segunda-feira, 19 de abril de 2021

O Caminho da Beleza 23 - IV Domingo da Páscoa

Os transbordamentos de amor acontecem sobretudo nas encruzilhadas da vida, em momentos de abertura, fragilidade e humildade, quando o oceano do amor de Deus arrebenta os diques da nossa autossuficiência e permite, assim, uma nova imaginação do possível (Papa Francisco).

IV Domingo da Páscoa             25.04.2021

At 4, 8-12                1 Jo 3, 1-2                Jo 10, 11-18

 

ESCUTAR

Jesus é a pedra que vós, construtores, desprezastes e que se tornou a pedra angular (At 4, 11).

Caríssimos, desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos! (1 Jo 3, 2).

“Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas” (Jo 10, 11).

 

MEDITAR

Em definitivo, a essência do cristianismo não tem nada de uma abstração dogmática, não é uma doutrina geral; ao contrário, é desde sempre uma figura histórica viva: Jesus de Nazaré.

(Hans Kung, 1928-2021, Suíça)

 

ORAR

      “Minhas ovelhas escutam minha voz...” É escutando Jesus, familiarizando-se com seu tom, que descobrimos no Mestre um pastor e nos tornamos as suas ovelhas. A relação entre o pastor e as ovelhas abre uma fase distinta da relação entre o discípulo e o mestre. O pastor alimenta sua ovelha; ele a abriga; ele a carrega sobre seus ombros. Há uma ternura própria nessa relação. “Eu sou o bom pastor...” No original grego: o “belo” pastor. Helenismo: o belo e o bom inseparáveis. A bondade do pastor não é somente interior. É uma bondade percebida de fora. Ela reluz e atrai. Ela participa assim da beleza. Na arte cristã primitiva, o bom pastor tem a graça, o charme da adolescência. Há nessas imagens uma poesia primaveril: a juventude de Jesus, sempre nova. O pastor “chama as suas próprias ovelhas pelo nome e as conduz para fora”. Antes de realizar seu ofício pastoral, antes de conduzir sua tropa, Jesus faz um reconhecimento pessoal de cada ovelha. A relação pessoal tem um tipo de preeminência sobre o ministério. “Eu sou a porta das ovelhas” Jesus não diz: Eu sou a porta do redil. Aqui de novo, o tom é colocado sobre a relação pessoal. “Se alguém entra por mim...” É preciso, pois, passar por essa porta. É preciso de qualquer maneira atravessar Jesus Cristo. Ele é ao mesmo tempo a porta imensa e a “porta estreita”. Para passar por ele, é preciso se adaptar às suas dimensões. É preciso crescer e se dilatar, é preciso se abaixar e se reduzir à medida do Cristo. Se reduzir, sim, naturalmente. Mas por que crescer?  Porque esta porta é tão grande, tão alta, que aquele que não crescer, não erguer o seu olhar, não se levantar, não pode ver e encontrar tal porta. O que encontrará aquele que abriu a porta e passou pelo Cristo? Primeirissimamente, a tranquilidade: “ele será salvo”. Depois a liberdade, o usufruto livre do mundo criado por Deus: “ele entrará e sairá...”. E, enfim, o alimento necessário: “ele encontrará pastagens”.

(Lev Gillet, 1893-1980, França)

 

CONTEMPLAR

S. Título, Retratos do Sul de Portugal, décadas de 1940-1950, Artur Pastor (1922-1999), Portugal.




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