Já não quero dicionários
consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode
inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol dentro
do qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a.
(Carlos Drummond de
Andrade)
III Domingo da Quaresma 24.03.2019
Ex 3, 1-8.13-15 1 Cor 10, 1-6.10.12 Lc 13, 1-9
ESCUTAR
“Eu sou aquele que sou” (Ex 3, 14).
Quem julga estar de pé tome cuidado
para não cair (1 Cor 10, 12).
“Já faz três anos que venho
procurando figos nesta figueira e nada encontro. Corta-a!” (Lc 13, 7).
MEDITAR
Para obter com Deus um
encontro-abraço é necessário seguir uma rota, a conversão, um dos pontos nodais da pregação de Jesus. É necessário
seguir a estrada do encontro e não aquela oposta do confronto. É necessário frutificar. A mensagem cristã não é um
apelo brando à espiritualidade, mas é um rigoroso empenho moral, humano e
religioso.
(Cardeal Gianfranco Ravasi, 1942-,
Itália)
ORAR
Não se pode afirmar de nenhum modo
que neste Evangelho não é possível perceber o amor de Deus. Aparece inclusive
de múltiplas formas, mesmo que em certo modo como um amor que está cansado dos
homens, que parece ter chegado ao final de sua paciência e que tem que adotar a
forma da advertência. Em primeiro lugar, Jesus diz que Deus não retribui aos
pecadores apenas por suas ações, que no sofrimento que os acomete de nenhum
modo pode se ver a magnitude de sua culpabilidade. Outros podem haver cometido
um pecado maior e, apesar de tudo, se lhes respeitou a vida. Em segundo lugar,
deixa aberta uma possibilidade aos que o interrogam. Se, considerando a
desgraça dos outros, devem se considerar advertidos, devem entendê-la como um
sinal de Deus e devem mudar a orientação de sua vida. Em terceiro lugar,
segundo as palavras de Jesus, é próprio da natureza da figueira que deva dar
fruto. Deus colocou em seu interior esta possibilidade para o bem e para a
utilidade. Logo, o homem só tem que seguir um impulso natural para responder à
exigência de produzir frutos. Em quarto lugar, há um intercessor bom, que pede
um último prazo e que, cavando e adubando, quer fazer todo o possível para
conseguir fruto do recalcitrante. E, em quinto lugar, está a condescendência do
senhor, que concorda com este último prazo. Assim, pois, o amor está aí
absolutamente presente, brilha por todas as brechas; mas, pela tibieza e
insensibilidade dos homens e por sua obsessão de considerar os demais suspeitos
de pecado, desculpando-se a si mesmos, ele tem que apresentar os caracteres de
uma força necessariamente enérgica. “O
amor é forte como a morte, a paixão é cruel como o abismo” (Ct 8, 6). Há,
sem dúvida alguma, um ponto em que a longanimidade de Deus se esgota, se o
homem não utiliza o prazo que lhe é dado. Então, o amor de Deus tem que
recorrer a outros meios. Entendamos bem: o amor de Deus. Não digo que o amor de
Deus esteja limitado internamente, por exemplo por sua justiça. Muitos o
imaginam assim. Mas nenhum dos atributos de Deus está limitado, muito menos o
seu amor. Nem sua justiça e tampouco sua misericórdia. A justiça e o amor
coincidem em Deus de tal modo que, desde um ponto de vista concreto, o amor de
Deus, para lograr seus fins, tem que empregar meios duros. O juízo pelo qual
tem que passar todos os pecadores e que não os deixará passar se não forem
purificados, a curto ou a longo prazo, este juízo deve ser inflexível.
Absolutamente sem perdão, precisamente porque nele se ventila a possibilidade
do perdão definitivo.
(Hans Urs Von Balthasar, 1905-1988, Suíça)
CONTEMPLAR
Greta Thunberg,
2018, Skolstrejk för Klimatet (Greve pelo Clima), Anders Hellberg, Effekt
Magazin, Estocolmo, Suécia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário