quinta-feira, 25 de novembro de 2021

O Caminho da Beleza 01 - I Domingo do Advento

A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).

I Domingo de Advento                        

Jr 33, 14-16                        1 Ts 3, 12-4,2                      Lc 21, 25-28.34-36

 

ESCUTAR

“Eis que virão dias, diz o Senhor, em que farei cumprir a promessa de bens futuros para a casa de Israel e para a casa de Judá. Naqueles dias, naquele tempo, farei brotar de Davi a sementa da justiça” (Jr 33, 14-15).

“O Senhor vos conceda que o amor entre vós e para com todos aumente e transborde sempre mais, a exemplo do amor que temos por vós” (1 Ts 3, 12).

“Portanto, ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força para escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes em pé diante do Filho do Homem” (Lc 21, 36).

 

MEDITAR

“Não se trata de anunciar a alegria, mas de só procurá-la no serviço da alegria de todos. De todos, a começar pelos mais próximos, e depois estender, de próximo em próximo, até a alegria universal” (Abbé Pierre).

“O que chamamos de início é o mesmo do que o fim e acabar é começar. E o fim é de onde partimos” (T. S. Eliot).

 

ORAR

    Neste primeiro domingo de Advento, a existência cristã está fundamentada sob o signo da espera. A espera de um duplo acontecimento e de uma dupla vinda do Cristo: na carne (Natal) e na glória (Juízo Final) e estes dois acontecimentos, que se entrelaçam, só podem ser vividos na esperança. E esta espera/esperança está centrada na mesma pessoa: o Cristo. O profeta anuncia que a justiça de Deus é manter as promessas que fez em favor do seu povo. E o Senhor não quer faltar à palavra dada, pois a justiça tem o mesmo rosto de sua misericórdia. O tempo do Advento é o tempo para que nos purifiquemos de todos os ídolos que nos são oferecidos cotidianamente: as aparências, os status, os poderes. O cristão conjuga o verbo esperar não como uma esperança vaga e modesta, mas como uma esperança audaz que tem como raiz o dom que, em Cristo, nos vem de Deus. O cristão não foge da existência cotidiana, mas está sempre atento para não ser pego desprevenido e nem distraído. O cristão alimenta a sua lucidez diante das inúmeras seduções que o possam desviar do desígnio de Deus e, desta maneira, fazê-lo perder o sentido do caminho a ser seguido. Somos chamados a termos “nossas cinturas cingidas e as lamparinas acesas” (Lc 12, 35), uma vez que, como sentinelas, não nos cabe um minuto de desatenção e nem de descanso, pois deveremos estar “em pé diante do Filho do Homem”. E o Senhor nos promete “que essa humanidade se emancipará da escravidão da corrupção, para obter a liberdade gloriosa dos filhos de Deus” (Rm 8, 20). Neste domingo, é preciso proclamar que o amor que se encarna é o mesmo que nos julgará pelo amar que conseguimos. O tempo de Advento é um tempo de crise; uma ruptura com a nossa mediocridade e um mergulho no amor e na prática do amor, pois só conhecemos, quase que plenamente, a existência daqueles que amamos. Meditemos as palavras de Ernesto Cardenal, monge trapista da Nicarágua: “Dentro de nós está o amor. Deus está louco de amor e, portanto, seu comportamento é imprevisível. Em qualquer momento o Amante pode cometer um disparate, porque como todo o que ama, não raciocina. Está bêbado, embriagado de amor”. Ou, em bom espanhol: “Dios está borracho de amor!”.

(Manos da Terna Solidão)

 

CONTEMPLAR

Madona com a criança, c. 1750, Luis de Morales (1509-1586), óleo sobre painel, 84 x 64 cm, Museu do Prado, Madri, Espanha.




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