compreender que o “porque eu vos digo” do Cristo afeta somente os que buscam interiorizar outro discurso: o da linguagem secreta que é a do amor.

(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)

 

CONTEMPLAR

Concha Espiral, 1921, Edward Steichen (1879-1973), Luxemburgo.




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