quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

O Caminho da Beleza 03 - III Domingo do Advento

Peguei da mão do anjo o livrinho e comi-o. Na boca era doce como mel, mas, quando o engoli, meu estômago tornou-se amargo (Ap 10, 10).

III Domingo do Advento                    

Is 35, 1-6.10                       Tg 5, 7-10                Mt 11, 2-11

 

ESCUTAR

“Fortalecei as mãos enfraquecidas e firmai os joelhos debilitados. Dizei às pessoas deprimidas: ‘Criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso Deus, é a vingança que vem, é a recompensa de Deus; é ele que vem para vos salvar’” (Is 35, 4).

“Também vós, ficai firmes e fortalecei vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima” (Tg 5, 8).

“O que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? O que fostes ver? Um homem vestido com roupas finas? Mas os que vestem roupas finas estão nos palácios dos reis” (Mt 11, 7-8).

 

MEDITAR

“Nunca nos poderemos aproximar do mistério se não tivermos a lúdica liberdade dos filhos de Deus, se não fizermos experiências e errarmos e avançarmos às apalpadelas para a verdade (...) os cristãos deveriam ser aqueles que continuam a levantar questões, quando todos os outros pararam de o fazer”.

 (Timothy Radcliffe)

“Senhor, eu te agradeço porque não sou uma engrenagem do poder. Eu te agradeço porque sou um daqueles que o poder esmaga”.

 (Rabindranath Tagore)

 

ORAR

    As leituras de hoje convidam à paciência para fortalecer as mãos enfraquecidas e firmar os joelhos debilitados. Devemos permanecer firmes e com nossos corações reanimados. A paciência cristã é uma força ativa e nada tem a ver com a inércia, a indiferença e com uma postura derrotista. A paciência verdadeira nos coloca em pé e nos faz defender as convicções que moldam e determinam as vidas. O lavrador é paciente depois de haver trabalhado como era preciso e pode esperar o fruto após ter semeado. O cristão e os de boa vontade são pessoas talhadas na paciência: não se rendem e nem se dão por vencidos mesmo quando derrotados. Vivem as contradições e para eles nada é definitivo, pois aprendem a viver na provisoriedade das coisas. O Cristo nos ensina, paradoxalmente, que para ter paciência é necessário ter fogo dentro, um fogo permanente e não uma chama que dura um instante. O deserto floresce na paciência e cada um de nós é fruto da paciência de Deus. No Natal, Deus decide viver esta paciência amorosa de uma maneira mais próxima e mais impaciente. Ele quer se tornar companheiro de viagem e nesta viagem deseja que deixemos de ser mancos, de arrastar pesadamente os pés para que saltemos como um cervo. Quer que rompamos o selo de nossa boca para que desatada a língua, possamos gritar palavras de amor e liberdade. Os sinais estão nas entranhas da misericórdia dos que exercem a compaixão e a solidariedade. Para isto é necessário que abandonemos o palácio do rei e suas suntuosas vestes. Como afirma o Papa Francisco: “A cultura do bem-estar, que nos leva a pensar em nós mesmos, nos faz insensíveis ao grito dos outros; nos faz viver em bolhas de sabão que são bonitas, mas não são nada. São a ilusão do fútil, do provisório que conduz à indiferença com os outros, ou melhor, leva a uma globalização da indiferença”. Se ainda tivermos dúvidas quanto a isto, é o momento de nos apresentarmos diante do Cristo, na fila dos surdos e dos cegos para que nos cure. É preciso, mais do que nunca, que perguntemos aos surdos e escutemos a explicação dos mudos.

(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)

 

CONTEMPLAR

Madona de Porto Lligat (detalhe), 1950, Salvador Dalí, óleo sobre tela, 144 cm x 96 cm, coleção privada, Tóquio, Japão.




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