segunda-feira, 18 de março de 2019

O Caminho da Beleza 18 - III Domingo da Quaresma


Já não quero dicionários consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol dentro do qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a.

(Carlos Drummond de Andrade)


III Domingo da Quaresma                 24.03.2019
Ex 3, 1-8.13-15                  1 Cor 10, 1-6.10.12                       Lc 13, 1-9


ESCUTAR

“Eu sou aquele que sou” (Ex 3, 14).

Quem julga estar de pé tome cuidado para não cair (1 Cor 10, 12).

“Já faz três anos que venho procurando figos nesta figueira e nada encontro. Corta-a!” (Lc 13, 7).


MEDITAR

Para obter com Deus um encontro-abraço é necessário seguir uma rota, a conversão, um dos pontos nodais da pregação de Jesus. É necessário seguir a estrada do encontro e não aquela oposta do confronto. É necessário frutificar. A mensagem cristã não é um apelo brando à espiritualidade, mas é um rigoroso empenho moral, humano e religioso.

(Cardeal Gianfranco Ravasi, 1942-, Itália)


ORAR

            Não se pode afirmar de nenhum modo que neste Evangelho não é possível perceber o amor de Deus. Aparece inclusive de múltiplas formas, mesmo que em certo modo como um amor que está cansado dos homens, que parece ter chegado ao final de sua paciência e que tem que adotar a forma da advertência. Em primeiro lugar, Jesus diz que Deus não retribui aos pecadores apenas por suas ações, que no sofrimento que os acomete de nenhum modo pode se ver a magnitude de sua culpabilidade. Outros podem haver cometido um pecado maior e, apesar de tudo, se lhes respeitou a vida. Em segundo lugar, deixa aberta uma possibilidade aos que o interrogam. Se, considerando a desgraça dos outros, devem se considerar advertidos, devem entendê-la como um sinal de Deus e devem mudar a orientação de sua vida. Em terceiro lugar, segundo as palavras de Jesus, é próprio da natureza da figueira que deva dar fruto. Deus colocou em seu interior esta possibilidade para o bem e para a utilidade. Logo, o homem só tem que seguir um impulso natural para responder à exigência de produzir frutos. Em quarto lugar, há um intercessor bom, que pede um último prazo e que, cavando e adubando, quer fazer todo o possível para conseguir fruto do recalcitrante. E, em quinto lugar, está a condescendência do senhor, que concorda com este último prazo. Assim, pois, o amor está aí absolutamente presente, brilha por todas as brechas; mas, pela tibieza e insensibilidade dos homens e por sua obsessão de considerar os demais suspeitos de pecado, desculpando-se a si mesmos, ele tem que apresentar os caracteres de uma força necessariamente enérgica. “O amor é forte como a morte, a paixão é cruel como o abismo” (Ct 8, 6). Há, sem dúvida alguma, um ponto em que a longanimidade de Deus se esgota, se o homem não utiliza o prazo que lhe é dado. Então, o amor de Deus tem que recorrer a outros meios. Entendamos bem: o amor de Deus. Não digo que o amor de Deus esteja limitado internamente, por exemplo por sua justiça. Muitos o imaginam assim. Mas nenhum dos atributos de Deus está limitado, muito menos o seu amor. Nem sua justiça e tampouco sua misericórdia. A justiça e o amor coincidem em Deus de tal modo que, desde um ponto de vista concreto, o amor de Deus, para lograr seus fins, tem que empregar meios duros. O juízo pelo qual tem que passar todos os pecadores e que não os deixará passar se não forem purificados, a curto ou a longo prazo, este juízo deve ser inflexível. Absolutamente sem perdão, precisamente porque nele se ventila a possibilidade do perdão definitivo.

(Hans Urs Von Balthasar, 1905-1988, Suíça)


CONTEMPLAR

Greta Thunberg, 2018, Skolstrejk för Klimatet (Greve pelo Clima), Anders Hellberg, Effekt Magazin, Estocolmo, Suécia.




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