sexta-feira, 30 de setembro de 2022

O Caminho da Beleza 46 - XXVIII Domingo do Tempo Comum

A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).

XXVIII Domingo do Tempo Comum                    

2 Rs 5, 14-17                      2 Tm 2, 8-13                      Lc 17, 11-19

 

ESCUTAR

“‘Agora estou convencido de que não há outro Deus em toda a terra, senão o que há em Israel! Por favor, aceita um presente de mim, teu servo’. Eliseu respondeu: ‘Pela vida do Senhor, a quem sirvo, nada aceitarei’” (2 Rs 5, 15).

“A Palavra de Deus não está algemada” (2 Tm 2, 9).

“E este era um samaritano. Então Jesus perguntou: ‘Não foram dez os curados?’” (Lc 17, 17).

 

MEDITAR

“Damos graças por este Deus que não esmaga nunca, não se impõe, não julga e nunca rejeita ninguém (...) Damos graças a este Deus porque Ele é um Deus de relação e de comunhão e não um todo-poderoso solitário e distante. Ele é na sua própria natureza acolhida e dom; partilha e comunhão” (Pierre Claverie).

 

ORAR

A falta de gratidão é uma marca do nosso tempo. Sem vínculos, nos movemos no emaranhado de informações que as redes sociais, quase anônimas, nos vendem como uma verdade. No entanto, a dinâmica da vida cristã nos faz reconhecer o dom: ser uma pessoa de fé é dar graças. A ausência de gratidão responde pela ausência da fé. A fé ignora fronteiras porque o dom suprime as barreiras, pois a salvação de Deus é para todos os povos. A oração é possível em qualquer parte do mundo e em qualquer lugar. Cristão não é o que pede graças ou recebe graças, mas o que dá graças. Eucaristia significa, literalmente, dar graças e o homem eucarístico é o do reconhecimento do dom. A ação de graças não se esgota na oração, pois a gratidão mais perfeita se exprime na alegria de viver e a melhor maneira de dar graças ao Senhor é celebrar a vida com cantos e festas de alegria. A autoridade de Jesus vinha da sua surpreendente alegria e, por esta razão, se um irmão ou irmã estiver triste é nossa responsabilidade ajudá-los a reencontrar a felicidade. Se desejarmos conhecer a alegria do Evangelho, não devemos querer escapar do sofrimento do mundo, mas ter a coragem de imergir nele para encontrar a alegria de Deus. Querer uma alegria sem conhecer a tristeza é viver num mundo de fantasias e de evasão da realidade. Não temos o direito de receber dons e fugir para desfrutá-los sozinhos, temendo que nos sejam tirados. A dificuldade de sermos gratos a Deus nasce do fato de não sabermos ser gratos aos outros. No evangelho, os dez leprosos viviam juntos, pois a lepra os aproximava sem distinção. No entanto, a cura os separou definitivamente e o leproso curado, que deu graças, continuou samaritano. Os outros nove, que eram judeus, ficaram presos à letra da Lei, encerrados na cômoda certeza de ter cumprido todos os seus deveres. Eles não encontraram Deus onde Ele se deixou encontrar. Voltaram para o Templo e para suas obrigações religiosas. O samaritano volta ao lugar onde recebeu o dom divino da misericórdia, pois a gratidão é a marca de um homem salvo.

(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Btas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)


CONTEMPLAR

Cura dos dez leprosos, anônimo, 1035-1040, Codex Aureus Epternacensis.




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