quinta-feira, 5 de agosto de 2021

O Caminho da Beleza 38 - XIX Domingo do Tempo Comum

Os transbordamentos de amor acontecem sobretudo nas encruzilhadas da vida, em momentos de abertura, fragilidade e humildade, quando o oceano do amor de Deus arrebenta os diques da nossa autossuficiência e permite, assim, uma nova imaginação do possível (Papa Francisco).

XIX Domingo do Tempo Comum                08.08.2021

1 Rs 19, 4-8             Ef 4, 30-5, 2                       Jo 6, 41-51

 

ESCUTAR

“Levanta-te e come! Ainda tens um caminho longo a percorrer” (1 Rs 19, 7).

Não contristeis o Espírito Santo, com o qual Deus vos marcou como com um selo para o dia da libertação (Ef 4, 30).

“O pão que darei é a minha carne dada para a vida do mundo”

 

MEDITAR

A Eucaristia é Deus feito presença ao lado da minha trajetória, pão no meu alforje, amizade próxima ao meu coração de homem... Este pão me fala de humildade, de pequenez, de dom de si... Pão que não é pedra, pão que não é luxo, pão que não é arma, pão que não é castigo, pão que não é ouro. E diz-me sobretudo que é com este pão, com o qual Ele se tornou pão, que alimentar-me-á de vida eterna. “Quem come deste pão tem a vida eterna” (Jo 6, 58).

(Carlo Carreto, 1910-1988, Itália)

 

ORAR

     As palavras de Jesus causam discussão entre os chefes religiosos, que se perguntam: “Como pode este dar-nos a comer a sua carne!” (Jo 6, 52). Se já era árduo aceitar que Jesus se proclamasse verdadeiro pão do céu, agora é impossível compreender o significado de comer a sua carne. Ignorando o manifesto desacordo dos judeus, Jesus prossegue inexorável no seu ensinamento e, ao comer a carne, acrescenta agora um elemento inaceitável para qualquer judeu: o sangue, que a Lei proibia severamente beber, pois era considerado a própria vida da pessoa (Lv 17, 14). No entanto, Jesus coloca exatamente o beber o sangue como condição para ter a vida: “Se não beberdes o meu sangue, não tereis vida em vós” (Jo 6, 53). Comer a carne de Jesus e beber o seu sangue é o que permite a todo homem realizar em si mesmo a filiação divina. Para evitar que seus ouvintes possam interpretar as suas palavras de modo figurado, Jesus acrescenta provocativamente: “Quem mastiga a minha carne e bebe o meu sangue tem vida eterna” (Jo 6, 54), e o evangelista usa o verbo “mastigar” (grego trogô), que significa triturar com os dentes. O uso desse verbo, repetido quatro vezes, pretende eliminar qualquer dúvida: a ação que Jesus exige não é simbólica, e sim concreta; não é espiritual, mas corpórea. É com crescente assimilação da carne e do sangue do unigênito Filho de Deus que o homem se transforma e se torna capaz do dom de si mesmo até o fim, como o Cristo. De fato, Jesus não se apresenta como modelo externo a ser imitado, mas como realidade interna a ser assimilada, que põe o crente em sintonia com o Senhor e o faz viver identificado com ele: “Quem me mastiga, também aquele viverá por mim” (Jo 6, 57). Quem vive por causa do Senhor possui o Espírito, e onde há o Espírito de Deus não pode haver a morte, por isso o homem já se encontra na condição de ressuscitado (Cl 3, 1). Insistindo na imagem do alimento e da bebida, Jesus faz compreender que, na nova realidade por ele inaugurada, a relação com o Pai não se realiza mediante a observância de regras externas ao homem (a Lei), mas por profunda assimilação da vida divina que está presente em Jesus (o Espírito). O homem não é absorvido por Deus, mas o Pai se comunica a ele, infundindo-lhe a sua própria capacidade de amor. Acolhendo esse dinamismo vital, o homem torna definitiva e eterna a própria existência.

(Alberto Maggi, 1945-, Itália)

 

CONTEMPLAR

Esperança e Desespero, 2020, Keith Manning, terceiro lugar no International Photo Awards 2020, Nova Iorque, Estados Unidos.




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